“Este incidente foi um erro grave”, referiu o chefe do Estado-Maior israelita, o general Herzi Halevi, numa mensagem de vídeo.
“Foi um erro que se seguiu a um erro de identificação durante a noite, durante uma guerra, em condições muito complexas. Isto não deveria ter acontecido”, acrescentou.
Halevi sublinhou ainda que as IDF partilham “do fundo do seu coração” o “luto das famílias [das vítimas] e de toda a organização WCK”.
“Um órgão independente investigará o acontecimento em profundidade e comunicará as suas conclusões nos próximos dias”, anunciou ainda.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tinha admitido esta terça-feira que o Exército israelita matou “sem querer” sete trabalhadores humanitários da organização WCK e disse que o incidente será alvo de uma investigação exaustiva.
Já o Presidente israelita Isaac Herzog apresentou as suas desculpas pelas mortes e estendeu as suas condolências “às famílias e entes queridos” dos trabalhadores humanitários.
A instituição, criada pelo ‘chef’ José Andrés, é uma das duas ONG ativamente envolvidas na entrega de ajuda a Gaza por via marítima a partir de Chipre.
A WCK descreveu que um dos seus veículos foi atacado pelo exército israelita ao passar por Deir al Balah, no centro da Faixa de Gaza, depois de sair de um armazém onde tinham descarregado 100 toneladas de alimentos, num movimento coordenado com as autoridades israelitas.
O ataque contra os trabalhadores humanitários já foi condenado pela União Europeia e por vários países, incluindo Reino Unido, Espanha e Bélgica, que exigiram explicações a Israel pela morte de sete trabalhadores da organização humanitária.
Os Estados Unidos pediram a Telavive uma “investigação rápida, completa e imparcial”.
Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, frisou que a morte dos sete trabalhadores humanitários “é resultado inevitável da forma como esta guerra está a ser conduzida”.
De acordo com Dujarric, pelo menos 196 trabalhadores humanitários foram mortos desde outubro nos territórios palestinianos ocupados, neste que considerou “um dos locais de trabalho mais perigosos e difíceis do mundo”.
A 07 de outubro do ano passado, combatentes do Hamas – desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel – realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e 250 reféns, cerca de 130 dos quais permanecem em cativeiro e 34 terão entretanto morrido, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para erradicar o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul, estando agora iminente uma ofensiva à cidade meridional de Rafah, onde se concentra mais de um milhão de deslocados.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 180.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 32.916 mortos, mais de 74.000 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.