Espanha é o terceiro país da UE com mais pedidos de asilo e o que menos aprova

Espanha recebeu 163.220 pedidos de asilo em 2023 e deu resposta positiva a 12% dos casos, a menor taxa dos 27 países da União Europeia (UE), segundo um relatório publicado hoje.

© D.R.

Os pedidos de asilo a Espanha aumentaram 37,3% no ano passado, para o maior número de sempre, e só a Alemanha e a França receberam mais solicitações dentro da UE (351.510 e 166.880, respetivamente), revelou o relatório anual da organização não-governamental Comissão Espanhola de Ajuda ao Refugiado (CEAR).

Espanha deu resposta positiva a 12% dos pedidos de asilo, uma taxa inferior à de 2022, “a mais baixa do conjunto dos Estados-membros da UE” e, sobretudo, “cada vez mais longe” da média europeia, que em 2023 se situou em 42% e mantém uma tendência de aumento nos últimos anos, segundo a CEAR.

A CEAR alertou que, em paralelo, aumentou em 56% o número de pedidos sem resposta em 2023, quando 191.95 pessoas esperavam por “uma decisão de que depende as suas vidas”.

Esta organização – que promove a defesa dos Direitos Humanos e tem estruturas de acolhimento e apoio a refugiados – destacou que os pedidos de asilo aumentaram mais de 37% em Espanha no ano passado, “apesar dos graves obstáculos” no acesso ao procedimento de solicitação.

A “pouca disponibilidade e imprevisibilidade dos mecanismos de agendamento para formalizar novos pedidos” levou, aliás, “a alimentar um mercado irregular de compra e venda à custa do estado de necessidade de muitas pessoas”, denunciou a CEAR.

A CEAR sublinhou a chegada de 56.852 pessoas migrantes de forma irregular por via marítima a Espanha em 2023, um aumento de 80% em relação a 2022 e que se deveu, essencialmente, à designada rota das Canárias (embarcações que saem da costa ocidental de África).

Segundo os números da CEAR, 70% daquelas chegadas por via marítima foram registadas no arquipélago das Canárias, com a organização a sublinhar e a reconhecer que houve, neste caso, uma rápida resposta das autoridades espanholas, que ativaram “medidas extraordinárias” que evitaram a repetição de “situações de sobrelotação” ocorridas no passado.

Ainda em relação às Canárias, a CEAR destacou o aumento de menores sozinhos que chegaram ao arquipélago, que, em 26 de janeiro deste ano, acolhia 5.063 pessoas com menos de 18 anos (eram 2.181 no ano anterior).

Por nacionalidades, o maior número de pedidos de asilo a Espanha são de pessoas de três países da América Latina: Venezuela, Colômbia e Peru.

O relatório da CEAR chama a atenção para o caso da Colômbia, país de origem de 53.564 pedidos de asilo a Espanha em 2023, sendo que houve apenas 724 respostas positivas para atribuição de estatuto de refugiado e 12 de proteção internacional subsidiária, “apesar das graves ameaças que sofrem ativistas e líderes comunitários” no país.

O diretor-geral da CEAR, Mauricio Valiente, disse hoje, numa conferência de imprensa, que há na Colômbia graves violações de Direitos Humanos, além de ser o país do mundo com mais pessoas deslocadas internamente, pelo que “não se entende que, face a esta realidade, seja tão reduzido o número de proteções [internacionais] que se concedem em Espanha”.

O relatório da CEAR refere-se, ainda, ao Pacto Europeu sobre Migrações e Asilo, considerando que “reforça o controlo das fronteiras e se centra em impedir que as pessoas cheguem, expulsando-as o mais depressa possível e sem apostar suficientemente nas vias legais e seguras”.

Últimas do Mundo

O acordo de cessar-fogo no Líbano foi aprovado pelo Conselho de Ministros de Israel, revelou o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
Barbara Slowik, chefe da polícia de Berlim, na Alemanha, aconselhou judeus e pessoas “abertamente gays” a esconder a sua identidade e a ter “mais cuidado” em “bairros árabes”, uma vez que alguns moradores são hostis e “têm simpatia por grupos terroristas”.
Um jovem russo a cumprir uma pena por ter alegadamente queimado o Corão foi condenado a 13 anos e meio de prisão por traição a favor da Ucrânia, anunciou hoje um tribunal regional russo.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, manifestou-se hoje favorável a uma mudança na estrutura militar do país, de forma a “reduzir a burocracia” e a facilitar a gestão das tropas envolvidas na guerra contra a Rússia.
O papa Francisco apelou hoje aos jovens do mundo para não se deixarem contagiar por a ânsia do reconhecimento ou o desejo de serem “estrelas por um dia” nas redes sociais, durante a missa.
Um suspeito foi morto e três polícias ficaram feridos num tiroteio ocorrido esta manhã perto da embaixada de Israel em Amã, capital da Jordânia, num incidente que as autoridades informaram estar controlado.
A Rússia avisou hoje a Coreia do Sul que o uso de armas fornecidas por Seul à Ucrânia para “matar cidadãos russos destruirá definitivamente” as relações entre os dois países.
Carlos Monjardino, presidente da Fundação Oriente, considera que se assiste nos últimos anos, sobretudo desde a chegada de Xi Jinping à presidência chinesa, a "uma certa vontade de acelerar o processo" de 'reunificação' de Macau à China.
O presidente eleito Donald Trump escolheu Russell Thurlow Vought, um dos 'arquitetos' do programa governamental ultraconservador Projeto 2025, para chefiar o Gabinete de Gestão e Orçamento do futuro Governo.
Os Estados-membros das Nações Unidas (ONU) adotaram hoje por consenso uma resolução que visa dar início a negociações formais para a criação de uma convenção sobre crimes contra a humanidade.