Federação Nacional dos Médicos apresenta os 10 pontos da discórdia com a tutela

© D.R.

A Federação Nacional dos Médicos divulgou hoje os “dez pontos de discórdia” com a tutela, considerando inaceitável o limite de 350 horas extraordinárias anuais, grelhas salariais sem aplicação a todos os médicos e a obrigatoriedade da dedicação plena.

“São vários os temas que o Ministério da Saúde (MS) ainda terá de rever de forma a garantir que os médicos não vão perder direitos, que não vão ter um mau acordo, que as medidas são aplicadas a todos, sem criar médicos de primeira e de segunda, num quadro discricionário de direitos”, afirma em comunicado a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), na véspera do início da greve nacional de dois dias dos médicos e quando estão agendadas as duas últimas reuniões negociais (7 e 11 de julho).

Em declarações à Lusa, a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, lamentou que tenha sido “preciso esperar até ao último dia do fim do protocolo negocial [30 de junho]”, um processo que dura há 14 meses, para a tutela entregar “um esboço de uma proposta com alguns princípios”.

“Nós consideramos algumas coisas inaceitáveis e por isso (…) vamos fazer greve em 5 e 6 de julho. E é uma greve para todos os médicos”, salientou.

Relativamente às propostas, Joana Bordalo e Sá afirmou que não respondem às principais reivindicações da FNAM, começando por apontar o horário semanal, em que o MS pretende manter as 40 horas semanais, e a federação insiste que deve baixar para as 35 horas.

“Depois, há a questão deste novo regime de trabalho que nos é apresentado, como sendo uma dedicação plena, que seria obrigatório para os médicos de família que fossem trabalhar nas USF [Unidades de Saúde Familiar] ou para os hospitalares que estivessem num Centro de Responsabilidade Integrada”, salientou.

Neste caso, a FNAM defende que a dedicação seja exclusiva, mas opcional, “para ninguém ser obrigado a nenhum regime”.

“Para os médicos de família é uma situação, para os médicos hospitalares é outra e para os médicos de saúde pública, para já, não há nenhuma situação, porque foram esquecidos e não foram contemplados”, criticou, considerando esta situação inaceitável.

Na dedicação plena está previsto para os médicos hospitalares um suplemento de 20%, mas, explicou a sindicalista, “é só para aqueles que abracem este regime”, o que “não é aceitável”.

A FNAM também não aceita grelhas que não se apliquem a todos os médicos, independentemente da carreira, especialidade, ou internato médico

“Os aumentos, para quem trabalha 40 horas, 35 horas com dedicação exclusiva (DE), 42 horas com DE ou 35 horas sem DE, correspondem apenas a um nível da Tabela Remuneratória Única (TRU), ou seja, valores que podem ser inferiores a 70 euros no salário base”, salientou.

Para Joana Bordalo e Sá, também é “completamente inadmissível” o aumento do limite das horas extraordinárias para as 350 horas por ano. “Isto é inconstitucional. O máximo que a lei permite é 200 horas, sendo que nos médicos são 150 horas”, vincou.

Por outro lado, apontou, está a ser proposto um novo modelo de USF, diferente do das USF B que existe agora e que ainda não foi testado: “Nós não temos a certeza que consigamos garantir os ganhos em qualidade e saúde do modelo anterior, além de que isto pode ter algum prejuízo no salário dos médicos de família”.

Outras medidas que a FNAM considera inaceitáveis são a manutenção das 18 horas do horário normal em serviço de urgência – que a FNAM defende que passe para 12 horas, porque os médicos têm de realizar consultas, cirurgias, formação de internos – e os médicos que não façam urgência na dedicação plena terem de trabalhar um sábado por mês.

Últimas do País

A vacina da gripe destinada a idosos a partir dos 85 anos está em falta em várias Unidades Locais de Saúde (ULS) do país, tendo sido dadas indicações para que estas cedam doses entre si, confirmou hoje a DE-SNS.
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), António Nunes, afirmou hoje que o Congresso, que decorre em Alcobaça, deve ser um ponto de viragem para o setor, que exige a valorização das carreiras e a dignificação das associações.
A Associação de Proteção Civil APROSOC responsabilizou hoje a Câmara do Seixal e a freguesia de Fernão Ferro pela morte de dois idosos, na quinta-feira, nas cheias no concelho, defendendo que devem ser julgadas "por omissões grosseiras".
Um homem e uma mulher com mandados de detenção internacional, emitidos pelo Brasil, por crimes de associação criminosa, corrupção e branqueamento de capitais, foram detidos em Lisboa, anunciou hoje a Polícia Judiciária (PJ).
Portugal continental registou 198 ocorrências entre as 00:00 e as 08:00 de hoje, devido ao mau tempo, sobretudo na área metropolitana do Porto, com o número de incidentes a diminuir devido à gradual melhoria do tempo.
O Serviço Regional de Proteção Civil (SRPC) da Madeira voltou hoje a recomendar a adoção de medidas preventivas devido à passagem da depressão Cláudia no arquipélago, prevendo-se um agravamento das condições meteorológicas até domingo.
A Polícia Judiciária (PJ) apresentou esta sexta-feira, em Coimbra, uma nova campanha de sensibilização para os riscos no ambiente digital, revelando que 11,5% dos jovens que participaram em sessões de prevenção afirmam ter sido vítimas de cibercrime.
As exportações de vinho português atingiram 696,1 milhões de euros no terceiro trimestre, mantendo-se estáveis face ao mesmo período do ano passado, segundo dados da ViniPortugal hoje divulgados.
O antigo Hotel Nave, no Porto, permanece abandonado e tem vindo a ser ocupado de forma irregular por imigrantes que procuram um local para passar a noite. O edifício, que funcionou durante cerca de 60 anos como unidade hoteleira, encontra-se entaipado, degradado e sem condições de segurança.
A Polícia Judiciária (PJ) deteve um homem de 29 anos por, alegadamente, ter tentado matar outro com uma arma em julho, em Matosinhos, no distrito do Porto, anunciou hoje esta força policial.