“Situação em Gaza continua intolerável”, diz chefe da diplomacia da UE

A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Kaja Kallas, defendeu hoje que a situação humanitária em Gaza "continua a ser intolerável", acusando Israel de ataques contra civis que "vão para além do que é necessário".

© LUSA/ CHRISTOPHE PETIT TESSON

“A situação em Gaza continua a ser intolerável. Os ataques de Israel em Gaza vão para além do que é necessário. A ajuda humanitária nunca deve ser politizada ou militarizada”, escreveu a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança numa publicação na rede social X.
A publicação de Kaja Kallas surge acompanhada de uma posição oficial sobre os bombardeamentos israelitas na Palestina, na qual a responsável defende que “a operação militar de Israel em Gaza, o uso desproporcionado da força e a morte de civis não podem ser tolerados”.

“É inaceitável que as infraestruturas civis continuem a ser alvo de ataques” e, por isso, “apelamos a um regresso ao cessar-fogo, que conduza à libertação de todos os reféns e ao fim permanente das hostilidades através de negociações”, exorta a chefe da diplomacia da UE.

Numa altura em que se registam feriados na distribuição de ajuda humanitária em Gaza, alvejados por militares israelitas, Kaja Kallas adianta que a assistência “nunca deve ser politizada ou militarizada”.

“A UE reitera o seu apelo urgente para que a ajuda seja retomada de imediato, sem entraves e de forma sustentada, à escala das necessidades da população civil em Gaza”, conclui.

Sob pressão dos aliados, Israel começou a permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza na semana passada, depois de ter bloqueado a entrada de alimentos, medicamentos, combustível e outros bens desde o início de março.

Os grupos de ajuda humanitária alertaram para a fome e dizem que a ajuda recebida está muito longe de satisfazer as necessidades crescentes.

A posição da chefe da diplomacia da UE surge um dia após a presidente da Comissão Europeia ter instado Israel a levantar o “bloqueio severo” de ajuda humanitária em Gaza, que entra na 11.ª semana, condenando também a “escalada e o uso desproporcionado da força” israelita, embora falando em “autodefesa”.

Ursula von der Leyen tem enfrentado sérias críticas na UE pela sua posição face ao conflito em Gaza, especialmente devido à sua resposta inicial considerada parcial e ao seu silêncio perante alegadas violações do direito internacional por parte de Israel.

Outros líderes da UE têm condenado a situação humanitária em Gaza, causada pelos entraves israelitas à ajuda humanitária e aos constantes bombardeamentos das forças de Israel, que já mataram milhares de civis.

Na segunda-feira, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, manifestou, numa chamada com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, “graves preocupações relativamente à situação humanitária catastrófica em Gaza”, exortando Israel a permitir acesso imediato a assistência.

A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou quase 54 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.

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