José Barreira Soares completa o seu 47º aniversário já no próximo dia 24 de agosto. Nasceu em Lisboa, é empresário de profissão e um fervoroso adepto do Benfica. Relativamente aos poucos tempos livres que tem, o vereador eleito pelo CHEGA em Vila Franca de Xira em setembro de 2021 gosta de ler, praticar kickboxing e estar com a família.
Foi eleito vereador pelo CHEGA nas autárquicas de 2021. Quais
os principais desafios que se colocam a quem representa o partido a nível local?
Atualmente, tudo é um desafio. O PS, com o apoio do PSD, governa há tanto tempo que se esqueceu que quem importa são as pessoas. Neste mandato, o candidato do PS é um político de carreira e os políticos de carreira utilizam os cargos que ocupam para progressão de carreira, descurando os problemas do concelho, promovendo-se até conseguirem um cargo que sirva os seus interesses. Enquanto isso, a gestão autárquica anda à deriva, não há um projeto sério e inovador que tenha um fio condutor do presente para o futuro. Exemplo disso é que, sempre que apresentamos uma proposta inovadora esta é logo reprovada e logo depois concretizada uma imitação fraca pelos nossos adversários. O PS perdeu por completo a noção da realidade. O concelho nunca andou tão sujo de lixo e com pragas de baratas e ratazanas; os pombos proliferam; há imensas estradas por alcatroar; as árvores caem porque ninguém as poda; as valetas ficam escondidas no meio de ervas. As pessoas fogem do concelho por falta de atratividade do mesmo. O Concelho de Vila Franca de Xira tem características naturais maravilhosas, com pessoas lutadoras e trabalhadoras. O que o perturba são os políticos vazios, sem ideias. A única oposição que existe somos nós! Se a comunicação social local divulgasse todas as nossas propostas apresentadas em reuniões de câmara, estou convicto que seria uma mais-valia para todos, pois apontamos soluções para os problemas.
O concelho de Vila Franca de Xira integra áreas urbanas e rurais e está à porta da maior cidade do país. Quais os principais
problemas de um município com estas características?
Não o vejo como um problema, mas como uma oportunidade. As áreas rurais têm à sua disposição todo o tipo de vias para utilizarem em seu benefício. As áreas urbanas podem ter acesso facilitado a produtos rurais. Quantos concelhos se podem gabar disso? É um concelho riquíssimo: temos rio, campo, cidades, vilas, aldeias, bairros, colinas e até temos um centro de observação de aves. Num concelho com quase 140 mil pessoas é de facto espetacular a nossa diversidade.
Como é o combate político a nível local? Há abertura do executivo
para aceitar propostas do CHEGA? Ou, pelo contrário, também se faz sentir a ‘cerca sanitária’ que se observa a nível nacional?
Não estavam habituados a ter oposição. A anterior era paupérrima. O CHEGA dá alma às reuniões de Câmara, exercendo pressão extra aos que se diziam oposição, mas que não o eram. Imitam-nos, tentam colar-nos rótulos e dificilmente aprovam alguma das nossas propostas. Disponibilizaram-nos um gabinete minúsculo com mobiliário podre, no qual inclusivamente já se partiu uma cadeira com uma pessoa lá sentada. Não há privacidade, há folgas nas portas, tudo se ouve, a impressora é partilhada com a oposição, ou seja, o condicionamento é de tal forma elevado que é difícil chamar democracia a esta situação. Imaginem quando recebemos um munícipe ou um trabalhador da autarquia e este manifesta a sua insatisfação ou denuncia problemas ou injustiças testemunhadas no concelho ou na autarquia? Onde está a privacidade desse trabalhador ou munícipe?
De todas as propostas apresentadas pelo partido e chumbadas
na Câmara Municipal, qual é que
acabou por penalizar mais os vila-franquenses?
Foram várias. Destaco, entre outras, o Festival de Verão, o aproveitamento de sobras alimentares nas cantinas municipais, a ajuda às obras na escola de Vialonga, o apoio às forças de segurança, as sete medidas para otimização de custos energéticos em edifícios municipais e iluminação exterior, o Passe Energético, o Projeto Piloto ‘Segurança nas Escolas’, a Estratégia Energética 2030 que visava a possibilidade de a autarquia produzir a sua própria energia recorrendo à captação da energia solar, eólica e hídrica e os incentivos para a fixação de médicos de família na nossa região.
Há quem olhe para o poder local
como um conjunto dispensável
de cargos políticos distribuídos
pelos partidos. Qual é a sua experiência enquanto autarca? É um tema complexo e difícil de resumir. São demasiados eleitos em Assembleias de Freguesia, Assembleias Municipais e reuniões de Câmara. Numa primeira análise, esta é a ideia preponderante, o que potencia a divagação sem concretização de resultados.
No que diz respeito a vereadores sem pelouros não são remunerados e o presidente da Câmara decide o rumo deste vereador: onde está a democracia deste processo? O vereador tem de fiscalizar e servir os seus eleitores, não pode estar dependente das decisões do presidente. Isto é tudo menos democracia.
Portanto, temos de decidir, como sociedade, se pretendemos tornar a política
mais ágil e se se deve ou não profissionalizar estes cargos. A sociedade tem
de decidir: ou quer uma democracia séria ou quer terminar com a despesa de
uma democracia a fingir.
Recentemente, um casal com filhos menores a residir em Vila Franca de Xira perdeu a sua casa num incêndio e referiu todo o apoio que recebeu do vereador do CHEGA. São estas ações que aproximam os eleitos dos eleitores?
Um autarca existe para servir a população. Não podemos deixar as pessoas abandonadas, temos de ser proactivos. Os políticos deste concelho são autênticos papagaios repletos de retórica. Um autarca ou qualquer político moderno tem de fazer acontecer. CHEGA de bem-falantes que, ou não fazem nada, ou fazem exatamente o contrário do que apregoam e prometem. E prometem tanto e cumprem tão pouco! O político moderno tem de agir, tem de fazer, tem de deixar legado, tem de ter orgulho em ser político!