De acordo com a mais recente sondagem da instituição de recolha de dados, divulgado na quarta-feira, o CHEGA, que tem como cabeça-de-lista o embaixador António Tânger-Corrêa, ocupa a terceira posição com 17,4% das intenções de voto, depois de ter tido 10,7% na última sondagem da Intercampus, melhorando o seu resultado no novo estudo de opinião – um aumento na ordem dos 6,7%, num espaço de um mês. Já as duas principais forças políticas perderam intenções de voto nas eleições ao Parlamento Europeu face a abril.
O PS – cujo rosto para estas europeias é a antiga ministra da Saúde, Marta Temido – registou uma queda mais pronunciada, ficando agora, no barómetro da Intercampus de maio, a apenas um ponto percentual acima da AD, que tem Sebastião Bugalho como cabeça-de-lista às europeias, numa situação de empate técnico.
O principal beneficiário deste movimento para fora dos partidos mais centristas é a Iniciativa Liberal, cujo cabeça-de-lista às europeias é o antigo líder João Cotrim Figueiredo, que “salta” para 11,6%, ultrapassando assim o Bloco de Esquerda, que tem como cabeça-de-lista a também antiga líder Catarina Martins.
À esquerda, o Bloco aparece como quinto partido mais votado, com 9%, e o Livre, com Francisco Paupério como cabeça-de-lista às europeias, surge com 6,6% das intenções de voto. Por seu turno, o PAN (Pedro Fidalgo Marques) conta com 3,9% e a CDU (João Oliveira) arrisca ficar de fora do Parlamento Europeu por ter apenas 3,6% das intenções de voto.
Entre as reivindicações para estas europeias, desde a habitação, à saúde e educação, a imigração é o tema que mais tem gerado discórdia entre candidatos. Isto porque as opiniões, à esquerda e à direita, divergem no que ao controlo de fronteiras diz respeito. Por exemplo, o PS e a Iniciativa Liberal consideram que a construção de infraestruturas para fechar as fronteiras da União Europeia e torná-la uma “fortaleza” não irá resolver os problemas das migrações. Já para o CHEGA, é prioridade a adoção de “fronteiras fortes”, porque “a Europa é nossa”.
Ventura defende uma União Europeia sem “entrada massiva de imigrantes islâmicos e muçulmanos”, sendo preciso “dizer à Europa” que não é possível continuar a permitir a “política de portas escancaradas”.
“Queremos fronteiras fortes em Portugal, em Espanha e na Europa toda. Porque a Europa é nossa”, disse André Ventura, num discurso numa convenção do partido espanhol Vox, em Madrid, que reuniu, no passado domingo, na capital espanhola, dirigentes da direita radical europeia e americana.
“Temos de dizer que não”, vincou ainda o líder do Chega, que conseguiu das maiores ovações das cerca de 10.800 pessoas reunidas no pavilhão Vistalegre de Madrid, segundo estatística disponibilizada pelo Vox, aos meios de comunicação.
Também o cabeça-de-lista às europeias pelo CHEGA fez sobressair que o partido liderado por André Ventura é um partido a favor da imigração, sendo, ainda assim, “preciso um trabalho suplementar para fazer um rastreio das pessoas”. Durante os debates televisivos, que aconteceram nas últimas semanas, nos canais RTP, SIC e TVI, Tânger-Corrêa colocou em cima da mesa as bandeiras do partido na Europa e defendeu que o CHEGA é “a favor da imigração, mas de forma controlada”, sendo “preciso cumprir a lei”.
Já em entrevista à CMTV, António Tânger-Corrêa enumerou os objetivos do partido para a União Europeia. O embaixador começou por frisar que o CHEGA fez uma lista não para ganhar as eleições, mas “para trabalhar no pós-eleições” e, em linha com as principais bandeiras do partido, sublinhou ainda que o objetivo mais ambicioso do CHEGA seria eleger seis deputados nas eleições e referiu que a “Europa está mais perto dos jovens”.
“Bruxelas é mais importante que São Bento. Neste momento, há muitos cidadãos que pensam que aquilo que afeta os portugueses passa mais por Bruxelas do que por São Bento”, afirmou.
Tânger-Corrêa explicou ainda que o CHEGA é a favor das várias instituições europeias, dando valor ao que é “democrata” e retirando ao que é “totalitário”.
Quanto ao grupo político ‘Identidade e Democracia’, o cabeça-de-lista salientou que o partido vai integrar o grupo, contudo, esclarece que os partidos dos outros países que fazem parte do ID “vivem realidades diferentes das nossas a nível democrático”.
“Há países que são federais, outros são muito grandes como a França, mas nós em Portugal temos um envolvimento do país muito diferente”, sustentou.
No que concerne à defesa, Tânger-Corrêa disse que o partido defende a cooperação de exércitos militares, dizendo inclusive que “devia haver mais voluntários e serviço militar obrigatório”. No entanto, “para isso seria preciso verba e Portugal não nada em dinheiro”.
No campo da energia, o embaixador defendeu também a utilização de mini-reatores no contexto da energia nuclear, pois “não vê risco nisso”. “Há estações nucleares extremamente seguras hoje em dia e melhores para o ambiente”, recusando a ideia da utilização de painéis solares, pois defende que são “utilizados em extensões agrícolas onde não é possível produzir nada” e que consequentemente “afasta a fauna nesses sítios”.
“Acaba por ser contraproducente, porque tem um grande impacto ambiental”, justificou.
Por fim, na habitação, o embaixador vincou que o partido defende que “qualquer cidadão deveria ter direito a uma habitação digna” e que uma baixa na fiscalidade “aumentaria em muito a competitividade do País”.
“Somos a favor da liberdade e dos direitos e garantias do cidadão”, finalizou António Tânger-Corrêa.