Na terça-feira, foram registados 110 desembarques com mais de 5 mil migrantes na pequena ilha siciliana, que fica mais perto da costa africana do que da própria península italiana, e desde as 00:00 de hoje já chegaram mais 23 embarcações, com quase um milhar de migrantes, muitos dos quais aguardam no porto, já que o centro de acolhimento (‘hotspot’) de Lampedusa, com capacidade para 400 pessoas, está completamente sobrelotado, com cerca de 6 mil migrantes.
De acordo com os órgãos de comunicação social italianos, no porto de Lampedusa regista-se um autêntico engarrafamento de embarcações e o pessoal de salvamento e a Cruz Vermelha não conseguem gerir um fluxo que levou o presidente da câmara de Lampedusa, Filippo Mannino, a exortar o governo da direita liderado por Giorgia Meloni a tomar “medidas de emergência”, como a intervenção do exército.
“Nunca vimos nada assim antes, com dezenas e dezenas de pequenas embarcações escoltadas ou ligadas a unidades de salvamento em frente ao porto, e outras que conseguem chegar diretamente”, disse, apontando que estes são “números que já não são sustentáveis nesta ilha”, razão pela qual é necessária “uma intervenção do exército”.
Durante uma das operações realizadas hoje ao início da manhã pela guarda costeira, alguns dos 46 migrantes que se encontravam numa embarcação caíram à água e foram resgatados, mas um recém-nascido de cinco meses afogou-se, tendo o seu corpo sido já recuperado.
Desde o início do ano, um total de 116.028 migrantes desembarcaram em Itália, mais do dobro do que no mesmo período do ano passado (63.498), segundo os últimos dados oficiais publicados pelo Ministério do Interior.
Lampedusa, uma pequena ilha de 20 quilómetros quadrados com cerca de seis mil habitantes, é o ponto mais a sul de Itália, tendo-se tornado um dos principais pontos de entrada na Europa de migrantes irregulares, na maioria subsaarianos, que atravessam o Mediterrâneo em embarcações precárias operadas por redes de traficantes desde a Líbia e Tunísia.