Trabalhadores das cantinas e refeitórios reclamam melhores condições de trabalho

Dezenas de trabalhadores das cantinas e refeitórios estão hoje a manifestar-se em Aveiro para exigir melhores condições de trabalho, num dia marcado pela greve que poderá afetar o funcionamento dos refeitórios das escolas e dos hospitais.

© LUSA/NUNO VEIGA

O protesto convocado pela Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT) decorre junto ao Parque de Exposições de Aveiro onde arrancou esta manhã o congresso da Associação de Hotelaria Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), que conta com a presença do ministro da Economia, Pedro Reis.

À chegada, o ministro dirigiu-se aos manifestantes para ouvir as suas preocupações que se prendem sobretudo com melhores salários e um conjunto de direitos que dizem que lhes querem retirar.

“A AHRESP não negoceia há 21 anos o contrato coletivo de trabalho dos trabalhadores de cantinas e refeitórios com os sindicatos da CGTP e pretendem retirar direitos aos trabalhadores”, disse Afonso Figueiredo, dirigente da FESAHT, que defendeu ainda um “aumento substancial” do salário mínimo.

“Fizemos agora um aumento substancial, mas tomo boa nota do que disseram (…) Foi um passo importante este sinal de aumento que foi dado em acordos de concertação social, mas estamos cá para vos ouvir”, disse o ministro.

“Travar a exploração. A horários de 12 horas dizemos não” e “Há mão-de-obra e com formação. Não aceitamos mais exploração” são algumas das mensagens nos cartazes que os manifestantes vão exibindo, enquanto gritam palavras de ordem como “É mesmo necessário o aumento de salário”.

Paula Cordeiro trabalha há 37 anos no centro de formação da Pedrulha, em Coimbra, e disse que recebe apenas o ordenado mínimo. “Se entrar uma empregada, neste momento, ela ganha tanto como eu. Nunca recebi nenhuma diuturnidade. Não valorizam o trabalho de uma empregada de há muitos anos. É tudo a mesma coisa”, disse esta trabalhadora.

Doroteia Filipe, que trabalha como cozinheira de segunda no centro escolar de Nelas, em Viseu, também não está satisfeita com o salário. “Já trabalho na empresa há 33 anos e nunca subi de posto”, afirmou.

A greve nacional foi convocada pela Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT) e abrange os trabalhadores das cantinas, refeitórios, fábricas de refeição, restauração das áreas de serviço das autoestradas e bares concessionados.

A federação sindical exige a negociação do contrato coletivo de trabalho, aumentos salariais acima dos 150 euros para todos os trabalhadores, a atualização do subsidio de alimentação e o pagamento de retribuições para os trabalhadores com horário repartido ou que trabalhem em regime de turnos, e pelo trabalho ao fim de semana.

No topo das reivindicações está também a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais, 25 dias úteis de férias e a vinculação de todos os trabalhadores contratados a termo.

Quanto a casos concretos, a federação reivindica o pagamento de um subsídio de risco para os trabalhadores das cantinas dos hospitais e estabelecimentos prisionais, e contratos a tempo inteiro nas cantinas escolares com confeção.

Últimas do País

Os municípios defendem uma nova carta de perigosidade de incêndio rural, um novo estatuto dos sapadores e a vigilância das florestas pelo Exército nos períodos críticos de fogos, segundo documento da ANMP a que a Lusa teve hoje acesso.
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) apresentou uma queixa ao Provedor de Justiça sobre a situação atual no Serviço Nacional de Saúde em que o funcionamento das urgências está a ter “graves prejuízos” para os bombeiros e população.
O Sindicato dos Técnicos da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (SinDGRSP) defendeu hoje que os arguidos reclusos passem a ser ouvidos por videoconferência nos julgamentos, evitando as deslocações aos tribunais.
O relatório de averiguação da fuga de cinco reclusos da cadeia de Vale de Judeus, ocorrida em 07 de setembro, foi entregue hoje à ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, revelou à Lusa fonte oficial do Ministério da Justiça.
As câmaras querem encurtar o tempo e reduzir a burocracia nos processos de posse administrativa dos terrenos privados de mato e de floresta que estão ao abandono para os limpar e, assim, evitar incêndios florestais, defendeu hoje a ANMP.
Cerca de cem professores estão concentrados junto ao Ministério da Educação para exigir o alargamento do apoio financeiro a todos os docentes colocados longe de casa, como Catarina ou Filipe, que hoje participam no protesto.
Portugal registou menos 430 nascimentos nos primeiros nove meses do ano face ao período homólogo de 2023, segundo dados relativos ao “teste do pezinho”, que analisaram 63.237 recém-nascidos, invertendo a tendência dos últimos dois anos.
O tribunal rejeitou hoje o pedido da defesa de Ricardo Salgado no julgamento do processo BES/GES para impedir a reprodução das declarações do ex-banqueiro num interrogatório efetuado em 2015, considerando “improcedentes as nulidades e irregularidades” invocadas.
Três homens foram detidos hoje por suspeita de participação em crimes de furto, viciação e desmantelamento de veículos automóveis, nos distritos do Porto, Lisboa, Braga, Viana do Castelo, Coimbra e Santarém, revelou hoje a PSP.
O risco de pobreza ou exclusão social afeta já uma em cada cinco pessoas em Portugal, alertou hoje a Rede Europeia Anti-Pobreza (REAP), ao lançar uma campanha de sensibilização para um fenómeno que está a agravar-se.