Em declarações à agência Lusa, o diretor executivo da associação Portugal Nuts, Nuno Russo, indicou que o “ano climatológico muito chuvoso e frio, em particular em março, na altura da floração e da polinização” prejudicou a produção.
“Este mês de março foi o mais chuvoso desde 2000, teve nove extremos de precipitação e foi condicionado também pela passagem de quatro depressões, em particular a tempestade Martinho, com registo de rajadas extremamente fortes”, realçou.
Nuno Russo salientou que a meteorologia “condicionou, naquele mês em particular, a floração, prejudicou a polinização e não permitiu o vingamento do fruto”, prevendo-se “quebras de produção diretamente implicadas por causa deste fenómeno climatérico”.
“Os primeiros dados que temos, que ainda são estimativas, apontam para quebras que podem ir dos 25% aos 75%, numa média de cerca de 50%”, adiantou o responsável à Lusa, à margem de um evento sobre o balanço da campanha de frutos secos que decorre hoje à tarde numa unidade de processamento de nozes no concelho de Évora.
Segundo o diretor executivo da Portugal Nuts, com a campanha da amêndoa em fase de conclusão e a da noz ainda em curso, “todo o trabalho e logística” estão no terreno, o que impede, para já, apurar “com mais exatidão a média dos prejuízos”.
“Temos situações com 25% e outras com 85%” de quebra da produção de amêndoa, referiu, apontando, por outro lado, que também há produtores, com “novos pomares que estão a entrar em produção” e que apresentam “dados positivos relativamente ao ano anterior”.
De acordo com Nuno Russo, a Portugal Nuts deverá divulgar os dados referentes à campanha de frutos secos deste ano no final deste mês.
Questionado pela Lusa, o dirigente disse duvidar que a previsível quebra da produção de amêndoa em Portugal tenha consequências para os consumidores portugueses, já que a campanha mundial indica “valores semelhantes aos do ano passado”.
Quanto à campanha nacional da noz, prevê-se “estável a boa”, de acordo com o diretor executivo da Portugal Nuts.
O responsável destacou que a fileira dos frutos secos exportou, em 2024, um total de 130 milhões de euros, com o setor da amêndoa a liderar, atingindo 100 milhões, o que representou um aumento de 68% em comparação com o ano anterior.
“Emergimos como um dos principais [países] produtores de frutos secos da Europa, especialmente da amêndoa”, assinalou, frisando que Portugal já é autossuficiente e o setor contribui com 75 milhões de euros para a balança comercial.
Nuno Russo disse que Portugal é o segundo maior produtor europeu de amêndoa e, a curto prazo, pode tornar-se no quarto mundial, atrás dos Estados Unidos, Austrália e Espanha.
No que respeita à noz, acrescentou, o país entrará em breve para “o top 5 europeu”.
Fundada em 2020, a Portugal NUTS tem mais de 50 associados, entre produtores e processadores, os quais representam cerca de 17.965 hectares de amêndoa, maioritariamente no sul do país e na Beira Interior, e cerca de 1.290 hectares de noz.