Numa reunião em Pequim com Antony Blinken, Wang Yi observou que, embora a relação bilateral tenha começado a estabilizar, “os fatores negativos continuam a aumentar”.
“A comunidade internacional está a observar se a China e os Estados Unidos podem orientar a cooperação internacional para resultados mutuamente benéficos ou para o confronto”, disse o chefe da diplomacia chinesa, sublinhando que isso vai afetar todo o mundo.
De acordo com o jornal oficial do Partido Comunista Chinês, China Daily, Wang considerou que o futuro das relações entre os dois países vai decidir-se entre “desenvolvimento estável ou espiral descendente”.
A resposta “demonstrará a sinceridade e a capacidade de ambos os lados”, acrescentou.
O diplomata reconheceu os “progressos alcançados” desde novembro, quando os líderes chinês e norte-americano, Xi Jinping e Joe Biden, respetivamente, se voltaram a encontrar, depois de anos sem reuniões presenciais.
Mas Wang Yi avisou os Estados Unidos para não interferirem nos assuntos internos da China ou cruzarem as “linhas vermelhas” de Pequim, numa referência a Taiwan.
Na terça-feira, o Congresso norte-americano aprovou um pacote de ajuda militar a Taiwan avaliado em 8,1 mil milhões de dólares (7,56 mil milhões de euros), uma decisão contestada pela China, que considera a ilha parte do seu território.
A mesma lei obriga a empresa chinesa ByteDance a vender o TikTok no espaço de 12 meses se não quiser que a plataforma de vídeos seja banida nos Estados Unidos.
“Os legítimos direitos de desenvolvimento da China foram indevidamente oprimidos e os nossos interesses fundamentais estão a ser desafiados”, declarou Wang Yi.
De acordo com o China Daily, Blinken destacou na reunião a importância do diálogo e descreveu a relação bilateral como “a mais decisiva do mundo”.
O secretário de Estado norte-americano garantiu que Washington será “clara e direta” sobre as áreas de divergência e a posição do país.
Na quinta-feira, Blinken reuniu-se com o principal responsável da capital financeira da China, Xangai, o secretário local do Partido Comunista, Chen Jining, e “manifestou preocupação relativamente às políticas comerciais [chinesas] e as práticas económicas não mercantis”, afirmou o Departamento de Estado norte-americano, em comunicado.
O governante sublinhou que os Estados Unidos procuram uma concorrência económica saudável com a China e “condições equitativas para os trabalhadores e as empresas norte-americanas que operam” no país asiático.
O excedente comercial multibilionário da China com os EUA, juntamente com acusações de usurpação de propriedade intelectual e outras práticas consideradas discriminatórias para as empresas norte-americanas na China, têm sido fonte de fricção nas relações bilaterais.