Migrações: Governo italiano rejeita críticas e garante que acordo com Albânia é legal

O acordo que o Governo italiano assinou esta semana com Tirana para criar centros de migrantes na Albânia “cumpre todas as leis da União Europeia [UE]”, garantiu hoje o vice-primeiro-ministro de Itália, rejeitando as várias críticas.

© Facebook de Antonio Tajani

“É muito diferente de outros acordos alcançados por outros países”, assegurou o também ministro dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, referindo que “o objetivo é garantir que as pessoas que não cumpram as regras e não têm direito a entrar em Itália possam ser levadas de volta aos seus países de origem”.

Nos termos do acordo que a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, assinou na segunda-feira, em Roma, com o primeiro-ministro albanês, Edi Rama, os migrantes resgatados no mar pelas autoridades italianas serão levados para a Albânia.

A medida não se aplica aos migrantes recolhidos por navios de busca e salvamento geridos por organizações não-governamentais (ONG), aos que efetivamente desembarcam em Itália, nem aos menores, às mulheres grávidas e às pessoas vulneráveis.

Segundo o acordo, a Itália tratará dos procedimentos de desembarque e identificação e criará um primeiro centro de receção e triagem no porto de Shëngjin, no noroeste da Albânia.

Em Gjader, também no noroeste da Albânia, criará outro centro para requerentes de asilo provenientes dos chamados países de origem seguros, nos moldes do centro no porto siciliano de Pozzallo, onde as pessoas são retidas durante o tempo necessário para realizar procedimentos acelerados de determinação de asilo.

O acordo tem sido alvo de diversas críticas tanto internas como externas.

Na terça-feira, a líder do principal partido de oposição, o Partido Democrático (PD), Elly Schlein, disse que o acordo “parece uma violação aberta do direito internacional e europeu”.

Já hoje, o presidente da Conferência Episcopal Italiana e arcebispo de Bolonha, cardeal Matteo Zuppi, considerou que o acordo é “uma admissão de incapacidade” de Itália em receber os migrantes.

Também a secção italiana da organização internacional de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional considerou o acordo “ilegal e inviável”.

“As pessoas que são resgatadas no mar pelas autoridades italianas, incluindo aquelas que procuram refúgio na Europa, estão sob jurisdição italiana e não podem ser transferidas para outro Estado antes de os seus pedidos de asilo e situações individuais serem examinados”, explicou a Amnistia.

No mesmo dia, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) apelou à Itália para que “respeite o direito internacional” e sublinhou que “os acordos de transferência de requerentes de asilo e refugiados devem respeitar o direito internacional dos refugiados”.

Por seu lado, a Comissão Europeia decidiu solicitar “informações detalhadas” ao Governo italiano.

O acordo foi comparado pela comissária da UE para os Assuntos Internos, Ylva Johansson, com um tratado celebrado em 2022 entre o Reino Unido e o Ruanda, considerado na altura como uma forma indigna de política de migração.

“Estamos em contacto com as autoridades italianas porque temos que examinar os detalhes” do acordo, mas em relação ao Reino Unido-Ruanda (…), pelas informações iniciais que temos, não é o mesmo cenário”, disse a porta-voz.

Ainda assim, a porta-voz lembrou que este tipo de acordo tem “de respeitar” o direito europeu e internacional em matéria de asilo.

Últimas de Política Internacional

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, voltou hoje a criticar a União Europeia, afirmando que o "império de Bruxelas" abusa do seu poder, e defendeu que as forças ultraconservadoras são cada vez mais fortes no mundo.
O enviado norte-americano Steve Witkoff vai levar uma mensagem do Presidente da Rússia para o homólogo dos Estados Unidos sobre a proposta de tréguas na Ucrânia, anunciou hoje o porta-voz do Kremlin (presidência).
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse hoje que apoia a cessação das ações militares na Ucrânia, desde que leve a uma "paz duradoura", em resposta à proposta de tréguas de 30 dias dos Estados Unidos já aceite por Kiev.
O exército francês utilizou gás tóxico em grande escala nas grutas que serviam de esconderijo aos combatentes nacionalistas argelinos durante a Guerra da Argélia (1956/62), revelação conhecida num documentário divulgado esta quarta-feira pela France Télévisions.
Os Estados Unidos vão enviar mais de 600 soldados adicionais para a fronteira com o México, adiantaram terça-feira as forças armadas norte-americanas, na sequência do reforço das medidas de combate à imigração ilegal pelo Governo liderado por Donald Trump.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou hoje a deslocação imediata de negociadores à Rússia, afirmando ainda esperar que o seu homólogo russo, Vladimir Putin, aceite o cessar-fogo temporário na Ucrânia.
O Canadá anunciou hoje que vai impor novas tarifas alfandegárias sobre determinados produtos norte-americanos a partir de quinta-feira, em resposta à taxação sobre o aço e o alumínio anunciada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A Ucrânia está pronta para assinar "a qualquer momento" o acordo-quadro sobre a exploração dos seus recursos naturais pelos Estados Unidos, apesar do anúncio da Casa Branca da suspensão da ajuda militar norte-americana, disse hoje o primeiro-ministro.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou hoje, em Bruxelas, querer mobilizar 800 mil milhões de euros para investimento na defesa europeia.
Os EUA saudaram hoje uma iniciativa europeia para "assumir a liderança em matéria de segurança" no continente, após uma reunião no domingo entre os principais líderes da região e o Canadá, para discutir a guerra na Ucrânia.