Num país que tanto se orgulha da sua tradição democrática, tornou-se intolerável assistir à perpetuação das mesmas forças políticas no poder local, década após década. Esta manutenção de lugares, muitas vezes conquistados não pelo mérito mas pela teia de favores e interesses pessoais, tem bloqueado a renovação de ideias, comprometendo a gestão das autarquias e afastando cada vez mais os cidadãos daquilo que deveria ser o verdadeiro sentido da política local: servir quem vive e trabalha na terra.
Chegou o momento de dizer basta a este ciclo viciado. É urgente devolver às populações o controlo das suas autarquias, confiando em quem conhece a realidade local, fala sem medo e coloca a defesa da comunidade acima de cálculos partidários ou ambições pessoais. É necessário romper, de forma clara e decidida, com o hábito de votar sempre nos mesmos, apenas porque sempre lá estiveram. A mudança exige coragem — a coragem de enfrentar interesses instalados e de rejeitar discursos vazios que apenas mascaram a inércia.
As autarquias não podem continuar a ser feudos ao serviço de projetos de poder nem plataformas para alimentar carreiras políticas desligadas da realidade local. Precisam, isso sim, de lideranças firmes, que não hesitem em priorizar a ordem, a segurança e a defesa dos valores que estruturam a vida das nossas comunidades. Precisam de quem assuma os problemas sem rodeios nem medo de ferir sensibilidades.
A renovação no poder local já não é uma simples opção: tornou-se uma necessidade vital. É nas freguesias, vilas e cidades que se começa a mudar o rumo do país. É ali que deve nascer uma política mais direta, determinada e sem concessões ao politicamente correto. Porque mudar quem manda nas autarquias é, acima de tudo, começar a mudar Portugal.