“A aposta e o investimento em investigação são muito importantes para termos mais conhecimento e mais informação. Isso irá traduzir-se em maior sobrevivência dos doentes, melhor tratamento e melhor qualidade de vida. É importante investir em novos métodos de rastreio, entre outras medidas”, defendeu a responsável pelo departamento de investigação o Núcleo Regional do Norte (NRN) da LPCC, Mónica Gomes.
O 5.º Encontro Nacional de Jovens Investigadores em Oncologia (ENJIO) acontece sexta-feira, no Porto.
A aposta neste encontro e neste tema decorre também dos resultados de estudos recentes como o publicado na revista científica BMJ Oncology, que aponta que os casos de cancro em pessoas com menos de 50 anos registaram um aumento de 80% nas últimas três décadas.
Com base nestes números, estima-se que a incidência da doença aumente mais 21% nesta faixa etária até 2030.
À agência Lusa, a responsável disse que estão inscritos no encontro cerca de 130 jovens e destacou vários momentos de um programa que inclui o lançamento da próxima edição do Prémio Liga Inovação, um premio de 7.500 euros financiado pela empresa Bioportugal.
Com este montante, o vencedor é desafiado a desenvolver um projeto de investigação na área oncológica, estando a concurso várias propostas, desde novos métodos de rastreio, caracterização de novos genes no cancro do pâncreas, cancro pediátrico, estudo do cancro hereditário, entre outras.
Mónica Gomes destacou que o Núcleo Norte da LPCC recebeu propostas de todo o país e de várias áreas, desde a área mais clínica, à ligada à engenharia ou ao exercício físico, bem como de epidemiologia.
Além do Prémio Liga Inovação, o júri avaliará o melhor poster (600 euros de prémio) e a melhor comunicação oral (850 euros).
Com comunicações orais e sessões plenárias, o programa do 5.º ENJIO inclui a apresentação de um trabalho que incide no que aconteceu durante a pandemia da covid-19, analisando taxas de incidência e de mortalidade.
“O objetivo principal é juntar jovens investigadores em oncologia e criar um momento de partilha e de troca de ideias, troca de experiências, de contacto para que se possa discutir assuntos pertinentes a esta classe”, disse Mónica Gomes.
À Lusa, a responsável pelo departamento de investigação do NRN da LPCC referiu que é “cada vez mais urgente discutir ciência, discutir investigação e o que se está a fazer e aprender para se poder melhorar”.
“Sentimos que os recursos nacionais não chegam a toda a gente. Vemos isso pelo apoio que damos nas bolsas anuais. No Norte concedemos, todos os anos, 15 bolsas de manutenção mensal dedicadas a projetos de investigação e temos cerca de 80 candidaturas. São jovens investigadores que não têm outro recurso nacional. Vemos pessoas com grande currículo, já doutoradas há sete e oito anos, que não têm apoios nos organismos públicos”, lamentou.
E resumiu sobre uma das áreas mais importantes da oncologia: “Ao nível do rastreio temos de repensar e obrigar os decisores políticos a ser mais ágeis nas decisões”.
Mónica Gomes considerou que “é necessário motivar e dar importância a uma classe que por vezes é esquecida”.
“Só quando vem um problema muito sério, como foi a covid-19, é que se lembram que há investigadores que até desenvolvem uma vacina muito rápido, porque em situações normais a classe que está metida nos seus laboratórios é esquecida. A Liga apoia a investigação e ao apoiar a investigação está, de uma forma indireta a apoiar o doente oncológico”, concluiu.
Além dos rastreios, neste encontro a organização pretende por na mesa de debate temas como vacinas, tratamentos inovadores, ensaios clínicos e inteligência artificial.