A (re) eleição de Donald John Trump na madrugada de 6 de Novembro, simboliza o triunfo do senso comum e de uma certa realidade da vida, diante de uma parafernália de artifícios de engenharia social e jurídica, ardilosamente constituídos em nome de um “progresso” ilimitado e indefinido, pois amoral, consubstanciado em tendências como a cultura woke ou as teorias de “género”.
Corporiza a vitória do demos frente às pseudo-elites políticas e a uma intelligentsia presunçosa e vassala que as suporta. Das Arianas Grandes e Beyoncés até Hollywood, passando pelo mandarinato da comunicação social e das universidades, todos agonizaram depois do número de votos em Trump ter cruzado o Rubicão da contagem eleitoral – não faltam exemplos no YouTube da histérica e desesperada reacção de jornalistas e comentadores democráticos na noite da eleição.
(Como ousou desrespeitar o povo bruto a recomendação dos famosos ilustrados?)
Representa o êxito de uma liderança carismática, viril e corajosa, mesmo que por vezes rude; perante as lideranças burocrático-administrativas, efeminadas e titubeantes, mesmo que bem-falantes, das últimas décadas de mundo euro-americano.
Marca o regresso do realismo à política internacional, trazendo de volta a esperança no fim das “cruzadas pela democracia”, que, entre outras consequências mundo afora, ajudaram a ceifar centenas de milhares de vidas na Ucrânia, em detrimento de um concerto mundial, fundado nos interesses nacionais e na procura da paz.
Se o trumpismo não conseguir gerar escol e não for porventura a solução para a decadência ocidental, assinala o estertor de um demoliberalismo degenerado e da sua rampa deslizante (em estado avançado) do totalitarismo soft de que nos falou Hannah Arendt ou Guillaume Faye, e que nos cerceia as liberdades com projectos como o “combate à desinformação”. Todavia, com o esclarecido Vance nas suas fileiras e assessorada por Robert Kennedy, Elon Musk, entre outros, a administração “Trump 47”, acalenta alguma expectativa no que concerne à sua massa cinzenta.
Boletins apurados, mesmo que tudo continue mais ou menos igual – o que manifestamente não acredito, a vitória de Donald Trump, será pelo menos uma vitória antropológica. Uma vitória da América tradicional que crê, trabalha e empreende, face à América progressista das duas costas: das swifties por Kamala, da burguesia liberal-chic, dos activistas das micro-causas, das classes “educadas”. E já não é pouco. Os “Deploráveis” venceram mais uma vez os “Iluminados”.