Hoje de manhã, um navio da Marinha italiana partiu do porto de Brindisi (sul) rumo a Gadjer, na Albânia, levando a bordo 40 imigrantes de várias nacionalidades que se encontravam no Centro de Detenção para o Repatriamento (CPR, na sigla original) daquela localidade italiana já com ordem de deportação, confirmou o Ministério do Interior italiano.
Entre os imigrantes transportados constavam cidadãos da Argélia, da Tunísia e do Bangladesh.
Antes da partida do navio, várias associações organizaram junto ao porto de Brindisi uma ação de protesto contra a decisão do Governo de Giorgia Meloni de enviar para países terceiros imigrantes chegados a Itália.
A 28 de março, o Governo de direita e extrema-direita, que tem como uma das suas grandes bandeiras políticas o combate à imigração ilegal, adotou um decreto-lei para rebatizar os dois centros de detenção construídos na Albânia como CPR para requerentes de asilo a quem já tenha sido recusada a permanência em Itália.
Esta foi a forma encontrada pelo executivo de Meloni para contornar as várias decisões da Justiça italiana que inviabilizaram a utilização dos dois centros inaugurados em outubro de 2024 na Albânia — na sequência de um controverso acordo com o primeiro-ministro do país dos Balcãs, o socialista Edi Rama – como instalações de detenção para imigrantes intercetados no Mediterrâneo central.
A ideia original era deslocalizar para a Albânia centros de acolhimento para deportação de imigrantes clandestinos resgatados no mar – somente homens considerados “saudáveis” e provenientes de “países seguros”, ficando excluídos mulheres e crianças -, mas, por mais de uma vez, os navios da Marinha italiana tiveram de fazer regressar os imigrantes transferidos para Gadjer por decisões de tribunais italianos.
A posição dos juízes italianos desencadeou um conflito aceso com o Governo de Meloni e levou a que os centros na Albânia tenham ficado vazios e sem uso.
Enquanto se aguarda uma decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia, que deverá pronunciar-se sobre o acordo entre Roma e Tirana em junho, as autoridades italianas decidiram reconfigurar as instalações como CPR, para desbloquear a situação e amortizar o custo dos centros, estimado em 800 milhões de euros.