“É com profunda tristeza, mas com sentido de responsabilidade e ancorado nas minhas convicções que vos dou conhecimento que comuniquei hoje ao senhor Secretário-geral do PSD o meu pedido de demissão do partido (suspensão definitiva da qualidade de militante), após mais de 40 anos de filiação e militância”, refere o antigo membro da direção de Rui Rio, numa mensagem aos deputados a que a Lusa teve acesso.
O deputado informou que também comunicou ao líder do grupo parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, as razões pelas quais considera não poder continuar a integrar a bancada, comunicando-lhe formalmente que tenciona cumprir o resto do mandato como deputado não inscrito.
Sem detalhar na mensagem essas razões, António Maló de Abreu disse já ter transmitido a mesma informação ao presidente da Assembleia da República, numa mensagem enviada na véspera do último plenário da XV legislatura, que se prolongará até à posse da nova após as legislativas de 10 de março.
“Sei bem que tão drástica decisão pode ser incompreendida ou mal interpretada. Sei bem que nada será como dantes. Mas é da vida – e é da minha vida, nunca abdicar dos meus valores e princípios. Nem entregar a outros decisões que só a mim me cabem, por muito fraturantes e dolorosas que sejam”, refere.
Na mensagem, o deputado, que exerce funções de presidente da Comissão de Saúde na atual legislatura, diz que esta foi uma decisão pessoal, tomada “sem ouvir quem quer que seja, na solidão interior a que os momentos importantes e as situações de rutura” na vida e percurso pessoal exigem.
Maló de Abreu diz ter explicado a Augusto Santos Silva e a Joaquim Miranda Sarmento as razões pelas quais considera “não existirem condições de trabalho para continuar a integrar o Grupo Parlamentar do PSD”.
“E que tenciono cumprir até ao final da legislatura o compromisso que assumi com os eleitores do círculo eleitoral que me elegeram”, disse, tendo comunicado formalmente ao presidente do parlamento que exercerá o final do mandato como deputado não inscrito, uma possibilidade prevista no Regimento.
Dirigindo-se aos restantes parlamentares, o deputado eleito pelo círculo Fora da Europa na atual legislatura diz saber que esta sua decisão pode comprometer “o bom relacionamento” que sempre manteve com todos, a quem agradece o companheirismo.
Na sequência da demissão do primeiro-ministro a 07 de novembro, o Presidente da República anunciou que iria dissolver o parlamento no próximo dia 15 de janeiro e convocar eleições legislativas antecipadas para 10 de março.
O Conselho Nacional do PSD reúne-se na próxima segunda-feira para aprovar as listas de candidatos a deputados, estando a decorrer esta semana as reuniões entre as estruturas distritais e representantes da direção.