“As únicas exportações que nós temos para os Estados Unidos são de rocha ornamental. Essas tinham taxa zero e hoje passaram a ter uma taxa de 15%”, explicou em entrevista à Lusa o presidente da Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais (Assimagra), Miguel Goulão, sublinhando que, “somando a taxa com a desvalorização do dólar, estamos a falar de um incremento de preço de cerca de 40%”.
Segundo o responsável, o impacto ainda não é totalmente visível porque os contratos são assinados a médio prazo, mas o risco existe.
“Neste momento tudo o que está contratado está a ser cumprido, mas o desafio será para os novos projetos”, afirmou, acrescentando que “há o risco de o mercado procurar soluções alternativas, como compósitos e produtos cerâmicos mais baratos”.
O presidente da Assimagra notou, contudo, que o setor português mantém “alguma vantagem competitiva”, uma vez que “os produtos chineses têm uma taxa de 50% e os canadianos também têm taxas elevadas”. “Apesar de a taxa ter passado de zero para 15%, estamos todos em igualdade de circunstâncias na Europa”, referiu.
Os Estados Unidos não são o principal destino das exportações portuguesas do setor, mas são o mercado que mais valoriza o produto. “O nosso principal mercado é a França, mas é um dos que menos valoriza o produto”, disse Miguel Goulão. Seguem-se China e Espanha na lista dos maiores compradores.
Quanto aos produtos, o calcário “da região Centro” lidera as exportações em volume, seguido do granito e do mármore.
O responsável destacou ainda o esforço do setor em abandonar a lógica do baixo custo. “Temos feito um esforço tremendo para que o setor ganhe obras não por fazer mais barato”, afirmou, lembrando que há “obras icónicas no mundo” com pedra portuguesa, como o Perelman Performing Arts Center, junto ao memorial do 11 de Setembro, em Nova Iorque.