Fenprof defende que falta de professores só se resolve com revisão do Estatuto

O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores defendeu hoje que a falta de professores e alunos sem aulas são dramáticos e que a resolução depende da vontade do Ministério da Educação em rever o Estatuto da Carreira Docente.

©FENPROF

Em conferência de imprensa, em Lisboa, Francisco Gonçalves apontou que o ano letivo 2024/2025 “fica marcado pelo agravamento do principal problema da educação nesta década, que é a falta de professores”.

Segundo o responsável, o problema tenderá a agravar-se tendo em conta as estimativas para daqui a cinco anos de cerca de 4 mil professores aposentados anualmente, contra números de contratação de novos docentes entre os 1.200 e os 1.800.

Explicou que para fazer a comparação entre os dois últimos anos letivos e perceber se houve ou não agravamento de falta de professores, analisaram o número de horários que não foram preenchidos na reserva de recrutamento nacional e seguiram para contratação de escola.

Segundo a Fenprof, “em 2024/2025, apesar de o número de horários ter diminuído, o número de horas desses horários cresceu”, o que significa que “o número de alunos sem professores também”.

Francisco Gonçalves salientou que houve três medidas do “Plano +Aulas +Sucesso” que tiveram bastante impacto, entre as horas extraordinárias, o recurso a não habilitados e o recurso a professores em condições de aposentação e que, segundo dados do Ministério, são 1.494.

Relativamente aos professores disponíveis para contratação, o dirigente sindical referiu que “o número de professores potencialmente disponíveis para serem contratados na contratação inicial ou nas reservas de recrutamento subsequentes, caiu continuamente”.

Acrescentou que no ano letivo 2023/2024 foram 24.845, número que baixou para 20.051 em 2024/2025.

“Significa que para o próximo ano letivo, temos o mais baixo número de docentes disponíveis para contratação dos últimos anos”, referiu.

Segundo Francisco Gonçalves, o fenómeno explica-se com “o significativo aumento de vinculações dos últimos anos, mas também o baixo número de entradas na profissão relativamente ao elevado número de saídas para aposentação”.

Sobre as aposentações, admitiu que o número seja elevado em 2025 já que nos primeiros sete meses reformaram-se 2.054 professores e em todo o ano de 2024 foram 3.981, “um número de saídas impossíveis de cobrir pelas entradas”.

“Em suma, tivemos mais alunos afetados pela falta de professores, temos menos professores disponíveis e um elevado número de aposentações, que não será compensado pelo número de entradas. O problema vai, portanto, agravar-se”, alertou.

Francisco Gonçalves defendeu que não são as medidas do “Plano +Aulas, +Sucesso” que vão resolver o problema da falta de professores e que o caminho é pela aprovação de medidas estruturais, apontando a revisão do Estatuto da Carreira Docente como a mais importante.

A Fenprof quer também a criação de incentivos à fixação de docentes em zonas carenciadas, o apoio à deslocação de igual valor ao que é pago na Administração Pública, a abertura de mais vagas em quadros de agrupamentos de escola e escolas não agrupadas ou a valorização da carreira, com uma carreira mais curta e escalões de três anos.

Exige igualmente a melhoria dos horários e das condições de trabalho, a recuperação integral no tempo de serviço e a compensação dos professores que não recuperaram nenhum ou parte do tempo de serviço.

Na opinião do líder da Fenprof, a resolução do problema vai depender da velocidade que o Ministério da Educação quiser imprimir ao processo de revisão do Estatuto da Carreira Docente, apontando que a solução não passa por sobrecarregar os professores que estão no sistema de ensino ou convencer os aposentados a voltar a dar aulas.

Últimas do País

A ULS Amadora-Sintra abriu um inquérito interno ao caso divulgado pela Polícia Judiciária de um alegado abuso sexual de uma utente no Hospital Fernando Fonseca, envolvendo dois internados, anunciou hoje a instituição.
As infeções respiratórias graves continuam a aumentar em Portugal, sobretudo em idosos e crianças, com aumento de casos de gripe nos cuidados intensivos na semana passada e excesso de mortalidade por todas as causas, revelou hoje o INSA.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) deteve 19 pessoas que conduziam com excesso de álcool no sangue, durante o primeiro dia da operação Natal e Ano Novo 2025/2026, que arrancou na quinta-feira e e que já regista um morto.
O bacalhau deverá ficar mais caro já no próximo ano, face à redução de quotas no Mar de Barents e ao contexto internacional, segundo as estimativas da Associação dos Industriais do Bacalhau (AIB).
A Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve 84 pessoas no primeiro dia da operação Polícia Sempre Presente – Festas em Segurança 2025-2026, entre elas 15 por condução em estado de embriaguez e 12 por conduzirem sem carta.
Quatro serviços de urgência hospitalares de Ginecologia e Obstetrícia vão estar encerrados no sábado, subindo para cinco no domingo, a maioria na região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo dados do Portal do Serviço Nacional de Saúde.
O CHEGA elegeu nas últimas eleições autárquicas 13 presidentes de junta. Se um dos temas da campanha foi a ‘imigração’, a ‘passagem de atestados de residência sem qualquer controlo’ foi o tema e uma das grandes bandeiras dos autarcas do CHEGA.
Felicidade Vital, deputada do CHEGA, acusa o Governo de promover um verdadeiro retrocesso nos direitos das mulheres através do novo pacote laboral. A deputada alerta que o diploma fragiliza vínculos, alarga horários e facilita despedimentos num mercado onde “as mulheres já concentram os salários mais baixos e os contratos mais instáveis”, classificando a reforma como um ataque direto à maternidade, à conciliação entre vida profissional e familiar e à autonomia feminina.
A Linha SNS 24 atendeu desde o início de dezembro cerca de 307 mil chamadas, um aumento de 17% face ao mesmo período do ano passado, e o tempo médio de espera foi de 10 minutos.
A estrutura de missão da Agência para a Integração, Migração e Asilo (AIMA), criada para regularizar processos em atraso, termina no final do ano com um saldo positivo de 62 milhões de euros.