“Ocidadão Edmundo González Urrutia” é convocado “a 26 de agosto, às 10:00, para uma audiência relacionada com a investigação ao ‘site’ da Internet em que a oposição divulgou os seus resultados presidenciais”, lê-se na convocatória publicada nas redes sociais.
O Procurador-Geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou na sexta-feira que Edmundo González Urrutia seria convocado, explicando que esse ‘site’ “usurpou” o poder do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
“Ele (González Urrutia) deve comparecer em resposta a esta convocatória para falar (…) sobre a sua responsabilidade antes de 28 de julho, durante 28 de julho e depois de 28 de julho pela sua desobediência às autoridades legitimamente constituídas”, acrescentou o magistrado na sexta-feira, sublinhando: “Ele terá de assumir a sua responsabilidade”.
O Procurador-Geral acusa a oposição venezuelana da violência pós-eleitoral: o anúncio da reeleição de Maduro desencadeou manifestações espontâneas, que foram brutalmente reprimidas, fazendo pelo menos 27 mortos, 192 feridos e 2400 detidos, segundo fontes oficiais.
O Ministério Público abriu a 06 de agosto um inquérito contra González Urrutia e a líder da oposição, María Corina Machado, por “usurpação de funções, difusão de informações falsas, incitamento à desobediência à lei, incitamento à insurreição e associação criminosa”.
González e Machado “estão a anunciar um falso vencedor das eleições presidenciais (…), a incitar abertamente os agentes da polícia e os militares a desobedecer”, lê-se no comunicado de início de agosto do Ministério Público venezuelano.
Os dois dirigentes da oposição vivem na semi-clandestinidade desde o início do mês, não sendo González Urrutia visto em público há quase três semanas.
Na quinta-feira, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela validou a reeleição de Maduro para um terceiro mandato presidencial de seis anos, garantindo que reencaminharia para o Ministério Público o ‘dossier’ de González Urrutia, que não compareceu junto da mais alta instância judicial venezuelana quando para tal convocado.
Nicolás Maduro, de 61 anos, foi proclamado vencedor das presidenciais, com 52% dos votos, pelo CNE que, no entanto, não divulgou as atas das assembleias de voto, afirmando-se vítima de um ato de pirataria informática.
Tal argumento é considerado pouco credível pela oposição e por numerosos observadores, que nele veem uma manobra do poder para evitar ter de apresentar a contagem de votos exata.
Segundo a oposição, que tornou públicas as atas de votação obtidas graças aos seus escrutinadores, Edmundo González Urrutia venceu as eleições com mais de 60% dos votos.
Sem as mostrar, o TSJ assegurou ter verificado as atas da votação que lhe foram entregues pelo poder, bem como a veracidade do ataque informático ao CNE.