Pelo menos 75 pessoas foram detidas em Paris e na área metropolitana antes das 08:00 horas (07:00 de Lisboa), de acordo com a polícia, que tem seguido as diretrizes do ministro do Interior francês, Bruno Retailleau, para intervir rapidamente e tentar impedir os manifestantes do movimento “Bloqueiem Tudo!”, que foi convocado durante o verão nas redes sociais e prometia ser semelhante aos “Coletes Amarelos”.
Em Paris, onde os comboios registam atrasos significativos e várias escolas e universidades estão encerradas, os manifestantes estão maioritariamente localizados em zonas da periferia, em pontos estratégicos a leste e a norte da cidade, como na Porta de Bagnolet e na Porta da Chapelle, onde passam as principais autoestradas.
Na capital francesa, estão mobilizados pelo menos 6.000 polícias e gendarmes, que intervêm nos protestos localizados pela cidade desde a meia-noite.
Em Marselha, onde a situação está menos controlada, várias centenas de pessoas montaram barricadas desde o início da manhã para interromper a circulação de veículos e do elétrico.
O oeste do país está particularmente mobilizado, em Nantes e em Rennes, o trânsito ficou interrompido nas periferias, segundo a Bison Futé, órgão de informação sobre o trânsito, tendo a polícia de recorrer a gás lacrimogéneo para tentar dispersar várias centenas de manifestantes num dos cruzamentos da autoestrada em Rennes que estava bloqueada.
Em Toulouse, cerca de 200 manifestantes bloquearam durante menos de uma hora uma rotunda, com barreiras, pneus e tudo o que encontraram nas proximidades, e ainda estenderam uma faixa preta com a frase “Macron explosão” numa estrada.
Já em Bordéus, as forças da ordem rapidamente desbloquearam um dos depósitos da rede de elétricos da cidade.
A Confederação Geral do Trabalho (CGT), que também se juntou ao protesto juntamente com outros sindicatos, contabilizou 700 ações em empresas ou infraestruturas estratégicas do país.
É esperado que ao longo do dia, os bloqueios, greves e manifestações ganhem força por todo o país, contudo o ministro do Interior mobilizou 80.000 polícias e gendarmes para tentar impedir qualquer ação de bloqueio, que ocorre em plena crise política e com uma crescente contestação contra o Presidente francês, Emmanuel Macron, pela sua liderança e políticas de austeridade.
Segundo Bruno Retailleau, que se deslocou a um centro de abastecimento de Paris em Rungis, este movimento “não tem nada a ver com uma mobilização cidadã”, mas foi “capturado pela extrema-esquerda e pela ultra-esquerda”, denunciando incitamentos por parte da França Insubmissa (LFI, esquerda radical).
“Temos pequenos grupos móveis, muitas vezes mascarados, encapuzados e vestidos de preto, nos quais se reconhecem, na realidade, os movimentos da extrema-esquerda”, disse, referindo a existência de “ações violentas”.
Estas ações ocorrem apenas algumas horas depois do Presidente francês ter anunciado a nomeação do novo primeiro-ministro e até agora ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, o quarto em apenas 12 meses, após François Bayrou ter sido destituído do cargo na votação de uma moção de confiança no parlamento.