Segundo as contas do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), após questionado pela agência Lusa, neste período registaram-se 22 participações de incidentes que envolveram lobos no Planalto mirandês, nos concelhos de Vimioso, Miranda do Douro e Mogadouro, no distrito de Bragança.
“Nestes incidentes, alguns ainda em fase de confirmação quanto à sua atribuição ao lobo, foram afetados 113 animais, sendo a grande maioria (107) ovina. No total, morreram 83 animais”, especificou este organismo ligado à conservação da natureza.
De acordo com o ICNF, “todos os prejuízos causados por lobos são compensados sempre que se confirme, através de perícia, que o dano é efetivamente atribuível à espécie”.
“Os incidentes com lobo nesta zona não constituem um fenómeno novo, verificando-se, aliás, uma redução significativa nas últimas duas décadas. Há cerca de 20 anos registaram-se mais de 300 prejuízos anuais nesta área”, indicou o ICNF à Lusa.
Para os responsáveis por este instituto público, “esse número reduziu-se drasticamente devido a vários fatores, nomeadamente à diminuição do efetivo de gado ovino (a principal espécie afetada), à menor presença regular do lobo, ao reforço das medidas de proteção dos rebanhos, designadamente com o recurso a cães de proteção de gado, entre outros”, indicou na resposta.
O ICNF destaca ainda que o Programa Alcateia, dotado de 3,3 milhões de euros, integra um conjunto de ações destinadas a reduzir a predação sobre os efetivos pecuários e a mitigar o conflito associado.
“Estas ações incluem, entre outras, a melhoria do sistema de indemnização por prejuízos causados por lobo e a promoção de medidas de proteção dos efetivos pecuários face a eventuais incidentes”, especificou.
O mesmo programa contempla também iniciativas de informação e sensibilização sobre a importância da conservação do lobo, valorizando cultural e economicamente a sua presença.
“Entre estas iniciativas destacam-se os esforços de envolvimento e informação das comunidades locais e a promoção do reconhecimento da importância ecológica e cultural da espécie”, vincou o ICNF.
As proximidades dos ataques dos lobos às aldeias estão a sobressaltar os produtores de ovinos e caprinos deste território transmontano.
Um grupo de pastores do Planalto Mirandês já se queixou que os ataques de lobos ocorridos desde o início do ano são “uma calamidade” e pedem a atuação do Governo para ajudar a solucionar este problema que causa “avultados prejuízos”.
Os Pastores dos concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro afirmaram que alguma coisa tem que ser feita, que não podem continuar a criar animais que contribuem para economia desta região, e pedem ajuda aos ministérios da Agricultura e Ambiente.
Segundo os pastores, se nada for feito, partem para medidas de luta.
De acordo com ICNF, o lobo ibérico possui em Portugal o estatuto de espécie em perigo, que lhe confere o Estatuto de Espécie Protegida.