Lagarde sinalizou, no Fórum BCE, a decorrer em Sintra, que a política orçamental é importante, nomeadamente agora que já se concretizou a reforma do quadro orçamental “dentro do qual os Estados-membros têm de operar e controlar a direção da dívida e garantir que se mantém sustentável”.
Têm de fazê-lo “com flexibilidade, com suficiente foco na produtividade e no crescimento, com investimento que leve a estes dois”, apontou, destacando que espera que “operando dentro do quadro orçamental europeu, os países olhem para as mudanças estruturais que têm de continuar a fazer para ter um conjunto de ferramentas” que permitam a melhoria da produtividade.
Assim, o BCE está “preocupado com as regras orçamentais que têm de ser respeitadas dentro da UE e as reformas estruturais que vão conduzir a uma melhoria de produtividade, que é a única forma da Europa manter-se forte e prosperar”.
Um dos países com a situação orçamental mais preocupante é a França e ainda que a presidente do BCE tenha recusado comentar diretamente este caso específico, admitiu que estão atentos à situação.
Christine Lagarde apontou que a instituição tem de estar atenta à estabilização dos mercados financeiros e por isso também está a seguir com atenção a situação política em França.
“O BCE tem de fazer o que tem de fazer, o nosso mandato é a estabilidade dos preços e estamos atentos a isso porque é parte do nosso trabalho”, disse, salientando que estas são as coisas que monitorizam.
Do lado dos EUA, o presidente da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell, também presente no painel, salientou que o país “está com um défice muito elevado” e que o nível de dívida pública “não é insustentável, mas a trajetória neste momento é”.
“Devia ser um foco para a frente, pensar como voltamos a ter uma trajetória sustentável” para a dívida pública, alertou o presidente da Fed.
O governador do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, também alertou para os riscos da dívida pública elevada, apontando que o custo do serviço da dívida dos EUA, União Europeia e Japão está a aumentar, sendo que tal tem um efeito no mercado.
“A dívida global é muito alta e vai começar a tirar liquidez dos mercados”, apontou, destacando que os “países de baixo rendimento já estão a sentir isto”.
Para o responsável, existem várias “contas para pagar no futuro”, como o “custo da transição verde, o custo da fragmentação, o custo da pandemia nos países de baixo rendimento e também a energia e inovação”, pelo que é importante pensar como conseguir uma “trajetória estável da dívida”.