O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, recusou a criação de uma comissão de inquérito para esclarecer a situação da empresa fundada pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, conhecida como Spinumviva, tal como o líder da IL, Rui Rocha, que criticou a constituição dessa comissão. Ambos os partidos, PS e IL, votaram contra a moção de censura ao Governo apresentada pelo CHEGA.
Pedro Nuno Santos recusou que uma comissão de inquérito seja o “instrumento adequado” para os esclarecimentos adicionais que o primeiro-ministro deve fazer sobre a “empresa familiar de âmbito imobiliário” de que foi sócio.
“Esse não é o instrumento adequado. O primeiro-ministro terá muitas oportunidades de acabar com o tema de uma vez por todas, esclarecendo quem são os clientes, que serviços foram prestados e qual o preço cobrado para que não reste nenhum tipo de dúvida e suspeição das razões das avenças da empresa”, afirmou Pedro Nuno Santos, esta segunda-feira, referindo-se à comissão de inquérito que o CHEGA admitiu requerer para esclarecimentos sobre o tema.
Para o líder socialista, a polémica em torno da empresa Spinumviva “só desaparecerá quando o primeiro-ministro lhe der o mesmo tratamento que deu às dívidas fiscais relativas à sua casa”, tema abordado numa conferência de imprensa.
Já o líder da IL, apesar de se opor à criação de uma comissão de inquérito, considerou que o primeiro-ministro deve prestar mais esclarecimentos sobre a empresa.
Rui Rocha acusou o CHEGA de “desespero total” ao admitir propor uma comissão de inquérito à empresa Spinumviva, detida pela mulher e filhos do primeiro-ministro, apesar de considerar que este deve dar mais explicações.
Em declarações aos jornalistas, esta segunda-feira, o líder da IL foi questionado sobre o facto de o líder do CHEGA ter admitido avançar com uma comissão parlamentar de inquérito à empresa detida pela mulher e filhos de Luís Montenegro, caso o primeiro-ministro não esclareça um conjunto de questões.
“É o desespero total. (…) Lançar, de forma indiscriminada, mão de todos os instrumentos – dos que não se aplicam, dos que não fazem sentido, dos que vão muito para lá daquilo que é razoável – é o desespero total do CHEGA”, respondeu o líder da IL.
Rui Rocha considerou que André Ventura está a recorrer a esses instrumentos parlamentares “para desviar atenções dos enormes problemas que o CHEGA tem enfrentado devido às pessoas que estão, quer na sua bancada, quer nos diferentes órgãos e posições que o CHEGA tem no país”.
Num comunicado divulgado no domingo, o CHEGA exigiu um conjunto de esclarecimentos por escrito ao primeiro-ministro sobre os serviços e a faturação da empresa que fundou e ameaça requerer uma comissão parlamentar de inquérito caso Luís Montenegro não responda.
“Caso o primeiro-ministro não responda às questões colocadas pelo CHEGA ou sejam ocultadas, o partido admite avançar com uma comissão parlamentar de inquérito”, lê-se no comunicado divulgado pelo CHEGA.
Com Lusa.