Governo da Madeira poderá cair a 17 de dezembro com moção de censura

A moção de censura ao governo madeirense, apresentada pelo CHEGA, foi agendada para 17 de dezembro, após o debate do Orçamento Regional para 2025, e se for aprovada por maioria absoluta implica a demissão do executivo minoritário do PSD.

© Facebook/Luís Montenegro

O CHEGA justifica a moção de censura com as investigações judiciais envolvendo o presidente do executivo, Miguel Albuquerque, e quatro secretários regionais. Os cinco governantes foram, em casos distintos, constituídos arguidos.

De acordo com a intenção de voto já manifestada por alguns partidos, o documento deverá ser aprovado, com os votos a favor das bancadas do CHEGA (quatro deputados), PS (11 deputados), JPP (nove deputados) e IL (um deputado), que perfazem 25 assentos (a maioria absoluta requer 24).

O CDS-PP e o PAN ainda vão decidir o sentido de voto.

O Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira determina, no artigo 62.º, que a aprovação de uma moção de censura “por maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções” implica a demissão do Governo Regional. Entre os motivos para a demissão estão ainda o início de uma nova legislatura, a apresentação do pedido de exoneração pelo presidente do executivo, e a morte ou “impossibilidade física duradoura” do presidente, sem referência à votação do Orçamento Regional.

O Governo da Madeira poderá assim cair pela segunda vez este ano, depois de Miguel Albuquerque ter sido constituído arguido no final de janeiro por suspeitas de corrupção, abuso de poder e prevaricação.

O social-democrata demitiu-se na altura (depois de o PAN, com quem tinha então um acordo que viabilizava a maioria, lhe retirar a confiança), mas venceu as eleições antecipadas de maio. O PSD não conseguiu, porém, alcançar a maioria absoluta e, mesmo tendo firmado um acordo parlamentar com o CDS-PP, os dois partidos têm um total de 21 deputados.

Segundo o Estatuto Político-Administrativo, em caso de demissão os membros do Governo Regional cessante permanecem em funções até à posse do novo governo e, indica o artigo 63.º, o executivo limitar-se-á à prática dos atos estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos da região.

Ainda de acordo com o Estatuto, as moções de censura não podem ser apreciadas antes de decorridos sete dias após a sua apresentação, prazo que, neste caso, terminou em 13 de novembro (quarta-feira), pois o documento foi apresentado pelo CHEGA no dia 06.

Já o Regimento da Assembleia Legislativa da Madeira estabelece, no artigo 200.º, que o debate se iniciará “no oitavo dia parlamentar subsequente à apresentação da moção de censura, não podendo exceder um dia, e é deliberado e organizado pela conferência dos representantes dos partidos”.

O cumprimento deste artigo implicava que a discussão e a votação da moção de censura ao executivo de Albuquerque se realizassem hoje, 18 de novembro, mas na quinta-feira o plenário da Assembleia Legislativa aprovou, por maioria, com votos a favor do PSD e de um dos dois deputados do CDS-PP, o seu adiamento para 17 de dezembro, após o debate do Orçamento da região para 2025, que decorre entre 09 e 12 de dezembro.

À exceção do PSD (19 deputados), a legalidade da decisão levantou dúvidas junto das bancadas parlamentares — PS, JPP, CHEGA, PAN e IL — e também no presidente da Assembleia Legislativa, o democrata-cristão José Manuel Rodrigues, que se absteve.

O CHEGA avançou com uma providência cautelar junto do Tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal no sentido de reverter a decisão do plenário.

Inicialmente, o presidente do parlamento da Madeira pretendia agendar o debate da moção de censura para hoje, com base no Regimento, mas o PSD apresentou na conferência dos representantes dos partidos, em 12 de novembro, um requerimento oral solicitando o adiamento para 17 de dezembro.

PSD, PS, CDS-PP e PAN votaram a favor, o JPP absteve-se e o CHEGA votou contra. A IL não estava presente.

Porém, o JPP e a IL apresentaram requerimentos orais para que a decisão da conferência dos representantes dos partidos fosse votada em plenário, enquanto o CHEGA apresentou um recurso para anular a decisão e manter os prazos estipulados no Regimento.

No dia 14 (quinta-feira), o parlamento da Madeira aprovou por maioria em plenário -com os votos contra de JPP, CHEGA, PAN e IL e a abstenção do PS e do presidente da assembleia – um requerimento de José Manuel Rodrigues que valida a decisão da conferência dos representantes.

O requerimento inclui um parecer elaborado pela Assessoria Jurídica do Gabinete do Presidente da Assembleia Legislativa que destaca os artigos do Estatuto Político-Administrativo e do Regimento da Assembleia Legislativa referentes a moções de censura, mas, no caso do Regimento, entende que a determinação ocorre “sem prejuízo da competência da conferência dos representantes dos partidos para deliberar nesta matéria, assim como na relativa à organização do debate, de acordo com o que nessa sede seja considerado, e bem assim, o que resultar da deliberação da Assembleia Legislativa tomada em plenário sobre a matéria”.

A dissolução do parlamento madeirense só pode ocorrer seis meses após as eleições anteriores, o que significa que é possível a partir do final de novembro.

Segundo o artigo 19.º da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, em caso de dissolução, o Presidente da República marca a data da eleição dos deputados “com a antecedência mínima de 55 dias”.

Últimas de Política Nacional

A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMMT) decidiu abrir os cofres e fechar a transparência.
André Ventura reafirmou que pretende usar a Presidência da República como ponto de partida para uma mudança profunda no país.
As escutas da Operação Influencer abalaram o PS, expondo alegadas pressões, favores e redes internas de ‘cunhas’ que colocam Carneiro no centro da polémica e voltam a arrastar Costa para a controvérsia.
O Governo carrega no ISP e trava a fundo na queda que estava prevista no preço dos combustíveis. A promessa estala, a confiança vacila e Montenegro enfrenta a primeira fissura séria na sua credibilidade fiscal.
Catarina Martins voltou a dirigir insultos contundentes a André Ventura, acusando-o de ser “um bully político” que se comporta “como se estivesse no recreio da escola”.
Luís Marques Mendes está no centro de uma nova polémica depois de, no debate presidencial, ter afirmado que o CHEGA “passa a vida a ter propostas inconstitucionais, como a pena de morte”, uma falsidade evidente.
A estrutura concelhia do CHEGA em Vila Nova de Famalicão refere que o vereador do partido vai levar à reunião de Câmara uma proposta para tornar gratuito o estacionamento público no centro da cidade entre 13 de dezembro e 6 de janeiro.
O Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol) pediu hoje a demissão da ministra da Administração Interna, considerando que Maria Lúcia Amaral é "incapaz de assegurar a estabilidade" das polícias, e alertou para "protestos massivos" como os de 2024.
Uma petição que exige o fim da atribuição de dinheiros públicos para a construção de mesquitas tornou-se viral e já reúne milhares de assinaturas, dias depois da proposta do CHEGA com o mesmo objetivo ter sido chumbada no Parlamento.
A sociedade de advogados Sérvulo & Associados, onde o ex-ministro social-democrata Rui Medeiros é uma das figuras mais proeminentes, está a atravessar um período de forte crescimento no volume de contratos públicos, especialmente desde a chegada de Luís Montenegro ao Governo.