Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no fim de uma iniciativa no antigo picadeiro real, junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, a propósito da exoneração do secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira, constituído arguido no âmbito do processo ‘Tempestade Perfeita’, que levou a buscas no Ministério da Defesa.
Sem se pronunciar sobre este caso em concreto, o chefe de Estado defendeu que os portugueses “são muito sensíveis à transparência e à corrupção, mas à transparência em geral”.
“Não é possível separar a visão da inflação, a situação económica, a situação social da ideia que os portugueses têm sobre o uso de dinheiros públicos, porque são dinheiros deles”, argumentou Marcelo Rebelo de Sousa.
Interrogado se não interpretou as palavras do primeiro-ministro, António Costa, como uma desvalorização deste caso, respondeu: “Eu nunca diria que ele teria dito que a transparência ou a corrupção não era importante para os portugueses. Certamente não o disse”.
Segundo o Presidente da República, “certamente isso foi um mal entendido, porque ninguém iria desvalorizar uma realidade dessas”.
No sábado, antes de uma reunião informal do Conselho de Ministros, em Sintra, o primeiro-ministro não comentou a exoneração de Marco Capitão Ferreira do cargo de secretário de Estado da Defesa, apelando a que se deixe “a justiça funcionar”.
“Nós vamo-nos hoje concentrar naquilo que importa à vida dos portugueses, e, sem querer diminuir aquilo que preocupa muito os comentadores e o espaço político, aquilo que eu sinto que preocupa as pessoas são temas bastante diferentes”, afirmou António Costa.
O chefe do executivo referiu que os portugueses com quem fala na rua lhe manifestam preocupações “que têm pouco a ver com esses assuntos”, mas antes com temas como o combate à inflação, a melhoria dos rendimentos, os desafios no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a “enorme transformação da economia portuguesa”.