Coimbra está a perder população e, sobretudo, os mais jovens. Como se explica este cenário?
Coimbra perdeu a alma que a definia. A outrora terceira cidade mais importante do país está hoje envelhecida, sem futuro para os jovens. Em menos de 20 anos, quase metade da população entre os 25 e os 29 anos emigrou do concelho. Isto é grave.
Os estudantes que vêm de todo o país para a Universidade de Coimbra ou para o Politécnico partem, depois de concluírem os estudos, para Lisboa, Porto ou para o estrangeiro.
A minha proposta é simples: ligar o ensino ao emprego de forma efetiva, com estágios remunerados e avaliados, que aproximem a universidade do mercado de trabalho.
Não podemos continuar a formar jovens para um futuro sem futuro na cidade onde estudaram. Defendo também vias profissionais de excelência, em regime dual, como na Alemanha. Educação com mérito, disciplina e rigor, sem ideologias nas escolas.
A habitação é hoje uma dor de cabeça para famílias e estudantes. Como mudar este cenário?
Atualmente, encontrar casa em Coimbra é impossível para quem aufere um salário médio. Há prédios devolutos na Baixa, edifícios degradados no centro histórico e famílias forçadas a viver na periferia porque não conseguem pagar as rendas exorbitantes no centro.
Isso tem de mudar. Queremos devolver a Baixa e a Alta de Coimbra às famílias e ao comércio local. Gostaria de voltar a ver estas zonas com a rotina normal das famílias.
Vamos criar fundos municipais de reabilitação, transformar imóveis devolutos em habitação a preços controlados e implementar regras rigorosas para o alojamento turístico.
É fundamental garantir mais residências estudantis com rendas justas e reguladas através da cooperação entre a Universidade e o Politécnico.
E não esquecemos os nossos idosos: Coimbra deve cuidar dos seus, assegurando habitação condigna e apoio a quem mais precisa.
A mobilidade continua a ser um pesadelo para quem vive em Coimbra. Qual é a sua visão?
Os transportes públicos estão ultrapassados. Existem carreiras que não servem freguesias como Antanhol, Souselas ou Brasfemes, e os horários não se adequam a quem trabalha por turnos. Além disso, os autocarros são velhos e avariam com frequência.
O CHEGA defende a reestruturação dos SMTUC e o aproveitamento do Metro Mondego para reforçar ligações entre freguesias e o centro da cidade.
Vamos apostar em ciclovias seguras, parques de estacionamento periféricos gratuitos, sobretudo junto aos hospitais, e tornar Coimbra acessível a quem tem mobilidade reduzida.
Passeios em mau estado, falta de rampas e transportes sem acessibilidades dificultam o dia-a-dia de muitos. É vergonhoso. Coimbra tem de ser uma cidade moderna, limpa e acessível a todos.
A segurança é uma bandeira do CHEGA. Coimbra está insegura?
Infelizmente, sim. Quem anda à noite pela Baixa sabe que há ruas mal iluminadas e zonas degradadas onde os cidadãos sentem medo. O encerramento do posto da GNR em Taveiro e a ausência de esquadras em zonas populosas são falhas graves.
Vou lutar para reforçar os meios da PSP, reabrir o posto de Taveiro, criar esquadras na margem esquerda e em Souselas, e tornar a Polícia Municipal mais presente e preventiva.
Vamos instalar câmaras de videovigilância em pontos críticos e proteger especialmente os mais vulneráveis, como os nossos idosos. Coimbra será uma cidade segura, com ordem e respeito pela autoridade.
A economia de Coimbra parece estagnada. O que propõe para criar emprego e dinamismo?
Coimbra não pode continuar a viver apenas da universidade e da saúde.
Temos de atrair investimento, gerar emprego diversificado e valorizar o comércio tradicional. O concelho tem potencial na biotecnologia, engenharia, agroindústria e turismo cultural.
Apostaremos em clusters estratégicos, parques tecnológicos e na ligação entre investigação e produção.
Queremos libertar quem trabalha da burocracia e apoiar quem cria emprego. Basta de empresas que vivem de subsídios sem contribuir para a sociedade.
E também é fundamental valorizar os mais velhos, com programas de envelhecimento ativo e envolvimento na vida comunitária.
Muitos cidadãos queixam-se da falta de limpeza e da degradação do espaço público. O que vai fazer?
É uma vergonha. Coimbra está suja, malcuidada e abandonada. Basta ir ao Parque Verde ou à zona ribeirinha para ver lixo, ervas altas e edifícios em ruínas. Ruas por varrer, jardins ao abandono e o Mondego sem um plano de gestão integrado.
A nossa primeira medida será assegurar uma limpeza regular: das ruas, das drenagens e do próprio rio. Queremos devolver o orgulho às zonas de lazer, criar uma piscina fluvial na margem esquerda e reabilitar parques infantis.
É necessário que existam parques com sombras. O atual executivo tem um problema grave com árvores: alegadamente não gosta delas e corta-as indiscriminadamente, agravando o calor urbano.
Estes espaços devem ser vividos. Defendemos a instalação de equipamentos desportivos ao ar livre e a promoção de atividades para todas as idades. O desporto é uma ferramenta de integração e saúde. Coimbra merece espaços públicos limpos, seguros e dinâmicos.
E quanto à cultura, património e identidade da cidade?
Coimbra não pode ser usada como palco para agendas ideológicas. Somos património mundial, somos história, somos tradição.
Temos de preservar monumentos como o Convento de Santa Clara-a-Velha, apoiar museus, reabrir espaços culturais e criar museus que contem a história mais recente da cidade.
Devemos promover o Fado de Coimbra, valorizar os nossos escritores e artistas, e apoiar as associações locais que preservam as nossas tradições.
É também essencial que os idosos, guardiões da memória coletiva, tenham um papel ativo nesta estratégia cultural.