Profissionais preocupados com aumento de 73% de doentes com enfarte

© D.R.

Cerca de 80 profissionais de saúde subscreveram uma carta aberta pedindo a várias entidades que apurem as causas do aumento de 73% de doentes com enfarte agudo do miocárdio transportados pelo INEM para os hospitais em 2022.

“De um ano para o outro, haver um aumento de 73% de doentes com enfarte transportados é algo muito preocupante e que deveria merecer, de imediato, várias perguntas, várias explicações do Instituto Nacional de Emergência Médica [INEM] e do próprio Governo”, adiantou hoje à Lusa a cardiologista Teresa Gomes Mota, uma das subscritoras do documento.

A carta aberta baseia-se nos dados divulgados pelo próprio INEM em fevereiro deste ano e que indicam que o instituto “encaminhou 1.556 casos de enfarte agudo do miocárdio (EAM) para os hospitais mais adequados, através da Via Verde Coronária”.

Ainda segundo o INEM, estes dados “refletem um maior número de registos comparativamente a anos anteriores, com um acréscimo de 73% (mais 658 doentes) relativamente a 2021”.

De acordo com Teresa Gomes Mota, a carta foi enviada em 23 de fevereiro ao Governo, à direção executiva do Serviço Nacional de Saúde, ao INEM, à Sociedade Portuguesa de Cardiologia, à Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular, aos grupos parlamentares e à Comissão Parlamentar de Saúde, mas não obteve resposta de qualquer dessas entidades.

“Até admitimos que o INEM tenha aumentado muito a sua eficiência e não seja um problema de aumento de enfartes, mas de transporte de doentes pelo INEM, mas isso tem de ser demonstrado”, salientou a médica, ao salientar ainda que o objetivo da iniciativa “não é levantar alarme, mas é saber o que se está a passar” em concreto.

De acordo com a cardiologista, se Portugal teve um número estável ao longo de vários anos de doentes transportados com enfarte, mas que em 2021 aumentou e em “2022 teve um aumento exponencial, algo se está a passar e que é muito importante esclarecer”.

Além do aumento de pessoas transportadas, a carta aberta alerta para o “agravamento significativo do tempo que medeia entre o início dos sintomas e a ativação do INEM”, que passou a ser “até seis horas em 63% dos doentes, contra um histórico de menos de duas horas para 73% das vítimas em 2021, 72% em 2020, 74% em 2019 e 71% em 2018”.

Teresa Gomes Mota salientou que o tratamento mais eficaz do enfarte agudo do miocárdio é a angioplastia coronária, que deve ser realizada o mais cedo possível para aumentar a probabilidade de eficácia.

Perante isso, “é importante saber porque é que este tempo aumentou”, adiantou a especialista em cardiologia.

Apesar de salientar que o apuramento das causas depende do estudo dos dados disponíveis, Teresa Gomes Mota admite como uma das causas prováveis a falta de assistência nas unidades saúde durante os primeiros anos da pandemia, que “tem muitas componentes”.

Entre essas componentes, enumerou o “medo das pessoas de recorrerem ao hospital e aos centros de saúde, para não serem infetadas por covid-19”, assim como as “interrupções de medicação” para a hipertensão e colesterol por não terem acesso aos médicos na fase inicial da pandemia.

Perante estes dados, os signatários solicitam, com caráter de urgência, uma investigação e análise comparativa dos dados do INEM, bem como dos números do Ministério da Saúde referentes às chamadas de urgência, transporte e internamento hospitalar, morte súbita e morte hospitalar e extra-hospitalar por enfarte agudo de miocárdio, entre 2018 e 2022.

Além disso, pretendem a colaboração da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) e da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) e de outras entidades e sociedades científicas por “forma a realizar-se, em tempo útil, uma análise técnica dos dados referentes ao transporte, internamento e intervenção cardiovascular em doentes vítimas de enfarte de miocárdio e morte súbita” no mesmo período.

Os signatários, entre os quais 62 médicos de várias especialidades, lembram ainda que em 2022 foi registado o maior número de sempre de chamadas de emergência – mais 1,5 milhões – e que existiu um excesso de mortalidade em Portugal, para o qual os acidentes coronários agudos puderam ter dado um “contributo particular”.

Últimas do País

O envolvimento da Força Aérea no transporte de emergência médica mantém-se a partir de terça-feira, apesar de já ter sido concedido o visto ao contrato entre o INEM e a empresa Gulf Med, a quem foi adjudicado o serviço.
O fenómeno é particularmente visível no Algarve e na Grande Lisboa, onde há concelhos em que os partos de mães estrangeiras já ultrapassam, e de forma clara, os de mães portuguesas.
Cento e dois operacionais combatem hoje um incêndio em Alvarenga, no concelho de Arouca, distrito de Aveiro, revelou à Lusa fonte do Comando Sub-Regional da Área Metropolitana do Porto.
O Tribunal de Évora marcou hoje para 14 de julho a leitura da sentença do ex-motorista do antigo ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita, no caso do atropelamento mortal de um trabalhador na Autoestrada 6 (A6).
Cerca de 17% dos jovens dos 15 aos 34 anos (16,8%) abandonaram pelo menos um nível de escolaridade não concluído e metade destes abandonou um curso de ensino superior, segundo dados, esta segunda-feira, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
O Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e Notariado alertou hoje para a possibilidade de encerramento de conservatórias por falta de trabalhadores e para o aumento de pedidos de nacionalidade provocados por eventuais alterações à lei.
O Ministro da Educação, Fernando Alexandre, esclareceu hoje que a proibição do uso do telemóvel vai aplicar-se a alunos do primeiro e segundo ciclo, que frequentem estabelecimentos de ensino públicos e privados.
O transporte aéreo de emergência vai ser garantido a partir de terça-feira com quatro helicópteros da Força Aérea 24 horas/dia e dois da empresa que ganhou o concurso (Gulf Med), que apenas voarão 12 horas/dia, esclareceu esta segunda-feira o INEM.
Os motoristas de transportes em veículos descaracterizados (TVDE) de norte a sul do país, estão a ser mobilizados para uma paralisação nacional contra a tarifa imposta pela Uber.
Mais de 90 concelhos do interior Norte e Centro e do Algarve estão hoje em risco máximo de incêndio, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).