GEOTA critica estratégia do Plano Ferroviário Nacional

O grupo ambientalista GEOTA criticou hoje estratégia do Plano Ferroviário Nacional, por assentar na premissa de que a velocidade é o fator primordial da qualidade do serviço, e considerou que a avaliação ambiental não equaciona nenhuma das “questões estratégicas”.

© D.R.

 

Em comunicado, o GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente lembra que concorda com os grandes objetivos e princípios defendidos no Plano Ferroviário Nacional (PFN), mas constata que a forma de aplicação defendida “é contraditória com esses mesmos princípios e é, em muitos casos, danosa para a coesão territorial e o ambiente”.

O grupo lamenta que a Avaliação Ambiental Estratégica do Plano Ferroviário Nacional (AAE-PFN), cuja consulta pública terminou na sexta—feira, “não contribua em nada para aliviar as profundas falhas e insuficiências” do PFN.

Segundo a associação ambientalista, a versão de 2022 do PFN “sofre de lacunas graves”, ao focar-se nas infraestruturas, “desvalorizando a exploração da rede e coordenação de serviços e, muito em particular, a questão essencial dos horários”.

“A estratégia deste PFN assenta, erradamente, na premissa de que a velocidade é o fator primordial da qualidade do serviço, quando na realidade o fundamental é uma conjugação de frequência, cobertura, intermodalidade, coerência e redução dos tempos totais de trajeto incluindo acessos, transbordos e tempos de espera”, escreve.

Na nota hoje divulgada, considera “escassa” a preocupação que o PFN demonstra quanto à relação custo/eficácia/impactes, criticando as “opções de viabilidade pouco credível, quase nunca demonstrada e social e ecologicamente conflituosas”.

“Esta postura conduziu no passado a gastos avultados em projetos avulsos, sem que tal tenha resultado, nem na melhoria do desempenho do serviço ferroviário, nem na transferência modal do carro para os transportes públicos”, acrescenta.

Como exemplo, o GEOTA aponta o “projeto faraónico” da alta velocidade Lisboa-Porto, apontando para os “custos elevados, impactes sociais e ecológicos muito gravosos e viabilidade económica mais que duvidosa”.

O grupo lamenta que a Avaliação Ambiental Estratégica do PFN não seja “nem avaliação, nem ambiental, nem estratégica”, considerando que não equaciona nenhuma das questões que considera estratégicas como a coesão territorial, a mitigação dos impactes dos transportes, a análise de alternativas modais e as metas de mobilidade.

Acrescenta que a avaliação ambiental não procura alternativas melhores para o ambiente e para os cidadãos, sublinhando que nem é uma “verdadeira avaliação” porque se limita a “aceitar acriticamente” opções pré-definidas, não fundamentadas, e a enunciar um conjunto de “boas intenções” para reduzir “de forma marginal” os impactes identificados.

A GEOTA propõe uma “reformulação profunda” do setor e aponta duas prioridades: o desenvolvimento das ferrovias suburbanas para satisfazer o grosso dos movimentos pendulares nas áreas metropolitanas e a criação de um serviço nacional intercidades, com um horário conjugado para a totalidade da rede, pelo menos 140 estações chegando aos centros das principais cidades, aeroportos, portos e fronteiras, e acessível a pelo menos 80% da população.

O grupo mostra-se favorável à aplicação da alta velocidade ferroviária nas ligações internacionais de longa distância (superiores a 500 quilómetros).

Na nota hoje divulgada o grupo ambientalista defende “uma ferrovia para todos”, capaz de reduzir a poluição e o congestionamento das estradas e cidades e servir a coesão territorial, permitindo “uma mobilidade mais sustentável, eficiente e a baixo custo”, em alternativa à abordagem do PFN, que considera “cara e ineficaz”.

O Plano Ferroviário Nacional, apresentado em novembro de 2022, pretende definir as linhas de comboios a construir ou a manter até 2050.

Últimas do País

A Provedoria de Justiça contesta a fórmula de cálculo usada pelo Instituto da Segurança Social (ISS) para fixar pensões unificadas, considerando que limita “injustamente” o acesso e valor destas prestações, em prejuízo dos cidadãos
Esta semana está a ser sangrenta em Portugal, particularmente na Área Metropolitana de Lisboa. Em menos de 48 horas, três pessoas foram assassinadas e quatro foram internadas em estado grave. “Inqualificável”, diz André Ventura.
Nove em cada 10 Unidades de Saúde Familiar (USF) reportaram no último ano faltas de material básico como vacinas, e quase todas tiveram falhas informáticas, segundo o estudo anual que retrata o estado dos cuidados de saúde primários.
Um milhão e 800 mil pessoas a residir em Portugal vivem em famílias com rendimento inferior a 632 euros por mês, segundo dados divulgados esta sexta-feira pela Pordata, por ocasião do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.
Cerca de 40% das Unidades de Saúde Familiar (USF) dizem ter falta de profissionais na equipa e mais de 80% registaram ausências prolongadas, que tiveram de ser colmatadas maioritariamente com profissionais da mesma equipa.
A adesão à greve de hoje dos enfermeiros é de 100% no bloco operatório do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e nas consultas externas do Hospital de Viseu, segundo dados avançados à Lusa pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
As regiões montanhosas e a costa sul da ilha da Madeira encontram-se sob aviso amarelo devido à chuva, pelo menos até às 06h00 desta sexta-feira, indicou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
A chuva vai regressar a Portugal continental a partir de domingo, dia em que as temperaturas máximas podem descer 5 a 7 graus Celsius, disse à Lusa a meteorologista Ângela Lourenço.
Um homem de 52 anos foi detido pela Polícia Judiciária da Guarda por liderar um esquema fraudulento que lesou pelo menos 20 pessoas em quase um milhão de euros em mais de uma década.
Portugal utilizou 95% da quota de pesca do tamboril, ficando esta captura proibida a partir das 00h00 da próxima terça-feira, avisou hoje a Direção-Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM).