Quase 300 manifestantes detidos nas mobilizações e bloqueios em França

Cerca de 300 pessoas foram hoje detidas em diferentes pontos de França, num dia marcado por mobilizações de protesto antigovernamentais, indicou o Governo francês.

© LUSA/GUILLAUME HORCAJUELO

Um novo balanço do Ministério do Interior francês foi atualizado às 13:00 (12:00 de Lisboa), num dia marcado por mais de 150 bloqueios nos transportes e em centros educativos devido ao movimento social “Vamos Bloquear Tudo!”, convocado durante o verão nas redes sociais, prometendo ser semelhante ao dos “coletes amarelos” em 2018.

Pelo menos quatro membros das forças de segurança ficaram ligeiramente feridos, enquanto seguiam as diretrizes do ministro do Interior francês em funções, Bruno Retailleau, para intervir rapidamente e tentar impedir os manifestantes do movimento, noticiou a cadeia de televisão BFMTV.

Para o ministro do Interior francês, estes são “bloqueios inaceitáveis”, uma vez que implicam tomar os cidadãos “como reféns” das reivindicações.

“A mobilização não é uma mobilização cidadã. Foi monopolizada pela extrema-esquerda”, disse aos jornalistas Retailleau, referindo-se à posição de apoio do partido França Insubmissa (LFI, esquerda radical).

O antigo candidato presidencial da LFI Jean-Luc Mélenchon acusou Retailleau de incentivar “as provocações”, pelo que pediu aos manifestantes prudência e vigilância perante as ações da polícia, na rede social X.

As autoridades estimaram que cerca de 100.000 pessoas se juntariam aos protestos, pelo que prepararam um dispositivo de segurança de cerca de 80.000 polícias e gendarmes em Paris e na região metropolitana da capital francesa.

Centenas de ações de protesto estavam previstas em grandes e pequenas cidades, incluindo bloqueios de estradas.

A Direção-Geral da Aviação Civil francesa (DGAC) previu perturbações e atrasos “em todos os aeroportos franceses”.

As mobilizações são precedidas pela queda do Governo de François Bayrou, que perdeu uma moção de confiança no parlamento, e pela nomeação do até então ministro da Defesa, Sébastian Lecornu, como novo primeiro-ministro na terça-feira à noite, numa manobra do Presidente francês, Emmanuel Macron, que não agradou à oposição.

O coordenador nacional da LFI, Manuel Bompard, já anunciou que o partido vai promover uma moção de censura, na sequência de uma nomeação que também não agradou ao outro extremo do espetro político, onde se situa a União Nacional (RN, sigla em francês).

O líder do Partido Socialista francês, Olivier Faure, propôs a Lecornu que renunciasse a invocar o artigo 49.3 da Constituição para levar adiante as suas propostas sem necessidade de serem submetidas a votação na Assembleia Nacional (câmara baixa do Parlamento francês).

“Seria a demonstração de que o método muda”, disse Faure, que numa entrevista à rádio Franceinfo, pediu para romper com a política dos últimos anos.

Sébastien Lecornu é o quarto primeiro-ministro em apenas 12 meses, depois de Gabriel Attal (2024), Michel Barnier (2024) e Bayrou (2024-2025), e terá de lidar com um novo movimento de greves e paralisações, organizado pelos sindicatos e apoiado pelos partidos de esquerda daqui a nove dias, enquanto tenta compor o futuro Governo que não seja censurado pelo menos pelo PS e aprovar um orçamento do Estado para 2026.

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