Relatora da ONU pede investigação sobre se apoio é cumplicidade com genocídio

A relatora das Nações Unidas (ONU) para os Territórios Palestinianos pediu hoje uma investigação sobre se o apoio político e militar de países ocidentais a Israel na guerra na Faixa de Gaza pode equivaler a cumplicidade com genocídio.

© Facebook da United Nations

“A cumplicidade no genocídio é um crime em si mesmo segundo a Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio”, disse Francesca Albanese, numa conferência de imprensa no final de uma visita de uma semana ao Egipto e à Jordânia, para avaliar a situação dos palestinianos em Gaza e na Cisjordânia.Francesca Albanese, que é uma das vozes mais críticas da ofensiva israelita na Faixa de Gaza, apelou para se investigar “até que ponto a ajuda, tanto política como militar, que foi dada a Israel por vários países, principalmente pelos Estados Unidos, pode equivaler a cumplicidade”.

Da mesma forma, esta responsável criticou o “constante apoio político, veto após veto ao nível do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, para pedir um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza.

Citada pela agência Efe, a relatora lamentou a incapacidade dos países ocidentais em impor sanções ao Estado judeu, que ela própria recomendou que fossem aplicadas antes da eclosão da guerra em Gaza.

“A impunidade concedida a Israel é parte integrante” da resposta israelita aos ataques do grupo islamita Hamas em 07 de outubro, que deu início a uma guerra que já ceifou mais de 34 mil vidas, adiantou.

Para Francesca Albanese, “existem padrões genocidas claros (…) e alguns Estados-membros ainda estão recalcitrantes em tomar estas medidas, que só vão piorar a situação no terreno”, referindo-se à falta de imposição de sanções e ao envio de ajuda militar a Israel.

A relatora da ONU lamentou também que, durante a sua visita, as autoridades israelitas não lhe tenham permitido aceder à Cisjordânia ocupada ou à Faixa de Gaza, para avaliar a situação no terreno e preparar o seu relatório com recomendações e medidas a tomar para aliviar o sofrimento da população civil.

Francesca Albanese reivindicou ainda o papel das Nações Unidas na coordenação da entrega da ajuda humanitária a Gaza, considerando não ser “justo que apenas o Egito” assuma este papel na passagem fronteiriça de Rafah, que liga o enclave palestiniano com a península do Sinai.

Manifestando preocupação com o envio de ajuda humanitária, dado que “há muita coisa que não é permitida a entrada” e permanece à espera em armazéns no norte do Sinai, a relatora da ONU para os Territórios Palestinianos alertou que os lançamentos de ajuda por via aérea são “a pior coisa que pode ser feito”.

Assinalando que as atividades dos colonos na Cisjordânia ocupada são “genocidas pela sua própria natureza”, Francesca Albanese acrescentou que “o dia 07 de outubro foi uma ameaça” para Israel, “mas não justificou o que Israel fez”.

Pelo menos 34.200 pessoas morreram e mais de 77.000 ficaram feridas na guerra que Israel lançou na Faixa de Gaza em 07 de outubro, em retaliação ao ataque no mesmo dia perpetrado pelo movimento islamita palestiniano Hamas em território israelita, que fez 1.163 mortos, na maioria civis, e 250 reféns, cerca de 130 dos quais permanecem em cativeiro e 34 terão, entretanto, morrido, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

O conflito, em curso há mais de seis meses, fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que está a fazer vítimas – “o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Últimas do Mundo

A ação, hoje anunciada pela Europol, decorreu na quinta-feira, no âmbito do Dia da Referenciação, e abrangeu Portugal, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Luxemburgo, Holanda, Espanha e Reino Unido.
Os Estados Unidos anunciaram hoje a chegada ao mar das Caraíbas do seu porta-aviões USS Gerald Ford, oficialmente no âmbito de operações de combate ao narcotráfico, mas que ocorre em plena escalada das tensões com a Venezuela.
Milhares de filipinos reuniram-se hoje em Manila para iniciar uma manifestação de três dias anticorrupção, enquanto a Justiça investiga um alegado desvio de milhões de dólares destinados a infraestruturas inexistentes ou defeituosas para responder a desastres.
Várias pessoas morreram hoje no centro da capital sueca, Estocolmo, atropeladas por um autocarro num incidente que provocou também vários feridos, afirmou a polícia sueca em comunicado.
A liberdade na Internet em Angola e no Brasil continuou sob pressão devido a restrições legais, à repressão à liberdade de expressão e a campanhas para manipular narrativas políticas, segundo um estudo publicado hoje.
Os Estados Unidos adiaram hoje, pela segunda vez, o lançamento de dois satélites que vão estudar a interação entre o vento solar e o campo magnético de Marte, proporcionando informação crucial para futuras viagens tripuladas ao planeta.
Após os ataques em Magdeburgo e Berlim, os icónicos mercados de Natal alemães estão sob alerta máximo. O governo impôs medidas antiterrorismo rigorosas e custos milionários, deixando cidades e organizadores em colapso financeiro.
Um relatório do Ministério do Interior alemão revela que suspeitos sírios estão associados a mais de 135 mil crimes em menos de uma década. A AfD aponta o dedo ao governo de Olaf Scholz e exige deportações imediatas.
O aumento da temperatura global vai ultrapassar o objetivo de 1,5 graus centígrados no máximo numa década em todos os cenários contemplados pela Agência Internacional de Energia (AIE), relatório anual de perspetivas energéticas globais, hoje publicado.
A Ryanair deve abster-se de impedir o embarque de passageiros, com reserva confirmada, que não sejam portadores do cartão digital, bem como de impor taxas pela utilização do cartão físico, determinou a ANAC - Autoridade Nacional de Aviação Civil.