Primeiro-ministro regressa aos debates quinzenais no parlamento mais de sete meses depois

O primeiro-ministro regressa quarta-feira aos debates quinzenais no parlamento mais de sete meses depois da última discussão neste formato e a pouco mais de duas semanas da entrega do Orçamento do Estado para 2026.

© Folha Nacional

O último debate quinzenal realizou-se a 05 de fevereiro, ainda na anterior legislatura e antes das eleições antecipadas de 18 de maio que voltaram a dar a vitória à AD (coligação PSD/CDS-PP) e a chefia do Governo a Luís Montenegro.

Desde essa data, Montenegro já prestou esclarecimentos aos deputados em vários formatos na Assembleia da República: em março, em duas moções de censura do Chega e do PCP sobre as dúvidas quanto à empresa da sua família Spinumviva; na moção de confiança que culminou na demissão do Governo a 11 de março e conduziu a eleições antecipadas; e, ainda antes da dissolução do parlamento, num debate preparatório do Conselho Europeu.

Já na atual legislatura, o primeiro-ministro interveio na discussão do programa do XXV Governo Constitucional, no debate do estado da nação e, no final de agosto, num debate na Comissão Permanente sobre os incêndios deste verão.

No primeiro debate quinzenal da XVII legislatura, na quarta-feira, a discussão será aberta com uma intervenção de até dez minutos de Luís Montenegro, que tem elogiado, em Portugal e lá fora, a situação económica e financeira do país, com duas agências internacionais a subirem nas últimas semanas o ‘rating’ da República.

O debate acontece poucos dias depois de vários alertas do Conselho das Finanças Públicas, incluindo uma revisão em baixa do crescimento da economia para este ano e o próximo, e pedidos de prudência para o Orçamento do Estado para 2026 que o Governo irá entregar no parlamento a 10 de outubro, coincidindo com o último dia da campanha para as eleições autárquicas.

Na sequência das eleições legislativas de maio, o Chega passou a ser o segundo partido parlamentar (embora com menos votos do que o PS), pelo que será o primeiro a questionar Luís Montenegro, seguindo-se PS, IL, Livre, PCP, BE, PAN, JPP, CDS-PP e PSD.

No debate, Montenegro deverá ser questionado pela oposição sobre a persistência de dificuldades no Serviço Nacional de Saúde (SNS), em particular nas urgências, tal como quanto ao arranque do ano letivo, com falta de professores em 78% das escolas, ou as vagas no pré-escolar.

Mais à esquerda, não deverá ficar fora da discussão o anteprojeto do Governo para a revisão da legislação laboral, apresentado no final de julho, e com mudanças desde a área da parentalidade ao trabalho flexível, formação nas empresas ou período experimental dos contratos de trabalho, bem como o alargamento dos setores que passam a estar abrangidos por serviços mínimos em caso de greve.

O debate quinzenal acontece também na semana em que Portugal reconheceu oficialmente o Estado da Palestina, uma decisão aplaudida à esquerda, mas da qual o CDS-PP, parceiro de coligação no Governo, discordou, considerando que não é “oportuno, nem consequente” e só deveria acontecer no “quadro de um processo institucional de paz”.

Ainda por concluir está a averiguação preventiva aberta em março pelo Ministério Público sobre os negócios da empresa Spinumviva, com o objetivo de determinar se existem indícios que justifiquem a abertura de inquérito criminal, tendo sido noticiado esta semana que foi pedida mais documentação ao primeiro-ministro.

O Regimento da Assembleia da República prevê que “o primeiro-ministro comparece quinzenalmente perante o plenário para uma sessão de perguntas dos deputados”, mas prevê exceções: esta discussão não se realiza nos meses em que decorrer a apresentação do programa do Governo ou o debate sobre o estado da Nação, no período em que decorrer a discussão da proposta de lei do Orçamento do Estado ou na “quinzena seguinte à discussão de moções de confiança ou de moções de censura”.

Últimas de Política Nacional

O CHEGA entregou esta sexta-feira, 7 de novembro, mais de 600 propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2026 (OE2026), no último dia do prazo definido pelo Parlamento, que coincidiu com o encerramento das audições na especialidade.
O partido liderado por André Ventura quer acabar com as portagens nas autoestradas para aliviar os custos das famílias e empresas, mas o ministro das Finanças rejeita a medida, defendendo que o princípio “utilizador-pagador” deve manter-se para proteger as contas públicas.
O CHEGA apresentou uma proposta de alteração ao Orçamento do Estado para 2026 que pretende reduzir e uniformizar a taxa de IVA aplicada ao setor da hotelaria e restauração, fixando-a em 13% para todos os serviços, incluindo bebidas alcoólicas e refrigerantes.
O CHEGA passou a integrar o executivo da Câmara Municipal de Sintra, na sequência de um acordo político que o presidente da autarquia, Marco Almeida, considera ser “um sinal de respeito pela vontade democrática dos sintrenses”.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, revelou ter investido 637.239,59 euros na construção da sua habitação em Espinho, entre 2016 e 2021. Este montante não inclui os 100 mil euros aplicados em 2015 na compra do terreno onde o imóvel viria a ser edificado.
O prazo de entrega para propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) termina hoje, dia que marca também o final das audições na especialidade no parlamento.
A Câmara aprovou a nomeação de Rui Emanuel Moreira da Rocha para o conselho de administração dos SMAS, por proposta do presidente socialista Fernando Ferreira.
Isaltino Morais inaugurou o seu terceiro mandato em Oeiras com uma gala de posse de quase 75 mil euros, realizada na Cidade do Futebol e paga com dinheiro público. A cerimónia, digna de evento corporativo, levantou dúvidas sobre a legalidade do contrato relâmpago com a FPF Events.
A morte de Umo Cani e da sua filha recém-nascida no Hospital Amadora-Sintra tornou-se o símbolo do caos no SNS. Entre falhas informáticas, demissões e promessas adiadas, a ministra da Saúde recusa abandonar o cargo. Do outro lado, André Ventura dispara contra o Governo, exigindo responsabilidades políticas e denunciando o “abandono dos portugueses pelo Estado”.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) considerou, esta quinta-feira, que os cartazes da campanha presidencial de André Ventura, com as mensagens 'Isto não é o Bangladesh' e 'Os ciganos têm de cumprir a lei', não configuram qualquer “ilícito eleitoral”.