“Temos, neste momento, 1.397 horários em falta, dos quais mais de 250 são do 1.º ciclo”, disse, à Lusa, o secretário-geral da Fenprof.
De acordo com José Feliciano Costa, os horários a concurso na contratação de escola correspondem a 4.709 turmas e, por isso, a federação estima que cerca de 109 mil alunos continuem sem professor a pelo menos uma disciplina.
“No ano passado, por esta altura, estávamos a falar de 92 mil ou 93 mil alunos afetados”, acrescentou o dirigente sindical, insistindo que a situação está pior este ano letivo, que arrancou no final da semana passada.
No início da semana, entrou em vigor um novo regime de Reserva de Recrutamento, que passam agora a realizar-se a cada três dias, em vez de semanalmente, permitindo acelerar a colocação de professores.
O problema, sublinha José Feliciano Costa, é que as bolsas de recrutamento já estão esgotadas em muitas disciplinas e são sobretudo esses lugares que ficam por ocupar que seguem para a contratação de escola.
“Podem sair de dois em dois dias, podem sair todos os dias. (…) Não há professores, não se colocam”, explica.
Por outro lado, o secretário-geral diz ter recebido relatos de diretores escolares sobre dificuldades na submissão dos pedidos de horários.
“Falamos hoje com dois diretores, um tinha três horários por ativar há já alguns dias e outro tinha quatro ou cinco. Este número de horários na contratação de escola porque não foram preenchidos em reserva de recrutamento pode ser muito superior ao que de facto está visível nas plataformas”, refere.
Perante as dificuldades no recrutamento, a Fenprof insiste que a resposta ao problema da falta de professores implica, necessariamente, a valorização dos profissionais, no âmbito da revisão do Estatuto da Carreira Docente.
“Os professores não aparecem por geração espontânea e, não obstante alguns contributos pouco significativos, não é com pequenas medidas de emergência que o problema se encaminha para uma verdadeira resolução”, defende a federação em comunicado.
Na semana passada, o ministro, Fernando Alexandre, insistiu que ainda não é possível contabilizar o número de alunos sem aulas, mas reafirmou que a esmagadora maioria das escolas tem todos os professores colocados.
Depois de uma auditoria externa concluída no verão à forma como eram contabilizados os alunos sem aulas, e que revelou que não era possível obter dados exatos, o Ministério está a trabalhar num novo sistema de informação, que deverá estar concluído durante o ano letivo.
Sem dados oficiais disponíveis, criticou os balanços feitos por organizações sindicais, considerando que “quando esses números são lançados para o ar, sem serem explicados, o que estamos a fazer é prejudicar a imagem da escola pública”.