Associação alerta que há grávidas sem acesso a consultas e exames

A Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto (APDMGP) denunciou hoje a crescente dificuldade das grávidas em agendar consultas nos cuidados de saúde primários, resultando na falta de exames essenciais durante o primeiro e segundo trimestres.

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“Atualmente, em Portugal, as grávidas têm cada vez menos acesso a cuidados de saúde primários”, não conseguindo agendar consulta quando descobrem que estão grávidas, referiu a associação, salientando que esta é uma das queixas que recebe mais frequentemente.

Segundo a APDMGP, “muitas mulheres não estão a fazer os exames do primeiro e segundo trimestre, nomeadamente, análises de sangue e urina, ecografias, rastreio bioquímico e exame de rastreio à diabetes gestacional”.

“A falta destas consultas e exames está a aumentar os casos de gravidez de risco não vigiadas atempadamente, ou não vigiadas de todo. Não é por isso surpreendente que a mortalidade dos nossos bebés tenha aumentado, por consequência”, sublinhou a associação em comunicado, numa reação ao aumento de 20% da taxa de mortalidade infantil em 2024.

Aponta que as razões desta subida se devem “em primeira mão à falta de acesso aos cuidados de saúde primários”.

“Vários estudos demonstraram que as áreas com menos médicos nos cuidados de saúde primários têm taxas de mortalidade mais elevadas, comparativamente com aquelas que têm mais médicos de família, resultando daqui um nexo causal evidente entre a assistência por estes profissionais de saúde e as taxas de mortalidade”, sublinhou.

A APDMGP considerou importante a responsabilização política dos partidos do atual e anterior governo, por anos de desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde, bem como na falha em reter os seus profissionais.

Defendeu que se coloquem em prática “soluções comprovadamente eficazes” e que se admita que “há muito se está a falhar com as mães e bebés deste país”, manifestando preocupação com o acesso restrito das grávidas às urgências, dada a obrigação de ligar antes para a linha SNS Grávida.

Criticou o facto de, após o contacto com este serviço, as grávidas serem encaminhadas para um hospital, “independentemente de terem sido seguidas noutra instituição, ou terem preferência por outro hospital, atentando contra a liberdade de escolha do prestador”.”.

“Neste compasso de espera, é perdido tempo, o qual pode ditar a diferença entre a vida e a morte para um bebé. Perde-se ainda a continuidade de cuidados, algo que a evidência demonstra ser mais seguro quer para mães, quer para bebés, diminuindo a ansiedade das grávidas”, salientou.

Alertou também que se acentuaram os casos de vigilâncias de grávidas por médicos internos ou tarefeiros sem formação específica.

A associação salientou ainda que o aumento da mortalidade infantil tem sido associado à escolha do parto domiciliar, mas lembrou que esta prática representa menos de 1% do total dos nascimentos e não há dados oficiais sobre esta realidade.

“Um parto planeado no domicílio ou numa unidade liderada por enfermeiros-parteiros está associado a uma maior taxa de parto vaginal espontâneo do que um parto planeado para uma unidade de obstetrícia”, assinalou.

Para a APDMGP, todos estes constrangimentos lesam principalmente, “como sempre”, as famílias em situação de vulnerabilidade socioeconómica, as famílias migrantes e as que não têm acesso a telecomunicações e residem em locais mais isolados, rurais e longe dos grandes centros urbanos.

No comunicado, a associação manifestou a sua disponibilidade para “fazer parte da solução” e “para não permitir que sejam publicitados e mediatizados às mulheres e suas famílias fundamentos irreais para sustentar o aumento da taxa de mortalidade infantil, sem base de evidência para a causa dos problemas existentes”.

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