Von der Leyen quer novas regras de ajudas estatais e novos recursos para orçamento da UE

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou hoje um novo enquadramento para os auxílios estatais na União Europeia (UE) serem “mais rápidos e mais flexíveis” e defendeu novos recursos próprios para o orçamento comunitário.

© Facebook/comissão europeia

“Vamos melhorar as regras relativas aos auxílios estatais de modo a que estes não tenham apenas em conta as condições de concorrência equitativas na UE, mas também as condições de concorrência equitativas a nível global. […] É com o mercado global que estamos a competir e, por conseguinte, os auxílios estatais têm de ser mais rápidos, mais flexíveis e têm de ter em conta a dimensão global”, anunciou Ursula von der Leyen.

A líder do executivo comunitário respondia, em Bruxelas, a uma questão da Lusa na conferência de imprensa de apresentação da “Bússola para a Competitividade”, estratégia hoje apresentada e que prevê um foco na inovação, descarbonização e segurança nestes cinco anos do segundo mandato da líder do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, à frente da instituição.

Num contexto de tensões geopolíticas e de transição política norte-americana, Von der Leyen quer apostar na competitividade económica comunitária através desta nova “Bússola para a Competitividade”, que prevê desde logo a apresentação de um novo enquadramento dos auxílios estatais no segundo trimestre de 2025.

“A par dos incentivos à procura, os produtores de tecnologias limpas precisam de ajuda para traduzir a atividade inovadora em liderança na produção. Para acompanhar melhor as empresas, especialmente as de elevada intensidade energética, nos seus esforços de transição para as tecnologias limpas, é necessário um quadro de auxílios estatais flexível e favorável”, argumenta Bruxelas na comunicação hoje divulgada.

Atualmente, as apertadas regras da UE limitam o tipo de ajudas públicas que os países podem dar às suas economias, mas a capacidade orçamental também dita o tipo de apoios que os Estados-membros conseguem dar.

Os dados mais recentes revelam que Portugal concedeu, em 2022, ajudas estatais de 222,5 milhões de euros relacionadas com a covid-19 e de 58 milhões para colmatar efeitos da guerra da Ucrânia, num total de 2,3 mil milhões de euros em ajudas públicas.

A estratégia hoje apresentada também prevê, tal como a Lusa já havia noticiado, que o próximo Quadro Financeiro Plurianual seja “uma oportunidade para ir mais longe e repensar a estrutura e a afetação do orçamento da UE”, sugerindo-se “um novo Fundo Europeu para a Competitividade” que centralizará apoios nas áreas da inteligência artificial, espaço, biotecnologias e outras indústrias transformadoras estratégicas.

Em resposta à Lusa, Von der Leyen escusou-se a apontar a dimensão do novo fundo por ser necessário “analisar todo o trabalho atual”, nomeadamente os programas existentes já para estas áreas.

“Vemos que temos demasiados programas diferentes, por vezes sobrepostos, por vezes contraditórios e até de difícil acesso”, comentou a responsável.

Certa é que, para Ursula von der Leyen, o Quadro Financeiro Plurianual 2028-2034 deve ser adaptado à nova estratégia para restaurar a competitividade europeia face aos principais concorrentes, os Estados Unidos e a China, com as negociações a começarem no próximo verão.

“Se tivermos projetos europeus comuns com financiamento europeu comum, há duas possibilidades de criar esse financiamento: ou mais contribuições nacionais ou novos recursos próprios. Mas sobre os recursos próprios existe uma proposta em cima da mesa”, adiantou a líder do executivo comunitário na resposta à Lusa.

Estima-se que a UE tenha de investir 800 mil milhões de euros por ano, o equivalente a 4% do Produto Interno Bruto (PIB), para colmatar falhas no investimento e atrasos em termos industriais, tecnológicos e de defesa em comparação a Washington e Pequim.

Últimas de Política Internacional

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou hoje “medidas enérgicas” contra os colonos radicais e seus atos de violência dirigidos à população palestiniana e também às tropas de Israel na Cisjordânia.
A direita radical francesa quer que o Governo suspenda a sua contribuição para o orçamento da União Europeia, de modo a impedir a entrada em vigor do acordo com o Mercosul.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, afirmou hoje que Teerão não está a enriquecer urânio em nenhum local do país, após o ataque de Israel a instalações iranianas, em junho.
O Governo britânico vai reduzir a proteção concedida aos refugiados, que serão “obrigados a regressar ao seu país de origem logo que seja considerado seguro”, anunciou hoje o Ministério do Interior num comunicado.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou hoje uma reformulação das empresas estatais de energia, incluindo a operadora nuclear Energoatom, que está no centro de um escândalo de corrupção há vários dias.
A China vai proibir, temporariamente, a navegação em parte do Mar Amarelo, entre segunda e quarta-feira, para realizar exercícios militares, anunciou a Administração de Segurança Marítima (MSA).
A Venezuela tem 882 pessoas detidas por motivos políticos, incluindo cinco portugueses que têm também nacionalidade venezuelana, de acordo com dados divulgados na quinta-feira pela organização não-governamental (ONG) Fórum Penal (FP).
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, vai na quinta-feira ser ouvido numa comissão de inquérito parlamentar sobre suspeitas de corrupção no governo e no partido socialista (PSOE), num momento raro na democracia espanhola.
A Venezuela tem 1.074 pessoas detidas por motivos políticos, segundo dados divulgados na quinta-feira pela organização não-governamental (ONG) Encontro Justiça e Perdão (EJP).
Na quarta-feira, o primeiro governo liderado por uma mulher em Itália cumpre três anos de mandato (iniciado a 22 de outubro de 2022).