Nas cidades e vilas com menos de 100 mil habitantes, as pessoas conhecem-se melhor. Nestas terras, as câmaras municipais, empresas camarárias e misericórdias são os maiores empregadores. Esta proximidade gera uma dinâmica onde as relações interpessoais frequentemente influenciam decisões políticas e económicas.
Em muitas localidades, se o voto deixasse de ser secreto, seria fácil imaginar um cenário em que todos votassem com o braço no ar. O medo de retaliações ou mesmo do desemprego é real. A dependência dos poderes instalados torna-se uma barreira à liberdade de escolha. Este é um problema sério para a democracia local, que acaba por ficar condicionada.
“Quanto mais pequena a terra, maior o tirano”, diz, com razão, um amigo. É nosso dever proteger estas pessoas e defender aqueles que discordam dos poderes instalados. A questão é: como fazê-lo? Como garantir uma democracia justa e livre para todos, independentemente do tamanho da localidade?
Primeiro, é preciso reconhecer o problema; depois, caracterizá-lo e, finalmente, trabalhar na sua erradicação. Apenas com esta abordagem estruturada será possível enfrentar o desequilíbrio democrático que prevalece em tantas regiões.
Bragança é o exemplo mais gritante! É a única capital de distrito onde o controlo partidário é absoluto: 39 freguesias, todas dominadas pelo PSD. Estatisticamente, é uma anomalia. E não é um caso único. Há outros exemplos semelhantes no distrito e pelo país fora. Apesar das leis que supostamente regulam a democracia, falta controlo sobre estes fenómenos. Estes não podem ser tratados como simples curiosidades; precisam de ser estudados e combatidos. A democracia deve ser igual para todos.
É urgente pôr fim a regimes de partido único que, em pleno século XXI, transformam Bragança numa República Social Democrática e Popular.