Agricultores espanhóis alertam para seca severa e falam em cenário “catastrófico”

© D.R.

O setor agropecuário de vários pontos de Espanha manifestou o receio pelos efeitos da seca no abastecimento de água em geral, alertando para uma situação “dramática” e propondo 50 medidas urgentes para lidar com o cenário “catastrófico”.

Depois de um mês de março sem chuva e de um início de abril seco e sem perspetivas de chuva para os próximos dias, a seca continua a avançar, principalmente em grandes áreas do norte, nordeste e na Andaluzia, noticiou a agência Efe.

Esta seca persistente colocou o setor agrícola da Catalunha em perigo, o que exige que o mecanismo de ajuda seja colocado em funcionamento perante uma situação que qualificam de “dramática”.

Nesse sentido, a União dos Sindicatos de Agricultores e Pecuaristas (UdU) apresentou esta sexta-feira, em Madrid, ao Governo central, um conjunto de 50 medidas urgentes para enfrentar a situação “catastrófica”.

Até 70% das colheitas de inverno podem ser perdidas em certas áreas se continuar sem chuva, estimou a organização agrícola, que solicitou um regulamento que contemple as suas propostas e seja ativado automaticamente com base em certos indicadores.

A UdU também quer, entre outras medidas fiscais devido à situação, que sejam ativados os mecanismos de reserva de crise e declaradas zonas de emergência de proteção civil para todos os afetados pela seca, ao mesmo tempo em que exorta o Governo e as comunidades a apresentarem “medidas concretas e imediatas” na reunião do Comité Nacional da Seca na próxima quarta-feira.

Segundo os seus dados, Andaluzia, Estremadura, Catalunha e Comunidade Valenciana são as regiões mais afetadas pela seca hídrica e meteorológica.

A expectativa é que mais de 40.000 dos 50.000 hectares de cultivo de algodão não tenham possibilidade de irrigação, o que compromete 70% da receita dessas quintas.

Na Estremadura, quase toda a colheita de cereais de inverno foi danificada e mais de 16.000 hectares de milho e 6.000 hectares de arroz ficarão sem plantar devido à falta de abastecimento de água.

A colheita de frutas de caroço na província de Lleida (Catalunha) pode ser comprometida, enquanto 70% da produção de inverno em Castilla y León pode ser perdida se não chover.

As vinhas, os olivais e os cereais de Castilla-La Mancha também sofrem com a seca, assim como os cereais de inverno da Comunidade Valenciana, com perdas possíveis de 35%, segundo a UDU.

Além disso, os agricultores de sequeiro olham para 2024 com medo depois de uma colheita que no sul da Comunidade Valenciana é “desastrosa” devido à seca, com perdas que ultrapassam 90 e 95% dos hectares, e se a chuva não chegar , algumas culturas como a amendoeira terão de ser replantadas.

Os diferentes tipos de cereais que se cultivam no norte da província de Alicante e as amendoeiras e alfarrobeiras de Vega Baja são as principais culturas que se deterioraram.

Na Catalunha, o presidente da organização Jovens Agricultores e Pecuaristas da Catalunha (AJEC), Joan Carles Massot, garantiu à Efe que “foi pedido há um mês à Generalitat [governo regional] que prepare as medidas compensatórias”.

“Porque se não chover estamos perdidos”, alertou.

A Comunidade Geral de Irrigantes do Canal de Urgell (CGRCU) já decidiu solicitar à Generalitat e ao Governo a declaração de área catastrófica devido à “situação dramática, excecional e persistente” de falta de água, a fim de permitir a cobrar indemnização dos irrigantes.

O coordenador das regiões serranas da Unió de Pagesos, Joan Guitart, também já alertou, em declarações à Efe, para a situação em que se encontram as regiões serranas.

“Se não chover em 15 dias, o gado que vai para esses pastos não vai”, indicou.

Muitos produtores de leite podem ser obrigados a abater os animais por não poderem alimentá-los, alertou este sindicato.

Últimas do Mundo

O estilista Giorgio Armani morreu aos 91 anos, anunciou hoje o Grupo Armani, em comunicado.
A defesa de Jair Bolsonaro afirmou hoje que não há "uma única prova" que ligue o ex-Presidente brasileiro a qualquer tentativa de golpe de Estado e afirmou que o arguido delator "mentiu".
O GPS do avião utilizado pela presidente da Comissão Europeia numa visita à Bulgária foi alvo de interferência e as autoridades búlgaras suspeitam que foi uma ação deliberada da Rússia.
Mais de 800 pessoas morreram e cerca de 2.700 ficaram feridas na sequência de um sismo de magnitude 6 e várias réplicas no leste do Afeganistão na noite de domingo, anunciou hoje o Governo.
Pelo menos três civis morreram e seis ficaram feridos em ataques russos na região ucraniana de Donetsk nas últimas 24 horas, declarou hoje o chefe da administração militar regional, Vadim Filashkin, na rede social Telegram.
Um navio de guerra norte-americano entrou no canal do Panamá em direção às Caraíbas, testemunhou a agência France-Presse, numa altura em que os planos de destacamento militar de Washington naquela região está a provocar a reação venezuelana.
O número de fogos preocupantes em Espanha desceu de 12 para nove nas últimas 24 horas, mas "o final" da onda de incêndios deste verão no país "está já muito próximo", disse hoje a Proteção Civil.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, denunciou que mísseis russos atingiram hoje a delegação da União Europeia (UE) em Kyiv, na Ucrânia.
O Governo de Espanha declarou hoje zonas de catástrofe as áreas afetadas por 113 grandes incêndios no país nos últimos dois meses, 15 dos quais continuam ativos, disse o ministro da Administração Interna, Fernando Grande-Marlaska.
Mais de dois mil milhões de pessoas ainda não têm acesso a água potável em condições de segurança, alertou hoje a ONU num relatório que expressa preocupação com o progresso insuficiente na cobertura universal do fornecimento de água.