Hamas admite libertar reféns se Israel cumprir trégua no fim do Ramadão

A organização islamita palestiniana Hamas afirmou-se hoje disposta "a libertar um pequeno número de reféns", desde que Israel garanta um cessar-fogo durante o feriado de Eid al-Fitr, que marca o fim do Ramadão, segundo fonte ligada às negociações.

EPA/ABED AL HASHLAMOUN

As celebrações do Eid al-Fitr deverão ter lugar entre domingo e segunda-feira, altura em que termina o Ramadão, mês sagrado do Islão.

Basseim Naim, porta-voz do gabinete político do Hamas, confirmou que as conversações entre os mediadores (Egito, Qatar e Estados Unidos) se intensificaram nos últimos dias e espera “que nos próximos dias haja um verdadeiro avanço no cenário de guerra”.

Entre o “pequeno número de reféns” que o Hamas libertaria, segundo uma fonte egípcia citada pela agência de notícias EFE, estaria o soldado israelo-americano Edan Alexander, 21 anos, uma exigência do Presidente norte-americano, Donald Trump.

O grupo também se comprometeria com a retoma do diálogo para conseguir “um fim definitivo dos combates” e apaziguar os manifestantes anti-Hamas.

Nos últimos dias, milhares de palestinianos manifestaram-se em diferentes pontos de Gaza em protestos sem precedentes contra o regime do Hamas, que controla o enclave palestiniano, e pelo fim dos ataques israelitas, que já provocaram mais de 50.200 mortos.

“Basta, queremos o Hamas fora!”, “Parem a guerra!” e “Queremos as nossas vidas de volta!” foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes na quarta-feira, em protestos que tiveram lugar em pelo menos dois pontos do norte do enclave, Beit Lahia e o bairro de Shujaiya, na cidade de Gaza, segundo a EFE.

No enclave há ainda 59 reféns (Israel calcula que cerca de 20 estão mortos) nas mãos de milícias palestinianas e cuja entrega tinha sido contemplada na segunda fase do acordo de cessar-fogo que Israel bloqueou no início de março.

Também hoje, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana, no poder na Cisjordânia, acusou Israel de provocar a “morte de civis palestinianos” em ações militares para melhorar a sua posição negocial.

“O Governo israelita aproveita-se da passividade internacional para prolongar deliberadamente a sua guerra de genocídio, deslocações e anexações e a morte deliberada de civis palestinianos para melhorar a sua posição negocial. O resultado é a morte diária de crianças, mulheres, idosos e doentes”, denunciou o ministério, segundo a agência noticiosa oficial palestiniana WAFA.

A diplomacia apelou à comunidade internacional para que “assuma a sua responsabilidade” e exorte Israel a pôr termo “à matança brutal de civis desarmados”. “A ligação destas mortes às negociações de cessar-fogo de Israel é uma armadilha injustificada, sangrenta e colonial”, afirmou.

Esta “forma de pressão militar para melhorar a posição negocial”, acrescentou, é conseguida através de “bombardeamentos e assassínios em massa de civis à vista do mundo livre e de países que afirmam defender os direitos humanos e os princípios do direito internacional”.

Pelo menos 14 palestinianos foram mortos hoje em ataques israelitas em várias zonas da Faixa de Gaza, informaram fontes médicas e de segurança aos meios de comunicação social palestinianos.

Cerca de 920 palestinianos morreram na sequência de ataques israelitas na Faixa de Gaza desde o fim do último cessar-fogo, em 18 de março, segundo o mais recente balanço do Ministério da Saúde do enclave palestiniano, apresentado hoje, mas que não contabiliza estas últimas mortes.

Os ataques de Israel a Gaza, que começaram em 07 de outubro de 2023 – após a morte de cerca de 1.200 israelitas às mãos das milícias palestinianas — causaram um total de 50.277 mortos e 114.095 feridos.

No ataque em território israelita em outubro de 2023, o Hamas fez cerca de 250 reféns.

Últimas do Mundo

O GPS do avião utilizado pela presidente da Comissão Europeia numa visita à Bulgária foi alvo de interferência e as autoridades búlgaras suspeitam que foi uma ação deliberada da Rússia.
Mais de 800 pessoas morreram e cerca de 2.700 ficaram feridas na sequência de um sismo de magnitude 6 e várias réplicas no leste do Afeganistão na noite de domingo, anunciou hoje o Governo.
Pelo menos três civis morreram e seis ficaram feridos em ataques russos na região ucraniana de Donetsk nas últimas 24 horas, declarou hoje o chefe da administração militar regional, Vadim Filashkin, na rede social Telegram.
Um navio de guerra norte-americano entrou no canal do Panamá em direção às Caraíbas, testemunhou a agência France-Presse, numa altura em que os planos de destacamento militar de Washington naquela região está a provocar a reação venezuelana.
O número de fogos preocupantes em Espanha desceu de 12 para nove nas últimas 24 horas, mas "o final" da onda de incêndios deste verão no país "está já muito próximo", disse hoje a Proteção Civil.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, denunciou que mísseis russos atingiram hoje a delegação da União Europeia (UE) em Kyiv, na Ucrânia.
O Governo de Espanha declarou hoje zonas de catástrofe as áreas afetadas por 113 grandes incêndios no país nos últimos dois meses, 15 dos quais continuam ativos, disse o ministro da Administração Interna, Fernando Grande-Marlaska.
Mais de dois mil milhões de pessoas ainda não têm acesso a água potável em condições de segurança, alertou hoje a ONU num relatório que expressa preocupação com o progresso insuficiente na cobertura universal do fornecimento de água.
O primeiro-ministro israelita saudou hoje a decisão do Governo libanês, que aceitou a proposta norte-americana sobre o desarmamento do Hezbollah, e admitiu retirar as forças de Israel do sul do Líbano.
Espanha continua com 14 fogos preocupantes que mantêm desalojadas mais de 700 pessoas e confinadas outras mil, após semanas de "terríveis incêndios" cujo combate é neste momento favorável, mas lento, disse hoje a Proteção Civil espanhola.