Manuel Clemente completa 10 anos no Patriarcado com substituição no horizonte próximo

© Facebook/patriarcadolisboa

O cardeal-patriarca de Lisboa cumpre na próxima quinta-feira, 06 de julho, 10 anos à frente do Patriarcado, a dias de completar 75 anos, idade canónica para pedir a resignação, sendo esperada a sua substituição nos próximos meses.

Sendo certo que o Papa, caso não haja graves problemas de saúde, pode manter no cargo um bispo um ou dois anos para além da idade da resignação, no caso de Manuel Clemente a substituição a curto prazo é apontada como certa, uma vez que foi o próprio que, na Missa Crismal deste ano, em 06 de abril, se manifestou convicto de que aquela seria a última a que presidiria enquanto patriarca.

A convicção de que assim será é comum a muitos católicos diocesanos de Lisboa, onde não estão ausentes as movimentações no sentido de desenhar o perfil considerado adequado para o futuro titular da diocese.

Neste sentido, no final de maio, um grupo de católicos de Lisboa enviou mesmo uma carta ao Vaticano, defendendo que o próximo patriarca seja “um bispo centrado no essencial” com a “atitude de proximidade e cuidado (…) com todos”, em especial os “mais pobres e vulneráveis”.

Na carta, os subscritores – entre os quais o jornalista Jorge Wemans, e o dinamizador da carta que pediu uma investigação independente sobre os abusos no seio da Igreja, Nuno Caiado – defendiam que o novo bispo “seja a imagem do Bom Pastor” e tenha “a atitude de proximidade e cuidado de Jesus Cristo com todos, em especial com os mais pobres e vulneráveis, doentes, excluídos e marginalizados, não a partir de cima, mas envolvendo-os” e que seja “um bispo livre e humilde”, com “movimentos de simples pastor e não de príncipe”.

Quanto a nomes, vários têm sido apontados publicamente, desde Américo Aguiar (auxiliar de Lisboa e presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023) a Francisco Senra Coelho (Évora), passando por Virgílio Antunes (Coimbra) ou Nuno Brás (Funchal), mas é sabido que muitas vezes é a surpresa que marca a decisão do Vaticano.

É conhecida, no entanto, a opinião de Manuel Clemente, que, no verão de 2022, em entrevista à Rádio Renascença, defendeu que Lisboa iria precisar de “um bispo a condizer com a juventude”.

E é a juventude que vai marcar o grande momento desta década de Clemente à frente do Patriarcado, com a realização, de 01 a 06 de agosto, da Jornada Mundial que poderá reunir mais de um milhão de jovens de todo o mundo para um encontro presidido pelo Papa.

Estes dias de festa em agosto, no entanto, não apagarão as marcas do último ano e meio, quando os casos de abuso no Patriarcado saltaram para o domínio público e afetaram a imagem de Manuel Clemente que, segundo o jornal 7Margens, num encontro no Vaticano com o Papa Francisco, em 05 de agosto de 2022, terá deixado nas mãos do pontífice a possibilidade de ser substituído no cargo ainda naquele verão.

Em causa estava, desde logo, um caso ocorrido em 1999 e recuperado no final de julho pelo jornal Observador, dando conta de que o atual patriarca “teve conhecimento de uma denúncia de abusos sexuais de menores relativa a um sacerdote do Patriarcado e chegou mesmo a encontrar-se pessoalmente com a vítima, mas optou por não comunicar o caso às autoridades civis e por manter o padre no ativo com funções de capelania”.

“Além disso, o sacerdote continuou a gerir uma associação privada onde acolhe famílias, jovens e crianças, com o conhecimento de D. Manuel Clemente. Tudo, porque (…) a vítima, que alega ter sofrido os abusos na década de 1990, não quis que o seu caso fosse público e queria apenas que os abusos não se repetissem”, noticiou o jornal.

