Inquérito revela iguais dificuldades na educação inclusiva em Portugal, Espanha e Itália

A Associação Grão Vasco, em Viseu, revelou hoje que a educação inclusiva tem diferentes realidades em cidades de países como Portugal, Espanha e Itália, mas apresentam as mesmas dificuldades, como a falta de recursos especializados.

© D.R

“Independentemente de as realidades dos três países serem diferentes, e muito diferentes, percebemos que as angústias, as necessidades, as dificuldades, quer dos profissionais, quer dos pais, são as mesmas”, adiantou a presidente da Associação Grão Vasco.

Paula Fong disse à agência Lusa que, “mesmo havendo recursos, é sempre preciso mais recursos, mesmo já havendo inclusão e os meninos estando dentro da escola, é necessário mais tempo de apoio, é preciso maior articulação, sensibilização e comunicação entre todos” os intervenientes.

O resultado surgiu de um mesmo questionário realizado em escolas de Viseu, Santiago de Compostela (Espanha) e Luca (Itália) e foi respondido pelo mesmo número de pais e educadores de alunos com necessidades especiais, profissionais da educação, como docentes e técnicos, e também autarquias.

O inquérito foi realizado no âmbito do projeto ARISE — A moRe IncluSive Education, promovido pelo Erasmus +, que iniciou em dezembro de 2023 e que envolve associações ligadas a agrupamentos escolares das três cidades.

“As diferenças maiores que encontrámos nos três países é que realmente em Portugal os alunos já estão inseridos dentro das escolas públicas”, realçou Paula Fong.

Em Itália, “os meninos estão nas escolas, inseridos no ensino regular, mas não há profissionais qualificados, como psicólogos e professores de necessidades especiais” dentro das escolas.

“Esse é um dos problemas de Itália, quando os professores se estão a formar, optam, não por vontade própria, acabam por ter um período de formação em ensino especial, para terem mais facilidade em dar aulas e não serem precários. Mas não são professores em ensino especial”, contaram à agência Lusa Fábio Saccomani e Elena Salamino.

Responsáveis pela associação Limeup e Fondazione per la Coesione Sociale, respetivamente, os dois dirigentes assumiram que em Itália “há um longo caminho a percorrer na inclusão das crianças com necessidades especiais na educação”.

Em Portugal, acrescentou o diretor do Agrupamento de Escolas Grão Vasco, Luís Nóbrega, “um professor só se pode especializar em educação especial depois de cinco anos a dar aulas no ensino regular”.

“Em Espanha, ainda temos centros de educação especial e a maioria das crianças estão em centros normais, comuns. Mas, dentro dos centros comuns, passam muitas horas em salas separadas, não há inclusão”, revelou Alba Iglesias, da Federación Down Galicia.

Alba Iglesias disse ainda que “não há apoio suficiente, não há professores especializados em número suficiente para os apoios que são necessários de dar”, o que acaba por provocar “poucas horas de ensino”.

A título de exemplo, disse, e dependendo “de centro para centro e do número de alunos, pode acontecer estarem quatro alunos com necessidades totalmente diferentes, todos juntos num estudo que acontece somente duas horas por semana”.

“A legislação diz que até 2031 os centros de educação especial têm de desaparecer, mas, tal como está agora o sistema, é impossível. O sistema não está preparado. Na teoria, no papel, o aluno está incluído, e as pessoas pensam que estão incluídos, mas na realidade não estão a receber o apoio que precisam dentro de uma aula”, disse Alba Iglesias.

Luís Nóbrega reconheceu que Portugal, “apesar da falta de recursos ser tremenda, já fez muito mais caminho” que Espanha e Itália, mas “está muito atrás no que diz respeito à envolvência da sociedade nesta questão”.

“É por isso que este projeto é muito importante e estas iniciativas também, que é para chegar ao máximo de comunidade. Amanhã [quinta-feira] vamos estar na cidade de Viseu em contacto com as pessoas e ver barreiras que foram derrubadas e o que as cidades podem fazer para uma melhor inclusão”, disse Luís Nóbrega.

Os parceiros revelaram ainda que “este projeto é o primeiro passo” de uma “maior inclusão, já que, depois dos encontros programados ao longo do projeto, vai “sair um manual de boas práticas para divulgar pelos diferentes países”.

Últimas do País

A Comissão de Trabalhadores do INEM rejeitou hoje que os seus profissionais sejam o “bode expiatório” de um Serviço Nacional de Saúde (SNS) “com falhas”, sobretudo no encaminhamento de utentes de risco.
A PSP e a GNR detiveram na última semana cerca de 1.150 pessoas em operações especiais de Páscoa, mais de metade delas por conduzirem embriagadas ou sem carta, segundo os balanços provisórios de hoje das duas entidades.
Mais de 180 quilos de carne proveniente de abate ilegal, destinada a estabelecimentos de restauração e comércio alimentar na região da Grande Lisboa, foram apreendidas em Torres Vedras numa operação de fiscalização da GNR, foi hoje anunciado.
Os distritos do Porto, Viana do Castelo, Lisboa, Leiria, Aveiro, Coimbra e Braga vão estar sob aviso laranja a partir das 18:00 de hoje, devido à previsão de agitação marítima, segundo o IPMA.
“O CHEGA não se deixará intimidar por atos cobardes e antidemocráticos levados a cabo pela calada da noite”, pode-se ler em comunicado enviado às redações. O partido vai apresentar queixa às autoridades.
Quatro pessoas foram esta sexta-feira resgatadas em Manteigas, no distrito da Guarda, após ficarem sem ter como sair de um percurso pedonal na Nave da Mestra, na Serra da Estrela, anunciou fonte da Proteção Civil.
Um homem de 51 anos foi detido na noite de quarta-feira, em Leiria, pela suspeita do crime de violência doméstica agravado contra a companheira, revelou hoje a PSP.
Mais de 1.500 acidentes rodoviários, dos quais resultaram dois mortos, 30 feridos graves e 447 feridos ligeiros, foram registados pela GNR durante a Operação Páscoa 2025, que começou na sexta-feira, segundo um balanço provisório hoje divulgado.
Quase 300 pessoas foram detidas nos últimos sete dias por crimes rodoviários, sobretudo por conduzirem embriagadas, e oito por suspeita de violência doméstica, segundo um balanço da operação Páscoa em Segurança da PSP hoje divulgado.
Os trabalhadores dos museus e monumentos nacionais iniciam hoje uma greve ao trabalho suplementar e em dias de feriado, convocada até 31 de dezembro pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS).