Marcelo defende avanços no papel da mulher e critica “nostálgicos saudosistas”

O Presidente da República defendeu hoje os avanços no papel da mulher em Portugal desde o 25 de Abril, manifestando-se convicto de que estão para durar porque são objeto de forte consenso, e criticou os "nostálgicos saudosistas".

© Facebook da Presidência da República

Marcelo Rebelo de Sousa assumiu estas posições durante uma palestra sobre o 25 de Abril, na Escola Secundária de Camões, em Lisboa, em que não quis comentar diretamente o livro “Identidade e Família — Entre a Consciência da Tradição e As Exigências da Modernidade”, apresentado pelo antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho na segunda-feira.

Na sua intervenção inicial, perante os cerca de 800 alunos que enchiam o pavilhão desportivo desta escola secundária, o chefe de Estado considerou que é importante recordar o passado, “para não haver o risco de voltarem a querer impor uma ditadura”, e exortou os jovens portugueses a mobilizarem-se pela renovação da democracia, advertindo que “as ditaduras começam com pezinhos de lã”.

“É fundamental, cada vez que aparecer alguém com ideias que sejam não aceitar — não aceitar a orientação de género ou a orientação política ou a orientação religiosa ou a orientação filosófica diferente –, cada vez que aparecer alguém a querer estabelecer censuras abertas ou escondidas, aí, dizer: atenção, isso pode ser uma moda, na Europa e no mundo, pode ser uma moda em Portugal, mas é uma moda que não pode pôr em causa a liberdade e a democracia”, apelou.

Depois, em resposta a um aluno que o questionou sobre o livro “Identidade e Família” e se declarou assustado com possíveis reversões de direitos pela aproximação de alguma direita moderada à direita mais radical, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que “aquilo que foi conquistado em termos de papel da mulher tendencialmente está para durar e, portanto, para ter futuro”, por representar “um consenso tão forte, tão forte, tão forte em termos maioritários”.

No seu entender, “um dos setores em que tem havido de uma maneira geral sistematicamente avanços” desde o 25 de Abril em Portugal ”é o do papel da mulher” e ainda assim com direitos por concretizar, como a igualdade salarial em relação aos homens.

“A minha convicção é a de que, apesar de em democracia ser teoricamente possível haver maiorias parlamentares que podem ser mudar a lei num sentido ou noutro, que o consenso existente na sociedade portuguesa — que é uma sociedade, além do mais, muito sensata — é um consenso favorável à valorização constante e duradoura do papel da mulher”, reforçou.

Durante esta palestra, o Presidente da República declarou-se “contra as xenofobias, complemente, os racismos, as discriminações e os fechamentos” e a favor de que Portugal continue “um país aberto”.

Mais à frente, interrogado por uma aluna sobre as diferenças entre a xenofobia atual e a anterior ao 25 de Abril, recordou que “havia um estatuto de indígenas” nas antigas colónias e perguntou: “Quando às vezes aparecem uns nostálgicos saudosistas a dizer que regressar ao passado é que é uma maravilha, mas qual passado? Qual passado? Um passado baseado na exploração da mão de obra colonial? No não reconhecimento de direitos mínimos a pessoas iguais a todas as demais?”.

“Hoje o problema da xenofobia é haver pessoas ou setores que não aceitam a diferença dos outros: ‘Eu penso isto, tu pensas aquilo, eu sou bom português, tu és mau português, eu tenho esta religião, tu não tens religião ou tens outra, és má portuguesa, eu acho que se tem sobre esta matéria de sexo ou de género uma posição, tu tens outra, tu não és uma pessoa que corresponde ao ideal do português’”, sustentou.

O chefe de Estado rejeitou a ideia de que “há os bons portugueses, fieis às raízes, à História, à tradição do império, àquilo que veio dos séculos, e há depois os não bons portugueses”, afirmando: “Isso não há, isso não há nem volta a haver nunca mais. Não sei se estão a perceber. Mas é uma moda que, na Europa, nos Estados Unidos e no mundo, está a dar, o hipernacionalismo”.

“Mas ‘sempre vivemos aqui’, quem? Algum português é puro? Quando a humanidade veio de África — está provado. Há algum europeu puro? Portugueses que são uma mistura, de tudo, de gregos, de romanos, de cartagineses, de fenícios, de nórdicos, de africanos, latino-americanos, disto, daquilo”, prosseguiu.

“É bom que se não venha querer ressuscitar o que nunca existiu, não devia existido, hoje não há e não vai haver no futuro”, concluiu.

Marcelo Rebelo de Sousa pediu aos jovens que lutem contra estas ideias, para que não pareçam ser vencedoras na opinião pública. “As pessoas às tantas perdem a noção da relatividade das coisas”, observou.

Outro aluno insistiu para que comentasse concretamente o livro apresentado por Passos Coelho e as palavras do antigo presidente do PSD, mas o chefe de Estado argumentou que não se deve “colocar no plano das lutas partidárias, dos protagonismos pessoais, dos projetos pessoais ou político-partidários de presente ou de futuro”.

Últimas de Política Nacional

O líder do CHEGA considerou hoje que as medidas anunciadas pelo Governo para responder às tarifas aduaneiras impostas pelos Estados Unidos da América chegaram "tarde demais" e afirmou que a União Europeia deve defender os seus produtos.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) considerou que "em sede de propaganda vigora o princípio da liberdade", a propósito dos cartazes do Chega que associam José Sócrates e Luís Montenegro à corrupção.
Ventura alegou que os estrangeiros “vêm para cá fazer turismo de Saúde” e que partidos como o Livre querem um sistema de “bar aberto” no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A conta do Presidente do CHEGA, André Ventura, na rede social X foi hoje suspensa, após a publicação de um vídeo onde pessoas de etnia cigana cometiam assaltos em plena luz do dia.
André Ventura critica a falta de explicações por parte de Montenegro e a sua posição contra acordos sem “transparência”.
Em causa está a requalificação do canal ferroviário de Espinho, pela Alexandre Barbosa Borges, SA (ABB), cujo valor deslizou cerca de nove milhões de euros acima do previsto, segundo contas feitas pelo jornal Expresso.
O Presidente do CHEGA justificou hoje a ausência de alguns deputados do partido nas listas para as próximas eleições legislativas com a necessidade apostar em jovens e “garantir a unidade” interna, sublinhando que “quem prevaricar será afastado”.
O líder do CHEGA, André Ventura, acusou hoje o PS e o PSD de "hipocrisia" e de premiarem "quem é corrupto", defendendo que o CHEGA é o único partido com "tolerância zero" face à corrupção, "comprometido com a ética e o interesse público".
O presidente do CHEGA, André Ventura, voltou este domingo a defender a redução do número de deputados com assento na Assembleia da República, reforçando uma proposta que tem vindo a apresentar ao longo dos anos
A sondagem mais recente da Aximage para o Folha Nacional revela que 24,1% dos eleitores inquiridos manifestam intenção de votar no CHEGA, enquanto a AD recolhe 21,1% das preferências, ficando assim em terceiro lugar.