Economia portuguesa perde velocidade no 3.º trimestre

A economia portuguesa perde velocidade no terceiro trimestre, aponta o Barómetro de Conjuntura Económica CIP/ISEG hoje divulgado, que prevê "a mesma trajetória" para o último trimestre do ano, o que "são notícias preocupantes".

© D.R.

 

Em síntese, as receitas de turismo estão a desacelerar, há um fraco crescimento nominal no volume de negócios dos serviços e contração na indústria e “apenas o consumo de cimento melhorou”, de acordo com as conclusões do Barómetro de Conjuntura CIP/ISEG.

Assim, o barómetro “aponta para um crescimento em cadeia no terceiro trimestre ‘entre o ligeiramente positivo e o ligeiramente negativo’, prevendo a mesma trajetória para o quarto trimestre – o que são notícias preocupantes para a economia portuguesa, que atravessa um evidente momento de arrefecimento”, lê-se no comunicado.

A evolução da procura externa líquida, “também em termos de evolução em cadeia, é provável que permaneça negativa, uma vez que o crescimento em valor das receitas turísticas está a desacelerar bastante em relação ao crescimento do trimestre anterior”, refere.

O barómetro alerta para um “enquadramento externo recessivo que necessariamente irá penalizar o crescimento da economia portuguesa através da procura externa”, ou seja, “a subida das taxas de juros pelo Banco Central Europeu [BCE] está a provocar uma travagem na Zona Euro, impactando as previsões de crescimento para este ano e também para o próximo, o que terá de ter consequências no Orçamento do Estado que será apresentado na próxima semana”.

“A previsão para o crescimento anual do PIB [produto interno bruto] em 2023 foi agora revista em baixa para um intervalo entre 2,0% a 2,4%, sendo que 2,1% corresponderia a uma situação de estagnação até ao final do ano”, acrescenta.

“Os sinais são de contração na indústria, crescimento na construção indiciado pelo maior consumo de cimento, uma boa notícia, crescimento relativamente estável e moderado no volume de negócios no comércio a retalho e um fraco crescimento nominal do volume de negócios nos serviços, outro sinal de alarme que tem de ser levado em conta nas próximas políticas públicas a apresentar pelo Governo”, elenca o Barómetro CIP/ISEG.

“A travagem da economia nacional está em curso, como a CIP antevira ainda antes do verão. O Barómetro CIP/ISEG confirma-o sem margem para dúvidas, bem como o confirmam outros indicadores recolhidos pela CIP junto dos empresários”, afirma o presidente da CIP, Armindo Monteiro, citado em comunicado.

“A venda de maquinaria, que nos serve como uma espécie de indicador avançado do clima económico, perdeu velocidade ao longo dos últimos meses, já que os empresários se estão a preparar para um cenário mais difícil ou até adverso em 2024”, prossegue, considerando que “o Governo tem de proteger os trabalhadores e as empresas sem tibiezas e isso tem de ficar bem claro no OE2024”.

Últimas de Economia

O consumo de cimento no mercado nacional totalizou 2,657 milhões de toneladas até agosto, recuando 1,6% em termos homólogos, apesar do crescimento registado no mercado residencial, segundo dados divulgados hoje pela associação setorial.
O excedente da conta corrente de bens da zona euro abrandou, em agosto, para mil milhões de euros, face ao homólogo de três mil milhões de euros, divulga hoje o Eurostat.
O Banco de Portugal (BdP) apelou hoje para que os consumidores estejam em alerta quando recebem mensagens ou chamadas que reclamam pagamentos de serviços como energia, água, telecomunicações ou a entidades públicas.
A dívida pública global deverá ultrapassar os 100% do PIB até 2029, o nível mais elevado em cerca de 77 anos, segundo estima o Fundo Monetário Internacional (FMI) no relatório divulgado hoje.
O parlamento aprovou hoje, na especialidade, a proposta de lei do Governo para reduzir a taxa do IRC para 19% em 2026 e para que a tributação continue a baixar nos dois anos seguintes, até ficar em 17% em 2028.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em alta as previsões para o crescimento da economia mundial, para 3,2% este ano, face aos 3% que apontou em julho, segundo o World Economic Outlook (WEO), hoje publicado.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a economia portuguesa vai crescer 1,9% este ano e 2,1% no próximo, mais pessimista que o Governo, que no Orçamento do Estado aponta para crescimentos de 2% e 2,3%.
Portugal vai receber 1,06 mil milhões de euros do sétimo pedido de pagamento ao abrigo do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR) do programa NextGenerationEU, anunciou hoje a Comissão Europeia.
Menos de um quinto das contas de 2024 das entidades que integram os subsetores da Administração Central e da Segurança Social foram instruídas com a respetiva certificação legal, inviabilizando uma leitura consolidada e fiável, segundo um relatório do TdC.
Os preços de ouro e prata, metais preciosos considerados investimento seguro em tempos incertos, bateram, esta segunda-feira, valores recorde, respetivamente com 4.080 dólares (3.512 euros) e 51 dólares (44 euros) a onça de cada um, segundo a Bloomberg.