Clemente, assegurou, então, numa carta aberta, que “desde a primeira hora” deu instruções, no Patriarcado, “para que a Tolerância Zero e a Transparência Total sejam regra conhecida de todos” quanto ao abuso de menores e procurou esclarecer o que “testemunhou” no caso do padre acusado de abuso denunciado em 1999 ao anterior patriarca, José Policarpo, e disse aceitar que “este caso e outros do conhecimento público e que foram tratados no passado, não correspondem aos padrões e recomendações que hoje” todos querem “ver implementados”.

A par deste, outros casos de suspeitas de abusos no Patriarcado foram noticiados, tendo, já em março deste ano, sido suspensos do ministério quatro sacerdotes, um dos quais foi, entretanto, autorizado a voltar às suas funções.

Por mais de uma vez o patriarca pediu perdão às vítimas de abuso, como em 06 de abril, em que fez questão de vincar que esse pedido era “institucional e convicto” enquanto titular do Patriarcado.

A verdade é que a questão dos abusos marcou de forma impressiva os últimos meses do cardeal Manuel Clemente no Patriarcado, ecoando ainda as declarações feitas em março, quando considerou “insultuoso para as vítimas” falar-se em indemnizações.

E é com estes últimos meses de ambiente carregado, que, após 16 de julho e da carta de pedido de renúncia que dirigirá ao Papa, o cardeal natural de Torres Vedras, doutorado em Teologia Histórica, Prémio Pessoa, atribuído em 2009 pela “sua intervenção cívica” que se tinha “destacado por uma postura humanística de defesa do diálogo e da tolerância, de combate à exclusão e da intervenção social da Igreja”, entrará num período de espera, até que o Vaticano o liberte de funções.

Últimas do País

O presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) afirmou hoje que a descida de casos de cancro em 2022 reflete uma normalização estatística, após os atrasos nos diagnósticos provocados pela pandemia, alertando que a tendência é de aumento.
associação que representa os médicos tarefeiros disse hoje que as urgências hospitalares só funcionam graças ao trabalho dos referidos de serviço e determinadas que o atual modelo assenta num modelo de “exploração silenciosa”.
A atividade gripal continua a manter elevada a pressão sobre os serviços de saúde do Médio Tejo, com destaque para a urgência do Hospital de Abrantes, havendo oito doentes em cuidados intensivos, cinco dos quais devido a infeção respiratória e três com gripe A, e nenhum deles vacinado.
A bilhética integrada com Cartão de Cidadão, que visa simplificar e unificar o acesso aos transportes públicos, permitindo utilizar diversos modos de transporte com uma só identificação, estará concluída na segunda metade de 2027.
As seguradoras contabilizaram um montante total de 31 milhões de euros em danos provocados pela Depressão Cláudia, que atingiu Portugal em novembro, segundo dados divulgados pela Associação Portuguesa de Seguradores (APS).
Cerca de 1,7 milhões de pessoas continuam a viver em Portugal abaixo do limiar da pobreza, das quais cerca de 300 mil são crianças, apesar de o risco de pobreza ter descido, em 2024, para o valor mais baixo dos últimos 20 anos.
Nova presidente, novo vice-presidente e ordenados reforçados. O Governo reclassificou o Metro de Lisboa para a categoria A e alinhou os salários da administração com os da CP e com o do primeiro-ministro.
A empresa municipal Carris vai reforçar as carreiras de autocarros na noite da passagem de ano em Lisboa, que se celebrará no Terreiro do Paço, enquanto o metro encerrará no horário habitual, às 01h00, revelou hoje a câmara.
O porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE) admitiu hoje que “não há hipóteses” de alteração dos boletins para as eleições presidenciais e indicou que eventualmente votos em candidaturas rejeitadas serão considerados nulos.
A festa de passagem de ano no Terreiro do Paço, em Lisboa, vai ter um dispositivo de segurança “muito robusto”, com revistas nos seis pontos de entrada do recinto, que abre às 19h30 de quarta-feira, revelou hoje a PSP.