A revolução industrial gerou uma alteração na estrutura da sociedade que originou o princípio da subalternização das estruturas primárias (família e religião), mas é com Karl Marx que se inicia o processo de sistematização da desconstrução da organização social que demorou milhares de anos de desenvolvimento e aperfeiçoamento.
O criador do marxismo passa por uma trindade de interesses, em primeiro lugar, no pensamento filosófico em que ressaltam as obras: “Manifesto Comunista” e a “Ideologia Alemã” (que embora publicado por Engels foi conceptualizado por ele). Em segundo lugar, a vertente da organização económica com “O Capital”. Em terceiro lugar, a destruição da família, que sempre foi um empecilho à propagação e consolidação das ideias propaladas nos dois primeiros estádios (fase esta que tem lugar já no final da sua vida).
Esta nova fonte de inspiração, cria a negação do pensamento clássico de Aristóteles, em que o homem é um animal racional, para o postulado do marxismo em que o homem não é mais do que um animal que produz os seus instrumentos de trabalho, ou seja, é apenas um animal produtivo. A partir daí tudo se baseia na discussão de conceitos, de onde surge a ideia peregrina: em que tudo é ideologia, e a verdade, só é verdade quando o homem teoriza e especula a própria verdade. Culminando na assunção que o valor absoluto da mesma só se atinge quando o protagonista se propõe transformar a sociedade. Surgindo daqui o pragmatismo marxista, onde a filosofia de Marx acaba por ser um corte profundo com todo o pensamento clássico (greco romano, judaico cristão). No fundamental é uma filosofia que se recusa a filosofar, mas tem como mote a destruição de equilíbrios ou seja desconstruir, para tomar o poder.
A teorização da revolução, que nunca vem a acontecer em vida do criador do marxismo mas determina, no entanto, a exploração do filão da destruição da família, da propriedade e da autoridade. Com uma contribuição preciosa da obra de Lewis Henry Morgan (“Ancient Society”), baseada nos prossupostos da observação de uma sociedade indígena norte americana os Iroqueses) Marx encontra caminho e argumentos, para a elaboração do conteúdo do livro “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, publicado por Friedrich Engels, onde no final, tudo isto vem dar origem á identificação/seleção do “opressor” e da “vítima”, ferramenta essencial na “praxis” marxista.
Chegados ao ponto da identificação da variável de controlo comportamental, onde basta a instrumentalização da noção de vítima, para deter o poder da argumentação indiscutível da verdade, seja ela qual for. Neste sorvedouro de “verdades” construídas ao jeito do momento, acabamos por mergulhar num oceano de lutas identitárias com “vitimas” para todos os gostos e todas as cores, onde se deixam de tocar músicas porque oprimem uns, de apresentar filmes porque ofendem outros, e um sem número de autoritárias medidas, numa democratização do fomento do ódio, e da desagregação social. Reconstruindo a linguagem no objecto da caracterização dos “opressores”, esta nova onda de reclassificação dos elementos aglutinadores da sociedade, destruindo o equilíbrio dos elementos primários da mesma, num cínico discurso de desconstrução.
Quem já não ouviu dizer, que só os homens brancos são racistas, que o sexo biológico não existe, pois todos podem ser tudo o que quiserem, não apenas no sentido da progressão social e, ou estética (como esperado para o desenvolvimento da comunidade), mas no domínio do imaginário, mais votado ao absurdo que à realidade.
Como foi possível chegarmos ao ponto em que estamos, encurralados nas etiquetas que nos colocam, sejam elas o que forem (identidades, raças, géneros, religião…), num condicionamento de repressão comportamental, mais de acordo com as correntes que desconstroem do que com as que constroem.
A reflexão é urgente, mais muito mais a ação no dia a dia, para combater este desvario, que nos vai destruindo enquanto sociedade justa e equilibrada.
Alberto Delfim
(Militante do CHEGA)