Comissão da Transparência quer mudança no acesso a informação sigilosa

A Comissão Parlamentar da Transparência prepara-se para alterar a via de acesso a informação considerada sigilosa, como os pedidos de levantamento da imunidade dos deputados, passando a colocar esses processos num computador específico somente destinado a consulta.

© Folha Nacional

Esta mudança foi hoje sugerida pelo presidente da Comissão de Transparência, o dirigente do CHEGA Rui Paulo Sousa, que adiantou ter falado antes sobre este assunto com o líder parlamentar interino do PS, Pedro Delgado Alves, também coordenador dos socialistas na Comissão da Transparência.

Tal como Pedro Delgado Alves, também o coordenador da bancada do PSD, Hugo Carneiro, manifestou alguma abertura tendo em vista a adoção dessa solução para processos classificados como confidenciais.

Na reunião de hoje, Rui Paulo Sousa defendeu que deve ser seguida na Comissão da Transparência, sobretudo em processos sob sigilo provenientes de tribunais, a experiência que teve enquanto presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras.

Nessa comissão parlamentar de inquérito, na anterior Legislatura, existia um “final code”, ou seja, um “software” para acesso dos deputados a informação sob sigilo.

A informação confidencial foi inserida apenas num computador de mesa, num local fixo da Assembleia da República, e somente existia a possibilidade de ser consultada pelos deputados da comissão, sendo impossível a qualquer um deles fazer reencaminhamento ou impressão dos documentos consultados.

Rui Paulo Sousa considerou que essa mudança pode ser importante para que os deputados tenham a partir de agora, “em tempo útil”, acesso a processos relevantes, limitando-se ao mesmo tempo os “riscos de fuga de informação para a comunicação social”.

Na anterior Legislatura, no âmbito da Comissão da Transparência, a tramitação de processos confidenciais motivou várias queixas, já que apenas o relator designado para um processo de levantamento da imunidade de um deputado tinha acesso com alguma antecedência à informação proveniente do tribunal.

De acordo com as regras em vigor na anterior Legislatura, os restantes deputados da comissão só tinham conhecimento da informação constante num determinado processo, assim como da conclusão do respetivo parecer proposto pelo relator, horas antes da votação decisiva do parecer referente ao processo de levantamento da imunidade.

Por isso, na anterior Legislatura, foram frequentes os protestos de deputados de vários partidos sobre falta de tempo para análise antes de serem chamados a decidir em relação a processo considerados complexos.

Na reunião de hoje, começou também a preparar-se o caminho para que a Comissão de Transparência deixe de ter sob a sua alçada diplomas referentes a alterações legislativas, passando desta forma a concentrar-se naquilo que Pedro Delgado Alves caracterizou como componente “executiva”.

Se esta mudança for concretizada, as alterações legislativas vão ficar apenas na Comissão de Assuntos Constitucionais e a Comissão de Transparência concentra-se nas decisões sobre processos de levantamento da imunidade, de incompatibilidades, impedimentos, registo de interesses e código de consulta.

Pedro Delgado Alves, assim como Rui Paulo Sousa, observaram que essa mudança mais se justifica quando o número de deputados efetivos da Comissão de Transparência foi reduzido na presente Legislatura para 12. Quatro do PSD, três do CHEGA, três do PS, um da Iniciativa Liberal e um do Livre.

Também como resultado da redução do número de deputados efetivos, a Comissão de Transparência deverá deixar de funcionar dividida em dois grupos de trabalho distintos.

Na anterior Legislatura, havia o grupo de trabalho para o registo de interesses, que reuniu quase duas dezenas de vezes, e o do código de conduta, que se reuniu poucas vezes.

Últimas de Política Nacional

O Presidente do CHEGA afirmou hoje retirar Portugal da Convenção Europeia, se liderar o Governo e o ex-primeiro-ministro José Sócrates ganhar o processo no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, e assegurou que não lhe pagará qualquer indemnização.
A Comissão Parlamentar da Transparência prepara-se para alterar a via de acesso a informação considerada sigilosa, como os pedidos de levantamento da imunidade dos deputados, passando a colocar esses processos num computador específico somente destinado a consulta.
O Tribunal Constitucional (TC) confirmou, em conferência, a decisão definitiva de perda de mandato do presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, do PS, por uso indevido de um carro deste município do distrito do Porto.
O antigo primeiro-ministro José Sócrates apresenta na terça-feira, em Bruxelas uma queixa-crime contra o Estado português no Tribunal dos Direitos do Homem relativa à Operação Marquês, em que é acusado e se arrasta há 14 anos.
O presidente do CHEGA exigiu hoje a revogação do acordo, no âmbito da CPLP, que permite residência após entrada com visto de turismo ou de estudante, e insistiu na perda da nacionalidade para quem cometa crimes.
O presidente do CHEGA anunciou hoje que vai propor um desagravamento do IRS maior do que o previsto pelo Governo para contribuintes dos escalões da classe média e uma dedução das despesas de habitação até 850 euros.
O CHEGA anunciou hoje que Miguel Corte-Real, de 39 anos, gestor, será o candidato do partido a presidente da Câmara Municipal do Porto nas próximas eleições autárquicas.
O CHEGA vai votar a favor da comissão de inquérito à gestão do INEM proposta pela IL, e quer também uma auditoria “independente completa” aos serviços de saúde que abranja os últimos 10 anos.
O Parlamento aprovou hoje o pedido de urgência do Governo para apreciação da proposta de lei do Governo sobre IRS, apenas com a abstenção do PCP.
Apesar de o Governo ter “dado razão ao CHEGA” na imigração, as medidas ficam aquém. Ventura não poupa nas críticas e acusa o Executivo de “andar a reboque” das ideias que o CHEGA defende há anos.