Não obstante a tendência de descida do preço da matéria-prima, o Governo tem aproveitado para descongelar a taxa de carbono, fazendo com que não seja possível observar a descida no preço dos combustíveis, como era esperado. A taxa de carbono é uma medida fiscal com o objetivo de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, que contribuem para as alterações climáticas.
Desde 26 de agosto, a taxa tem vindo a subir, sendo esta já a terceira semana, o que tem anulado a descida da gasolina e do gasóleo.
André Ventura, presidente do partido CHEGA, numa conferência de imprensa durante a inauguração da sede do partido em Aveiro, acusou o executivo de Luís Montenegro de estar a “governar à socialista”. “Temos uma oportunidade única para que os portugueses sintam no bolso a descida dos combustíveis, mas o governo descongela a taxa, resultando num aumento do gasóleo e da gasolina”, afirmou André Ventura. “Há um vício socialista neste governo, e ele não consegue desamarrar-se dele”, concluiu o presidente do CHEGA. Luís Montenegro, que em campanha eleitoral tinha prometido que a sua primeira medida enquanto governo seria a diminuição dos impostos e que faria um verdadeiro choque fiscal, tem sido agora acusado de realizar “aumentos oportunísticos”. Pedro Santos Guerreiro, diretor-executivo da CNN Portugal, afirmou neste canal que estes aumentos de impostos são subidas de “taxas de fininho”, enquanto Luís Montenegro “espera que ninguém dê conta”. A polémica em torno do assunto tem juntado associações, agentes políticos e cidadãos na indignação e revolta contra a atitude do Governo. Na passada segunda-feira, realizou-se um buzinão de protesto na Ponte 25 de Abril, promovido pela Associação de Utentes dessa ponte. O presidente da associação, Aristides Teixeira, culpa o atual Governo e o anterior por uma asfixia dos consumidores. O presidente da Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC), João Durão, afirmou na terça-feira que o setor enfrenta um grave problema de excesso de carga fiscal e pediu mais diálogo entre os operadores e o Governo. “Temos um problema grave na área dos combustíveis, que é a fiscalidade, o excesso de carga fiscal nos combustíveis. Além dos combustíveis líquidos de que todos falam, eu represento também o setor das garrafas de gás, e, na minha opinião, o que se passa agora é indigno”, afirmou João Durão.
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) também apelou ao Governo para que reduza e estabilize a carga fiscal sobre os combustíveis, criticando o “ioiô fiscal” que aumenta as taxas de carbono sempre que o preço dos combustíveis desce, gerando instabilidade económica e social. O ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, será ouvido no Parlamento para justificar o aumento da carga fiscal sobre os combustíveis observado desde agosto.