Candidatos à CNE pedem autonomia financeira e revisão da legislação eleitoral

Os candidatos à Comissão Nacional de Eleições (CNE) pediram hoje no parlamento que a legislação eleitoral seja revista, de forma a incluir os novos desafios digitais e a clarificar conceitos, e que o órgão passe a ter autonomia financeira.

© D.R.

Numa audição na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, na véspera de os nomes indicados pelos partidos serem votados na Assembleia da República, o candidato proposto pelo PS, Fernando Anastácio – atual porta-voz da CNE – considerou que a “questão de fundo” para a comissão é, “mais do que pessoas ou meios”, a sua “autonomia financeira”.

“Dou-vos um exemplo recente: vivemos um quadro de não sei quantas eleições que caíram umas em cima das outras, com problemas orçamentais, e a inexistência de autonomia financeira – [ficando] dependentes de decisões da Assembleia da República – condicionaram, do ponto de vista do calendário, a execução dos nossos trabalhos”, disse.

Fernando Anastácio defendeu que é necessário revisitar a lei da CNE para “encontrar uma formulação que garantisse esta autonomia financeira” de maneira responsável, “sem pôr em causa o controlo da despesa pública” mas dotando o órgão dos “instrumentos necessários para um trabalho melhor”.

Por sua vez, Fernando Silva, atual membro da CNE que o Chega propõe que seja reconduzido, indicou que a comissão vai fazer chegar ao parlamento uma reflexão sobre a necessidade de rever a lei eleitoral, referindo que essa revisão já está para ser feita há oito anos.

O candidato salientou que, na sua formulação atual, a lei “gera algumas divergências de interpretação e de aplicação, que cria até nos próprios órgãos de administração da Justiça alguma desarticulação de informações”.

Frederico Nunes, indicado pela IL e que integrou a CNE na última legislatura, também pediu que o parlamento reveja a lei eleitoral, salientando que o texto atual não especifica claramente o que é que constitui uma “influência indireta” de titulares de cargos públicos, “dando azo a bastantes interpretações diferentes”.

O candidato referiu também que a lei deve ser adaptada “para começar a incluir a realidade virtual, principalmente as redes sociais, que criam bastantes dificuldades”, e, apesar de reconhecer que houve um reforço dos meios humanos da CNE, desafiou o parlamento a mudar as instalações do órgão, que são “demasiado curtas para albergar todos os funcionários”.

José Rosa de Almeida, proposto pelo PCP e membro da comissão há mais de 20 anos, recusou que a CNE tenha meios suficientes, salientando que “são insuficientes mesmo fora do período eleitoral” e impedem que o órgão cumpra algumas das tarefas que constam do seu caderno de atividades, como uma coletânea de legislação anotada, que não é feita há quase 10 anos.

O candidato também pediu que se faça uma “ponderação e discussão” quanto à lei eleitoral, salientando que atualmente o “universo legislativo é extremamente compacto e regulamentado”, o que o torna desajustado à realidade e obriga a CNE a “inventar normas” para responder a desafios atuais, dando o exemplo do voto em mobilidade implementado nas europeias.

Já Gustavo Behr, indicado pelo BE, defendeu que os membros da CNE devem partilhar com o parlamento as reflexões que tem feito sobre o impacto das falsidades que são apresentadas como notícias, enquanto o candidato proposto pelo Livre, André Wemans, apelou a que se repense a questão do voto na diáspora, recordando que houve vários votos nulos nas legislativas de 2022.

A candidata indicada pelo PSD, Teresa Leal Coelho, não marcou presença nesta audição porque, segundo indicou a presidente da comissão parlamentar, Paula Cardoso, está a transportar feridos de guerra de Kiev para Ourém, na qualidade de embaixadora de uma organização humanitária.

Já o candidato indicado pelo CDS-PP, Pedro Morais Soares, transmitiu à comissão que retirou a candidatura, tendo o partido assegurado que irá apresentar outro nome até ao fim do dia.

Últimas do País

A Autoridade Marítima Nacional está a efetuar buscas por três pescadores, de nacionalidade indonésia, ao largo de Caminha, que se encontram desaparecidos no mar após a embarcação de pesca local em que seguiam ter naufragado hoje cerca das 12:20.
A Resolução do XXVII Congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), na qual figuram medidas prioritárias como a nova Lei das Finanças Locais e o fortalecimento da autonomia local, foi hoje aprovada por esmagadora maioria.
A Polícia Judiciária (PJ) deteve hoje, no Aeroporto Militar de Figo Maduro, em Lisboa, um homem próximo do ex-presidente da Guiné-Bissau Sissoco Embaló por suspeita de contrabando e branqueamento, adiantou à Lusa fonte ligada à investigação.
Um jovem de 18 anos foi detido pela GNR por furto de azeitona, no concelho de Mourão, no distrito de Évora, tendo os militares apreendido 300 quilos daquele fruto, revelou hoje a força de segurança.
O tempo médio de espera no serviço de urgência do Hospital Amadora-Sintra, atingia hoje as 15 horas e 19 minutos, com 36 utentes a aguardar uma primeira observação, cerca das 10:15.
Os concursos para contratar médicos especialistas recém-formados estão atrasados, alertou o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), sublinhando que o prazo para colocar mais profissionais nos serviços de saúde públicos terminou na sexta-feira.
A área ardida até 30 de novembro foi a quarta mais elevada desde 2001, com 270.000 hectares em 8.284 sinistros, e a segunda pior na década, só superada em 2017, segundo o Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais.
O advogado Paulo Abreu dos Santos, com passagem pelo Governo, foi detido por centenas de crimes ligados à pornografia de menores e a abusos sexuais de crianças, alguns alegadamente praticados e registados pelo próprio.
O Serviço Regional de Proteção Civil (SRPC) da Madeira registou até às 12h00 deste sábado um total de 185 ocorrências relacionadas com as condições meteorológicas adversas nesta região.
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) reclamou, este sábado, o pagamento imediato da dívida de 30 milhões de euros às corporações respeitante ao transporte de doentes urgentes para os hospitais e pediu para ser ouvida em qualquer reforma do setor.