A nomeação foi divulgada através de uma videochamada publicada pelo próprio músico, onde Marques Mendes surge a pedir a “bênção” ao pai de Dino para oficializar a escolha.
A polémica reacendeu-se quando se recordaram as declarações do artista durante a comemoração dos 50 anos do Expresso. Nessa ocasião, Dino d’Santiago propôs que Portugal abandone versos como “às armas, às armas” e “contra os canhões”, defendendo um hino “menos bélico, que incentive menos às guerras”.
A sugestão, que teve na altura forte contestação pública, regressou agora ao debate político por se cruzar com a função que Marques Mendes lhe atribuiu. Várias vozes questionam a coerência de entregar a pasta da Cultura de uma candidatura presidencial a alguém que defende a substituição de um dos símbolos mais consensuais do Estado português.
A escolha torna-se ainda mais controversa devido à investigação pública que revelou que Dino d’Santiago recebeu cerca de milhões de euros de dinheiros públicos entre 2021 e 2025, através da empresa Batuku Roots e da associação Mundu Nôbu.
Grande parte deste financiamento veio da Câmara Municipal de Lisboa, em contratos e subsídios que, embora legais, suscitaram críticas devido à falta de transparência e à quase inexistência de informação pública sobre a gestão interna da associação.
A campanha de Marques Mendes enfrenta agora pressão adicional: explicar por que razão escolheu uma figura contestada para representar a Cultura, precisamente numa das áreas em que a transparência e o rigor na gestão pública estão sob maior atenção.