Viana pode (e deve) tornar-se a capital do empreendedorismo do Alto Minho

Viana do Castelo tem tudo para ser mais do que um postal turístico do norte de Portugal. Tem localização estratégica, talento local, cultura viva, proximidade com a Galiza, instituições de ensino técnico e superior, e uma juventude com ideias – ainda que, muitas vezes, sem espaço ou apoio para as concretizar.

Enquanto empresário e jovem atento à realidade do Alto Minho, tenho percebido, na prática, o potencial que existe na nossa terra. Mas também observo os bloqueios que continuam a travar a ambição de quem quer crescer e investir em Viana. Falo de uma burocracia desnecessária, de uma política municipal muitas vezes voltada para o adorno e não para a estrutura, e de uma mentalidade institucional que ainda teme a ousadia do novo.

Viana não pode viver apenas do passado nem da promessa constante de grandes eventos. É preciso criar condições reais para que os jovens empreendedores possam aqui fixar os seus projetos, criar postos de trabalho, valorizar os recursos locais e, acima de tudo, fazer com que o talento deixado pelas escolas e universidades não se perca em direcção ao Porto ou a Lisboa.

Temos condições para isso? Temos. O que falta é vontade de colocar o empreendedorismo no centro da estratégia municipal. Faltam espaços acessíveis para incubação de empresas, políticas fiscais locais amigas do investimento, programas sérios de mentoria e incentivo à criação de negócios em áreas que fazem sentido para a região: mar, agro-indústria, turismo sustentável, moda, tecnologia e comércio de proximidade.

Além disso, é necessário reconectar o tecido empresarial tradicional com as novas gerações. A experiência e o capital existem. As ideias e a energia também. Mas há uma ponte que precisa de ser construída entre esses dois mundos, porque nenhum futuro se edifica isolado.

Se Viana quiser afirmar-se como uma verdadeira referência no Alto Minho, precisa de atrair e reter os seus próprios talentos. Precisa de deixar de ser uma cidade onde se nasce e se parte, para passar a ser uma cidade onde se decide ficar, investir e construir.

O caminho não depende apenas do poder político. Depende também de nós — da nossa capacidade de propor, de colaborar, de não desistir. Acredito que é possível. E acredito que vale a pena.

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