Ministros das Finanças do euro e da UE discutem regras orçamentais sem acordo à vista

Os ministros das Finanças da zona euro e da União Europeia (UE) reúnem-se, respetivamente, hoje e quinta-feira em Bruxelas, para discutir a reforma das regras relativas ao défice e à dívida pública, não se prevendo um acordo.

© D.R.

Numa altura em que os países da UE ainda trabalham para chegar a um consenso sobre a revisão das regras orçamentais, os ministros do euro reúnem-se hoje em Bruxelas a preparar uma discussão que será feita a 27 na quinta-feira e que será dominada pela prevista retoma em 2024 das regras da governação económica, faltando decidir em que moldes.

A dividir os países estão os pedidos para inclusão de medidas anticíclicas, feitos pelos países do sul da Europa, e a exigência de objetivos concretos de redução da dívida, solicitada por países do norte como a Alemanha, sendo que, perante desacordo, aplicam-se as regras existentes.

Na antevisão destas duas reuniões, fontes europeias indicaram que, a haver acordo entre os Estados-membros da UE, isso só acontecerá na reunião do Ecofin de dezembro próximo, após uma falta de consenso agora e de setembro.

Falta acordar questões como o nível de redução média anual da dívida pública, a margem de segurança do défice que será estabelecida e quais os desvios para dar origem a procedimentos por défice excessivo, de acordo com as mesmas fontes.

A posição surge quando se prevê a retoma destas regras orçamentais em 2024, após a suspensão devido à pandemia e à guerra da Ucrânia, com nova formulação apesar dos habituais tetos de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) para a dívida pública e de 3% do PIB para o défice.

Portugal tem vindo a defender a introdução de um caráter anticíclico nesta reforma, para que, em alturas de maior crescimento económico, os países realizem um esforço maior para baixar a dívida pública e que, ao invés, tenham ritmos de redução mais lentos em alturas de PIB mais contido.

A Alemanha é o país mais cético, ao exigir garantias de que os países endividados vão reduzir a sua dívida pública.

A discussão tem por base uma proposta da Comissão Europeia, divulgada em abril passado, para regras orçamentais baseadas no risco, com uma trajetória técnica e personalizada para países endividados da UE, como Portugal, dando-lhes mais tempo para reduzir o défice e a dívida.

Nestas reuniões, está também em cima da mesa a sucessão do Banco Europeu de Investimento (BEI), sem se prever também qualquer acordo, numa decisão que tem de ser tomada pelos 27 Estados-membros por maioria qualificada.

Concorrem ao BEI cinco candidatos, entre os quais a vice-presidente executiva da Comissão Europeia Margrethe Vestager e a vice-presidente e ministra dos Assuntos Económicos, Nadia Calviño.

Como a Lusa avançou, Portugal apoia a candidatura de Nadia Calviño, cabendo agora aos ministros das Finanças da UE chegar a um consenso sobre um nome para suceder a Werner Hoyer, que deveria sair do cargo no final do ano.

Nestas reuniões, os ministros europeus da tutela vão ainda discutir os cenários de crescimento mais ‘contido’ e pressionado pelo contexto geopolítico, de guerra na Ucrânia causada pela invasão russa e de tensões no Médio Oriente entre Israel e o grupo terrorista Hamas.

Últimas de Política Internacional

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, assegurou hoje que o Acordo de Parceria Estratégica Global que Moscovo vai assinar na sexta-feira com o Irão não é dirigido contra nenhum país, referindo-se aos Estados Unidos.
O Conselho da União Europeia (UE) prolongou hoje até 20 de janeiro do próximo ano as restrições contra "os que apoiam, facilitam ou permitem ações violentas" por parte do Hamas e da Jihad Islâmica Palestiniana.
A Rússia e o Irão vão assinar um acordo de parceria estratégica na sexta-feira, durante uma visita à Rússia do Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, anunciou hoje o Kremlin.
A Rússia considerou hoje prematuro falar sobre um local para um encontro entre o líder russo, Vladimir Putin, e o próximo Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre a resolução do conflito na Ucrânia.
O partido de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) aprovou hoje um programa eleitoral que inclui promessas de encerrar fronteira, "remigração" de imigrantes, a saída do euro e a reintrodução do serviço militar obrigatório.
O primeiro-ministro de Israel manteve hoje uma conversa telefónica com o Presidente dos Estados Unidos sobre as negociações para um cessar-fogo em Gaza e a libertação dos restantes reféns israelitas detidos no enclave palestiniano.
O presidente eleito dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, voltou a atacar os líderes do estado da Califórnia, afirmando que há incompetência no combate aos fogos que assolam a zona de Los Angeles.
Os líderes do G7 denunciaram "a falta de legitimidade democrática da alegada investidura de Nicolás Maduro como presidente da Venezuela", numa declaração emitida pelo Departamento de Estado norte-americano.
Espanha não reconhecerá "legitimidade democrática" à tomada de posse do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, prevista para hoje em Caracas, disse fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) espanhol.
Um investigador ouvido pela Lusa considerou hoje que uma mudança efetiva no regime político venezuelano só poderá acontecer com um forte apoio externo, quando o país enfrenta uma grave crise económica, social e humanitária.