Apenas 231 dos 389 novos médicos de família escolheram uma vaga no SNS

Dos 389 médicos de família que terminaram recentemente a formação da especialidade, apenas 231 escolheram uma das 585 vagas disponibilizadas no último concurso para a colocação nas unidades locais de saúde (ULS).

© D.R.

Segundo disse hoje a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) à Lusa, a percentagem de 39% de ocupação de vagas em 2025, “embora baixa”, foi superior às registadas em 2023 (32%) e 2024 (28%).

Na primeira época de 2025, formaram-se em medicina geral e familiar 389 médicos, com o Ministério da Saúde a aprovar um total de vagas superior ao de novos especialistas “para acolher o maior número de médicos disponíveis e que aguardam a sua contratação, como assistentes”, o primeiro nível da carreira, adiantou a ACSS.

Foram abertas 585 vagas, foram apresentadas 412 candidaturas, mas ficaram ocupadas apenas 231. Ou seja, ficaram por preencher cerca de 60% do total de lugares disponibilizados no concurso.

“No caso específico de medicina geral e familiar, a abertura de mais vagas não significa, necessariamente, uma maior percentagem de taxa de ocupação”, alegou a ACSS, apontando o exemplo da primeira época de 2024, quando foram abertas 904 vagas e apenas foram ocupadas 255.

Os dados da ACSS indicam ainda que em duas ULS nenhuma das vagas foi preenchida, caso da do Alto Alentejo, onde ficaram por ocupar os 12 lugares colocados a concurso, e do Estuário do Tejo, que tinha 37 vagas que ficaram desertas.

Em Lisboa, região com maior falta de médicos de família, na ULS Santa Maria das 33 vagas publicitadas, apenas sete ficaram ocupadas, enquanto só 11 dos 40 lugares disponíveis para a ULS de São José ficam preenchidos.

A ULS de Lisboa Ocidental contrariou a reduzida taxa de ocupação de vagas, conseguindo preencher 20 das 23 vagas que tinha disponíveis.

Já no Algarve, das 34 vagas colocadas a concurso, 13 ficaram preenchidas e 21 não ocupadas.

Na sexta-feira, a Ordem dos Médicos defendeu a abertura de todas as vagas disponíveis nas zonas onde faltam médicos de família e alertou para as “falhas gritantes” ocorridas na colocação dos novos especialistas de medicina geral e familiar.

“É inaceitável que existam utentes sem médico de família e, em simultâneo, especialistas em medicina geral e familiar sem colocação. Este é um problema de gestão, não de recursos”, alertou o bastonário Carlos Cortes, citado num comunicado da ordem.

Segundo a Ordem dos Médicos (OM), a situação da medicina geral e familiar “atingiu um ponto crítico”, verificando-se que milhares de utentes continuam sem médico de família atribuído, ao mesmo tempo em que a “resposta pública permanece marcada pela inação e por falhas gritantes na colocação de especialistas disponíveis”.

Já para o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), o facto de 60% das vagas ter ficado por preencher é um “reflexo claro de um sistema que falha aos profissionais e aos utentes”, um cenário que considerou que “não é novo” e constitui um “sinal de alarme que não pode continuar a ser ignorado”.

Entre os principais motivos para essa “rejeição”, a estrutura sindical identificou a falta de abertura de todas as vagas necessárias, alegando que a liberdade de escolha, aliada a condições atrativas, é o que fixa médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), “não a imposição administrativa”.

Segundo o SIM, o facto de estas vagas terem ficado desertas deve-se ainda aos atrasos nos concursos e à ausência de transparência e previsibilidade no processo, embora reconhecendo “melhorias substanciais” neste concurso comparando com o anterior.

Os últimos dados disponíveis no portal da transparência do Serviço Nacional de Saúde (SNS) indicam que o número de utentes sem médico de família tem aumentado ao longo deste ano, passando dos 1.564.203 em janeiro para os 1.633.701 em abril, ou seja, mais cerca de 70 mil pessoas.

Últimas do País

A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP) teve hoje "uma reunião um pouco tensa" com a ministra da Administração Interna, que não garantiu "efeitos práticos" das negociações nos salários e carreiras já a 1 de janeiro de 2026.
O Tribunal Judicial de Leiria condenou hoje um arguido na pena única de sete anos de prisão por ter tentado matar três homens há precisamente um ano junto a um bar na cidade de Leiria.
Um em cada quatro alunos de instituições de ensino superior de Lisboa já ponderou abandonar os estudos por causa dos elevados custos do alojamento, segundo um inquérito realizado pela Federação Académica de Lisboa (FAL).
A Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) alertou o Governo para o "perigo real" que as falhas e "processos artificiais" com origem na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) representam, rejeitando responsabilidades "por disfunções" do Estado.
A maioria das queixas ou pedidos de parecer foi iniciativa de cidadãos (442 casos), mas os partidos também contribuíram para esta contabilidade, com destaque para o PS, com 75 casos.
O Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL) vai realizar várias ações de protesto e sensibilização em Lisboa nos dias 21, 22, 23 e 24 deste mês para exigir a valorização salarial e da carreira dos polícias.
A Associação de Farmácias de Portugal (AFP) alertou hoje para a importância de qualquer alteração ao regime dos mínimos de serviços nas farmácias garantir o "beneficio efetivo" dos utentes e a viabilidade económica e operacional.
A Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) recebeu em 2024 mais de 2.000 comunicações de empresas que não iriam renovar o contrato de trabalho a termo ou pretendiam despedir grávidas ou pessoas em licença parental.
Uma manifestação de professores convocada pela Fenprof arrancou hoje, em Lisboa, em direção à sede do Governo, com o secretário-geral da federação sindical a defender ações imediatas para valorizar a carreira docente e suprir a falta de docentes.
O Metropolitano de Lisboa e sindicatos assinaram o novo Acordo de Empresa e que garante o aumento do subsídio de refeição e horários mais reduzidos no subsolo, anunciou fonte sindical.