“Para mim, é importante trabalhar com grupos pró-europeus, pró-NATO, pró-Ucrânia, claramente apoiantes dos nossos valores democráticos. (…) Como sabem, todas as eleições europeias implicam uma mudança na composição dos diferentes partidos políticos e dos diferentes grupos políticos, por isso o conteúdo conta e aqueles que defendem a democracia contra os céticos do euro e aqueles que defendem os nossos valores contra os amigos de Putin, é com estes que quero trabalhar e sei que posso trabalhar”, disse Ursula von der Leyen.
A atual presidente da Comissão Europeia, que quer ser ‘Spitzenkandidat’ do PPE para poder cumprir mais um mandato de cinco anos à frente da instituição, assinalou que um eventual acordo com partidos que são “contra o Estado de Direito é impossível”, sendo também “impossível com [partidos] amigos de [Vladimir] Putin”.
Questionada em concreto sobre um acordo do PPE com o grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), a candidata disse que “tem de haver um posicionamento muito claro dos políticos” que estão neste grupo depois das eleições.
“Defendem a democracia? Defendem os nossos valores? São muito firmes no Estado de Direito? Apoiam a Ucrânia? E estão a lutar contra a tentativa de Putin de enfraquecer e dividir a Europa? E estas respostas têm de ser muito claras”, elencou.
Na segunda-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a sua candidatura a ‘Spitzenkandidat’ (cabeça de lista) do Partido Popular Europeu (PPE) para as eleições europeias de junho, visando uma recandidatura à frente da instituição por mais cinco anos.
A responsável foi a única a concorrer a ‘Spitzenkandidat’ do PPE, mas o seu nome ainda terá de ser confirmado pela bancada de centro-direita no congresso marcado para 06 e 07 de março na capital romena, Bucareste.
Von der Leyen deverá então ser oficialmente designada candidata principal do PPE às eleições para o Parlamento Europeu, marcadas para 06 a 09 de junho de 2024, após ter sido inicialmente apoiada pelo partido alemão União Democrata-Cristã (CDU).
Enquanto primeira mulher na presidência da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen foi aprovada pelo Parlamento Europeu, em novembro de 2019, com 461 votos a favor, 157 contra e 89 abstenções, numa decisão que é tomada por maioria absoluta (metade dos eurodeputados em funções mais um).
Atualmente, o Parlamento Europeu é composto por sete grupos políticos, sendo o PPE o maior deles, seguido pela Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), a bancada do Partido dos Socialistas Europeus (PES, na sigla inglesa).
Em meados de janeiro, o PES anunciou que o atual comissário europeu luxemburguês do Emprego e Direitos Sociais, Nicolas Schmit, era candidato único a ‘Spitzenkandidat’ da família política nas eleições europeias de junho.
A figura dos candidatos principais – no termo alemão ‘Spitzenkandidat’ – surgiu nas eleições europeias de 2014, com os maiores partidos europeus a apresentarem as suas escolhas para futuro presidente da Comissão Europeia.
De seguida, em 2019, tentou-se aplicar novamente este modelo, mas por desacordo entre os grupos políticos estes candidatos principais não ocuparam os altos cargos europeus.
Ursula von der Leyen não foi ‘Spitzenkandidat’ do PPE em 2019.